Política

Proposta quer acabar com foro privilegiado no ES

Medida afetaria o governador, vice-governador, deputados estaduais, juízes promotores, defensores públicos e secretários de Estado que atualmente são julgados em instâncias superiores

Proposta quer acabar com foro privilegiado no ES Proposta quer acabar com foro privilegiado no ES Proposta quer acabar com foro privilegiado no ES Proposta quer acabar com foro privilegiado no ES
Foto: Reprodução/Facebook
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Uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) protocolada na última quarta-feira (9) na Assembleia Legislativa pode acabar com a prerrogativa de foro privilegiado no Espírito Santo. A medida afetaria o governador, vice-governador, deputados estaduais, juízes promotores, defensores públicos e secretários de Estado que atualmente são julgados em instâncias superiores.

De autoria do deputado Enivaldo dos Anjos (PSD), a PEC 2/2018 quer agilizar a restrição do foro por prerrogativa de função a essas autoridades, seguindo exemplo de decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que restringiu esse benefício para as autoridades federais, em decisão tomada no início do mês.

Se a PEC for aprovada, todas as ações contra autoridades e mandatários de órgãos públicos estaduais deverão ser impetradas em primeira instância; ao se tornar réu no processo, o julgamento será feito monocraticamente (por um só juiz) da primeira instância.

A PEC elaborada por Enivaldo é mais rigorosa, e não prevê, em nenhuma hipótese, no caso de agentes políticos estaduais, possibilidade de tramitação e julgamento do processo em esfera de tribunal, ainda que a infração tenha sido cometida em razão do mandato e no período de sua vigência.

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A PEC altera a redação do parágrafo 1º do artigo 51 da Constituição Estadual, que trata do foro, e foi subscrita por mais 10 deputados: Marcelo Santos (PDT), Amaro Neto (PRB), José Esmeraldo (MDB), Freitas (PSB), Theodorico Ferraço (DEM), Almir Vieira (PRP), Eliana Dadalto (PTC), Bruno Lamas (PSB), Marcos Bruno (Rede) e Sandro Locutor (Pros).


Igualdade perante a lei

Para Enivaldo, o fim do foro especial é uma demanda da sociedade brasileira e está sendo amplamente debatido em todo o País. Conforme o deputado, ninguém mais aguenta ver uma classe de privilegiados perante a Justiça, quando o próprio artigo 5º da Constituição Federal diz que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.

“Queremos que as autoridades capixabas que cometerem crimes, sejam eles quais forem, sejam julgados na primeira instância”, defendeu.

Fim de regalia

Os deputados federais e os senadores eleitos pelo Estado já perderam parte dessa regalia com a decisão do STF tomada no último dia 3 de maio. Eles agora só serão julgados na Corte Suprema, caso cometam crimes, se as infrações penais ocorrerem em razão da função parlamentar e durante o mandato.

Caso contrário, o processo será remetido para a primeira instância da Justiça, conforme acontece com qualquer cidadão comum.

O que diz a PEC

De acordo com a PEC, o parágrafo 1º do artigo 51 da Constituição Estadual passará a ter a seguinte redação: “Não haverá no Estado do Espírito Santo foro especial por prerrogativa de função, devendo as ações em face de todas as autoridades e/ou mandatários e órgãos públicos, sem exceção, serem impetradas e julgadas em 1ª instância, sem prejuízo dos recursos legais e constitucionais cabíveis após o julgamento”.

Tramitação

A PEC tem prioridade sobre outros projetos em tramitação no Legislativo e precisa ser aprovada em dois turnos por 3/5 dos deputados (18 votos). O artigo 21 do Regimento Interno da Casa prevê intervalo mínimo de duas sessões ordinárias entre as duas votações.

Uma diferença fundamental em relação a outros projetos é que sua aprovação representa sua aplicação imediata, sem necessitar sanção governamental, bastando apenas a promulgação pela Mesa Diretora da Casa e a sua publicação do Diário Oficial do Poder Legislativo.

Conforme a assessoria de Enivaldo dos Anjos, a apresentação da PEC não invalida a criação de Comissão Especial (CE) proposta por ele há poucos dias para debater o fim do foro privilegiado no Estado.

Ainda de acordo com a assessoria, o deputado percebeu a necessidade de apresentar logo a PEC para não alongar muito a discussão de um tema, que conta com apoio de praticamente todos os brasileiros.