
Por 5 votos a 2, além de uma abstenção, a Câmara de Recursos do PT Nacional negou o pedido de anulação do Processo de Eleição Direta (PED) de Cariacica.
O pedido foi feito pela chapa “A Estrela tem que brilhar”, encabeçada pela vereadora de Cariacica Açucena (PT), que além da anulação da eleição, também pediu a instauração de processo disciplinar contra a chapa “Construindo uma nova Cariacica” e a expulsão do líder da chapa, o petista Luiz Carlos Gaurink, do partido.
O pleito de Açucena foi acatado pelo diretório estadual, por 9 votos contra 2. A chapa de Gaurink, então, entrou com recurso e o imbróglio foi enviado para a instância nacional. Em caráter terminativo, a chapa de Gaurink saiu vencedora, com todos os pedidos feitos pela chapa adversária, negados.
A Câmara de Recursos analisou o recurso com relação ao processo eleitoral em Cariacica e, por 5 votos a favor, 2 contrários e 1 abstenção, portanto de forma terminativa, decidiu dar provimento ao recurso, validando o resultado do PED em Cariacica”, diz a publicação do resultado, segundo informou a presidente estadual do PT, a deputada federal Jack Rocha.
Recurso após eleição
Na eleição interna do PT, que ocorreu no último dia 6, a chapa de Açucena perdeu a eleição para a chapa de Gaurink. Ele foi reeleito. No dia 10, a chapa entrou com recurso, alegando que durante a votação “foram constatadas irregularidades que violam os princípios da ética partidária, da fidelidade política e da disciplina interna do partido”.
A chapa de Açucena também alegou que houve interferência externa no processo eleitoral: “O que se verificou foi uma coordenada interferência externa no processo eleitoral promovida por agentes políticos vinculados a outros partidos, como o Partido Verde (PV), quem em Cariacica se coloca no campo de oposição ao PT, bem como por integrantes da atual administração municipal de Cariacica”.
O documento também fez denúncias de propaganda antecipada e ataques em grupos de WhatsApp contra lideranças petistas.
“Além dessas práticas, promoveu-se propaganda antecipada, ofensiva e intervencionista por meio de grupo de WhatsApp público, onde foi anunciada a intenção de interferir nas eleições do PT, proferindo ataques às lideranças históricas do partido antes e após o encerramento do PED. Ao entrar com recurso, os representantes da chapa acreditam que essa intervenção não se deu de forma isolada, havendo indícios de vínculos políticos notórios em explícita afronta à candidatura de Açucena à presidência do PT municipal”, diz trecho do recurso.
Embora não tenha citado no documento, nos bastidores, a interferência externa teria como responsável o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB).
Oposição política
Açucena faz parte da mesma chapa que os deputados João Coser e Iriny Lopes, que venceram a disputa estadual. Gaurink era da chapa da atual presidente, Jack Rocha, que deixa o comando do partido no mês de setembro.
Assim como Coser e Iriny, Açucena também foi apoiada pelo senador Fabiano Contarato e pelo deputado federal Helder Salomão, que é ex-prefeito de Cariacica e adversário de Euclério.
Açucena também é a única vereadora, na Câmara de Cariacica, a fazer oposição ao prefeito. Portanto, ter o comando do partido no município poderia lhe dar maior visibilidade nas críticas, o que não foi visto com bons olhos pelo grupo do prefeito.
Procurado pela coluna, Euclério não quis se manifestar sobre a eleição interna do PT, dizendo apenas que o comando atual do PT no município não atrapalha a cidade.
Porém, sua suposta influência na eleição interna do PT foi elogiada e comemorada pelo deputado estadual Denninho Silva (União), durante sessão na Assembleia na semana seguinte ao pleito. Denninho é sobrinho e aliado de primeira hora de Euclério.
Como a decisão foi de caráter terminativo, vale o que foi definido na eleição: Gaurink fica no comando do PT de Cariacica pelos próximos quatro anos.
Gaurink: “Não sabe perder uma eleição”
Gaurink comemorou o resultado e fez duras críticas ao grupo do PT adversário. “Nós ganhamos a eleição, a chapa, e lamentavelmente o PT que é comandado pelo grupo do Helder, da Iriny e da Açucena não sabe perder uma eleição e ingressou com pedido de anulação da eleição e minha expulsão. Eu ajudei a construir o partido”, disse o presidente.
Ele disse que há, internamente, uma pressão na formação do partido e que pretende defender as bandeiras do PT, mas com diálogo e coerência.
“Não querem deixar as lideranças formarem o Partido dos Trabalhadores. Quero formar um PT orgânico, democrático, que vai para a luta, defendendo as bandeiras do partido, mas com coerência e diálogo, ampliando o espaço para construir 2026 e 2028”, disse Gaurink.
Sobre a alegação de interferência externa na eleição, Gaurink negou. “Não houve interferência do prefeito, com todo o respeito à administração. O que ocorreu foi que diversos militantes do PT estavam insatisfeitos com as gestões anteriores”, afirmou.
Procurada para também se manifestar, a assessoria de imprensa da vereadora Açucena ainda não retornou.