Política

Regulamentação da lei Anticorrupção deve discutir papel da CGU, dizem juízes

Regulamentação da lei Anticorrupção deve discutir papel da CGU, dizem juízes Regulamentação da lei Anticorrupção deve discutir papel da CGU, dizem juízes Regulamentação da lei Anticorrupção deve discutir papel da CGU, dizem juízes Regulamentação da lei Anticorrupção deve discutir papel da CGU, dizem juízes

Brasília – Integrantes do Ministério Público junto ao TCU e técnicos da corte se reuniram nesta quarta-feira, 24, com a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) para discutir a aplicação da Lei Anticorrupção, que está em vigor desde janeiro de 2014, mas que ainda não foi regulamentada.

O encontro ocorreu em um momento em que os acordos de leniência regidos pela lei são alvo de polêmica entre autoridades envolvidas com a Operação Lava Jato. Integrantes do Ministério Público afirmam que a Controladoria Geral da União (CGU), órgão do governo federal, deveria se abster de propor acordos às empresas acusadas de desvios na Petrobrás e deixar essa tarefa apenas para os promotores. Segundo eles, a entrada em cena da CGU pode desestimular as empresas a colaborarem com o MP, com a Justiça e com a Polícia Federal, que já atuam na Lava Jato.

De acordo com o procurador Júlio Marcelo de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional do MP de Contas, o encontro com a Ajufe faz parte de um esforço para reunir pessoas qualificadas e capazes de participar da elaboração da regulamentação da lei – que deve ser feita por decreto do Poder Executivo. “Os acordos de leniência [da CGU] têm como consequência uma interferência do Poder Executivo em questões jurídicas”, afirma Oliveira.

O presidente da Ajufe, o juiz federal Antonio César Bochenek, afirma que sua categoria ainda vai discutir como se posicionar sobre a questão, mas que é preciso analisar se existe mesmo interferência do Executivo no Judiciário com os acordos da CGU. “Ainda não se pode dizer se somos contra ou se somos a favor [a CGU fazer acordos]. Vamos analisar essa possibilidade. O grande imbróglio é que há uma questão já na Justiça, um processo judicial já em curso, e aí vem a participação da CGU. Até que ponto isso interfere ou não no Poder Judiciário”, afirma o juiz.

Participaram da reunião, além de Oliveira e de Bochenek, representantes dos sindicatos dos auditores de controle externo do TCU, dos auditores dos tribunais de contas do Brasil e da Associação Contas Abertas, instituição da sociedade civil que se dedica a analisar a execução do orçamento público.