Política

Relator de projeto que altera repatriação diz que Câmara manterá prazo de adesão

Relator de projeto que altera repatriação diz que Câmara manterá prazo de adesão Relator de projeto que altera repatriação diz que Câmara manterá prazo de adesão Relator de projeto que altera repatriação diz que Câmara manterá prazo de adesão Relator de projeto que altera repatriação diz que Câmara manterá prazo de adesão

Brasília – Atendendo a um pedido do governo, o relator na Câmara do projeto que flexibiliza as regras do programa de repatriação de recursos enviados ilegalmente ao exterior, deputado Alexandre Baldy (PTN-GO), desistiu de propor alteração do prazo de adesão ao programa em vigor (31 de outubro deste ano). Com a decisão, escritórios de advocacia e a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) tentarão mudar a data no Senado, para onde a proposta seguirá após ser aprovada pelos deputados.

O texto do projeto foi fechado nesta segunda-feira, 26, durante reunião entre Baldy, advogados, representantes da Febraban e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O encontro ocorreu na residência oficial da Presidência da Câmara, em Brasília. A ideia é apresentar o texto para os líderes partidários durante esta semana, para que o projeto possa ser votado no plenário da Casa na próxima semana, após o primeiro turno das eleições municipais.

O relator queria estender o prazo de adesão do programa de repatriação para 16 de dezembro, sob o argumento de que os contribuintes precisam de mais tempo para se adaptar às novas regras do programa que serão votadas na Câmara. Em reunião nesse domingo, 25, porém, o presidente Michel Temer (PMDB) e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, se posicionaram contra a mudança. Os governadores, que receberão parte da arrecadação com repatriação, também eram contra a alteração do prazo.

Pelo acordo, o texto do projeto que será votado na Câmara vai deixar claro que os 30% de Imposto de Renda e multa que serão cobrados para quem quiser regularizar os recursos enviados ilegalmente ao exterior serão cobrados apenas sobre o saldo do contribuinte existem em 31 de dezembro de 2014, e não sobre tudo o que foi enviado ilegalmente para o exterior ao longo do tempo, como diz a lei. Com isso, os contribuintes pagarão menos impostos.

A novidade é que os deputados decidiram criar um mecanismo de retroatividade, ao estabelecer que, no caso de o contribuinte não ter saldo nesta data, o IR e a multa incidirão sobre o saldo existente em 31 de dezembro de 2013. Caso não haja saldo nessa data, a tributação vai até 31 de dezembro de 2011. A partir desta data, o entendimento é de que o contribuinte tem que declarar o que tem, mas não haverá incidência de tributação.

Alexandre Baldy afirmou ainda que não incluirá no projeto o fim da proibição para que políticos, autoridades públicas e seus parentes possam aderir ao programa. Ele admitiu, porém, que o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, vai apresentar uma emenda no plenário para acabar com a trava, que foi incluída na reta final da votação do projeto da repatriação, no fim do ano passado, para impedir que parlamentares e políticos com cargos envolvidos na Operação Lava Jato fossem beneficiados.

Caso a Câmara não aprove o fim da proibição, parlamentares envolvidos na articulação das mudanças apostam que o Supremo Tribunal Federal (STF) terá de decidir a questão. O Solidariedade, partido presidido por Paulinho, entrou com Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) na Corte, no início de setembro, questionando a proibição. O argumento é de que a Constituição estabelece que todos os brasileiros devem ser iguais perante a lei, apesar de a maioria políticos ter foro privilegiado.