Política

Reforma ainda não ‘corta’ na própria carne

Reforma ainda não ‘corta’ na própria carne Reforma ainda não ‘corta’ na própria carne Reforma ainda não ‘corta’ na própria carne Reforma ainda não ‘corta’ na própria carne

Brasília, 31/10/2015 – Anunciado pela presidente Dilma Rousseff como uma demonstração de que o governo também tinha a intenção de “cortar na própria carne” neste período de crise, a reforma administrativa completa um mês na segunda-feira (2)sem que o governo consiga apresentar um dado concreto que signifique economia conquistada com o pacote. Um dos objetivos da reforma era reforçar o argumento do governo para convencer a base aliada a aprovar medidas que aumentam impostos.

As principais medidas – o corte de 3.000 cargos comissionados e a extinção de 30 secretarias nos ministérios – foram adiadas para evitar problemas na base aliada em um momento em que a ameaça do impeachment é retomada. A Comissão Permanente da Reforma do Estado, idealizada para discutir formas de manter a estrutura do governo “mais eficiente”, até o momento não teve nem sequer uma reunião. A iniciativa de criar uma central de automóveis por ministérios, com vista a reduzir e otimizar a frota, ainda está em estudo. Já a venda de imóveis também não ocorreu. Nenhum foi vendido. A previsão é de que neste mês ocorram os primeiros leilões.

O governo também pretende apresentar apenas em 15 de janeiro o resultado das medidas que já saíram do papel estabelecendo a redução de 20% dos gastos com serviços em geral. Dentro desse cronograma também estão os dados referentes à revisão de contratos de serviços terceirizados e a revisão de todos os contratos de aluguel do governo.

CPMF

O pacote foi anunciado no dia 2 de outubro, quando Dilma reuniu no Palácio do Planalto ministros, governadores, líderes partidários e da base aliada do governo para divulgar as medidas. À época, havia a expectativa de que com ela estaria formado o discurso de que o governo aplica o ajuste dentro da própria administração, o que possibilitaria convencer o Congresso a aprovar as medidas impopulares, com a recriação da CPMF. O problema é que esse esperado efeito político do pacote também não aconteceu.

Projetos como o que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU) e o que prevê a repatriação de recursos do exterior ainda patinam na Câmara, conduzida pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos principais adversários do Planalto. Atualmente, a proposta da DRU está em análise na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) e a votação do texto da repatriação foi adiada após falta de acordo no plenário.

Na lista de prioridades do governo, a recriação da CPMF também não deve avançar neste ano nas duas Casas. “A reforma ministerial ainda não refletiu nas votações que são importantes no Congresso”, admitiu o líder do governo do Senado, Delcídio Amaral (PT-MS).

Para o petista, há um represamento das principais propostas de interesse do governo na Câmara em razão da falta de diálogo entre o Palácio e o deputado Eduardo Cunha. “Defendo que o governo dialogue com a Câmara, precisa conversar com o Eduardo Cunha para estabelecer essa pauta. Não podemos fechar esse ano sem votar matérias vitais para a economia do País.”

Líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) minimiza os entraves encontrados mesmo após a reforma ministerial. “Para nós, até o final do ano, votamos a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a Lei Orçamentária, a DRU e a repatriação. Fazendo isso já avançamos 80%”, disse. O deputado não estabeleceu o mesmo calendário, porém, para a votação da CPMF. “Ela interessa muito mais aos Estados que estão quebrando. Os governadores terão se envolver nisso”, afirmou.

Preocupados com a falta de avanços das propostas de interesse do governo, novos gestos de aproximação com Eduardo Cunha teriam sido discutido no Palácio do Alvorada na última quinta-feira, em encontro que teve a participação do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e o ex-presidente Lula.

Diante da proximidade do fim das atividades no Congresso, o próprio ex-presidente deve entrar em campo em meados de novembro. A expectativa é que ele, na ocasião, se encontre tanto com Cunha quanto com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). As informações são do jornal O Estado de S.Paulo