Política

Relatório cita 'indivíduo Desirre', aliado de Temer, em operação suspeita

Relatório cita ‘indivíduo Desirre’, aliado de Temer, em operação suspeita Relatório cita ‘indivíduo Desirre’, aliado de Temer, em operação suspeita Relatório cita ‘indivíduo Desirre’, aliado de Temer, em operação suspeita Relatório cita ‘indivíduo Desirre’, aliado de Temer, em operação suspeita

Brasília e São Paulo – Relatório da Operação Cui Bono? (A quem beneficia?), deflagrada nesta sexta-feira, 13, cita o atual vice-presidente de Governo da Caixa, Roberto Derziê de Sant’Anna, aliado do presidente Michel Temer, como envolvido no esquema de corrupção que teria predominado no banco público sob comando do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e do ex-ministro Geddel Vieira Lima, ambos do PMDB.

Na análise de mensagens recuperadas de um celular encontrado na residência de Cunha, durante a Operação Catilinária, os investigadores encontraram menção a “Desirre”, codinome atribuído a Derziê.

Conforme a PF, Cunha e Geddel mencionam o aliado de Temer como um dos servidores da Caixa que ajudariam a liberar R$ 50 milhões para empresas do Grupo Constantino. A operação renderia propinas ao grupo investigado.

Na época dos diálogos, em 2012, Derziê era diretor-executivo de Pessoa Jurídica da Caixa. Depois de exercer essa função, foi nomeado secretário-executivo da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), em 2015, no período em que Temer, ainda como vice-presidente, assumiu a pasta, responsável pela articulação política com o Congresso.

Derziê deixou a função para ocupar a vice-presidência de Riscos da Caixa, mas foi exonerado em abril de 2016 pela então presidente Dilma Rousseff, em reação à adesão de Temer e do PMDB ao impeachment. Em dezembro passado, o governo do atual presidente o reincorporou à cúpula do banco. Na época, a nomeação chegou a ser questionada, nos bastidores, diante de rumores de que Derziê era citado em investigações.

Nas mensagens, Cunha e Geddel tratam de pendências para a liberação dos R$ 50 milhões à Oeste Sul Empreendimentos Imobiliários e à Comporte Participações, empresas do Grupo Constantino, do empresário Henrique Constantino.

“Oeste Sul, o desirre não atende o Henrique e não resolve”, escreveu Cunha, em 3 de outubro de 2012, ao que Geddel respondeu: “Está em São Paulo. Vai ligar (sic) para ele agora. Mas ainda é aquela questão das garantias”. Cunha prosseguiu: “E mas (sic) para resolver como vc falou”. “Ele vai ligar p Henrique agora. Já tou vendo Marfrig”, escreveu Geddel.

Ao analisar as mensagens, a PF concluiu: “Depreende-se que Eduardo Cunha estaria informando Geddel que o empresário Henrique Constantino não estaria conseguindo comunicação com Roberto Derziê de Sant’Anna, diretor-executivo de Pessoa Jurídica da CEF”. Os investigadores registram ainda: “Logo em seguida, Geddel reporta a Eduardo Cunha que Derziê já ligou para ‘HC’ (Henrique Constantino) e verifica se o assunto se trata de R$ 50 milhões”.

Defesas

Secretaria de Comunicação da Presidência – A Secretaria de Comunicação da Presidência informou que Roberto Derziê de Sant’Anna foi indicado ao cargo de secretário-executivo da Secretaria de Relações Institucionais, durante a gestão de Temer, por Geddel Vieira Lima, que tinha com ele uma boa relação e o “elogiava”. Conforme a secretaria, a única ligação do presidente com ele foi a profissional, naquele período.

Caixa – Alvo da Polícia Federal, que fez buscas no edifício-sede da instituição, em Brasília, a Caixa informou, em nota, que “presta irrestrita colaboração com as investigações”.

“Em relação à Operação da Polícia Federal realizada nesta sexta-feira (13 de janeiro) e no que diz respeito à CAIXA, esclarecemos que o banco está em contato permanente com as autoridades, prestando irrestrita colaboração com as investigações, procedimento que continuará sendo adotado pela CAIXA.”

J&F – “Todas as relações da J&F e de suas empresas com a Caixa Econômica Federal e com bancos públicos em geral são feitas sempre de forma profissional e na mesma forma de concorrência e tratamento com instituições privadas – ou seja, relações comerciais transparentes, abertas e legais.

A J&F tem o máximo interesse no esclarecimento de todos os fatos que por vezes colocam em dúvida a transparência e lisura de seus negócios. Pois, afinal, tais acusações provocam imensos danos às nossas marcas e reputação.”

JBS – “A JBS informa que não foi alvo da operação Cui Bono? realizada hoje pela Polícia Federal e não foi notificada sobre a decisão judicial referente à essa operação. A empresa pauta suas relações na ética e profissionalismo e tem convicção da regularidade das suas práticas. A Companhia ressalta ainda que sempre atuou de forma transparente e todas as suas atividades são realizadas dentro da legalidade.”