Entrevista

Rose: Disputa ao Senado "de corpo e alma" e surpresa com Euclério

Ex-senadora quer voltar ao antigo posto, avalia a possibilidade de uma dobradinha com Casagrande e reage à pré-candidatura de prefeito

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Rose de Freitas durante sessão no Senado, em 2022 (foto: Roque de Sá/Agência Senado)
Rose de Freitas durante sessão no Senado, em 2022 (foto: Roque de Sá/Agência Senado)

A ex-senadora Rose de Freitas (MDB) quer voltar a ter um assento no Senado Federal. Sem mandato desde o final de 2022, quando perdeu a reeleição para o senador Magno Malta (PL), Rose disse que está com disposição para entrar de “corpo e alma” na disputa, que tem agitado o cenário político capixaba.

Numa breve entrevista à coluna De Olho no Poder, concedida no intervalo entre uma reunião e outra em Brasília, a ex-senadora – que atualmente é assessora parlamentar da presidência do Senado – confirmou a pré-candidatura, descartou trocar de legenda e disse ter visto com surpresa o lançamento do prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), também para a disputa ao Senado.

“Não vou dizer que não foi uma surpresa. Tinha recebido um apoiamento público do Euclério, depois ele colocou o nome dele. Respeito, obviamente, sempre vou respeitar”, disse a correligionária.

Rose ainda vai tratar com o presidente estadual do MDB, o vice-governador Ricardo Ferraço, sobre a eleição e avaliou a possibilidade de uma dobradinha com o governador Renato Casagrande (PSB) – também cotado para disputar uma das duas cadeiras do Senado que estarão em jogo.

Em 2022, Casagrande apoiou Rose de Freitas, que foi o nome do grupo ao Senado. Para o ano que vem, o meio de campo está embolado, com muitos aliados de olho na segunda cadeira e sem garantias, ainda, da bênção do Palácio Anchieta para ninguém.

Rose, porém, aposta no seu recall político, na expressiva votação que recebeu em 2022 (747.104 votos) e nas bandeiras do municipalismo e do protagonismo feminino na política para viabilizar seu nome para a disputa.

Veja abaixo a entrevista completa:

DE OLHO NO PODER – A senhora vai disputar o Senado no ano que vem?

ROSE DE FREITAS – Eu sou pré-candidata ao Senado. Estou levando em consideração a provocação que tenho tido de muitos municípios, instituições, do povo de uma maneira geral. É um assunto que eu me dediquei a pensar, me dei dois meses para pensar, analisei e, assim, sem atacar qualquer pessoa, dizer que nós precisamos de mais presença no Senado para fazer valer a representatividade necessária para melhorar nossas políticas públicas, num esforço conjunto. Então, eu aceitei a proposta que foi trazida por vários prefeitos e segmentos e aceitei a me colocar como pré-candidata, sim.

A senhora pretende continuar no MDB?

Pretendo, o MDB é o meu partido. Por que não continuaria?

Pergunto porque o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio, que é do MDB, também se colocou como pré-candidato ao Senado e está se movimentando, atraindo apoiadores…

Se eu fosse a fundo agora e fizesse um chamamento das pessoas que me impulsionaram para essa posição, ficaria uma vitrine à disposição de apoiamento. Mais importante que os apoiamentos é o debate popular que você provoca, que é um processo democrático. Tem que dar a permissão para que todos se manifestem.

Euclério com Max Filho, Jorge Carreta e Wanderson Bueno: apoios para o Senado (crédito: divulgação)

Não vou dizer que não foi uma surpresa. Tinha recebido um apoiamento público do Euclério, depois ele colocou o nome dele. Respeito, obviamente, sempre vou respeitar. Acho que deve ser uma vontade grande de ser senador. Eu mesmo já cogitei o nome dele como pré-candidato a governador, como Arnaldinho, como o próprio Pazolini está se colocando, como o próprio Ferraço já se colocou.

Mas ele fez essa opção de colocar a pré-candidatura dele, eu não vou questionar como vai deixar Cariacica, porque todo mundo vai deixar algum lugar, alguma coisa conquistada para tentar conquistar outra. Mas, ele tem todo o meu respeito.

Eu quero discutir a minha pré-candidatura sob todos os pontos de vista. Como mulher, porque está faltando mulher na política capixaba, como também em nível nacional. A gente briga muito para que as mulheres estejam no espaço de poder. Não é brincadeira, não é fácil. Você vê um discurso e não percebe que atrás dele tem atitudes extremamente machistas. Vai caber a mim mesma lembrar sempre do papel importante que as mulheres desempenham nas lutas políticas e a grande briga que travam.

E o outro ponto seria o municipalismo?

Eu, aqui em Brasília, continuo trabalhando pelo municipalismo. Eu estava preparada para ir embora (para Vitória), mas segunda tem uma reunião para debater o Orçamento que já foi enviado. Estou ficando por causa disso.

A senhora chegou a tratar com Ricardo Ferraço, que preside o MDB, sobre a disputa ao Senado? E com o governador, teve alguma reunião?

Não, com o governador eu estou para me reunir, qualquer hora dessa. Com o Ricardo eu já pedi uma reunião. Na época que eu marquei, eu mesmo desmarquei porque começou a ter uma grande ameaça aqui de não votar o Orçamento e eu me dediquei a isso. Mas, hoje mesmo (ontem, dia 5) eu falei com minha secretária e ela fez um pleito lá. Estou aguardando, na hora que ele estiver um espaço na agenda dele, tenho certeza que nós vamos conversar.

Sua intenção é fazer uma dobradinha com Casagrande? Porque ele também é pré-candidato ao Senado…

Isso é uma coisa que precisa ser desmistificada, porque é uma candidatura majoritária. Minha mobilização é sempre com a sociedade, eu tenho que ter voz para ela e a sociedade precisa se expressar acerca das oportunidades que tem para alcançar uma representatividade tão importante quanto o Senado Federal.

Acho assim: não necessariamente todas as pessoas têm que estar comungando das mesmas candidaturas. É lógico que, me daria muito prazer ser candidata ao lado do Renato Casagrande, mas eu não posso com isso desestimular que outras pessoas, também representativas, se coloquem nessa posição.

Então, ainda não tivemos essa conversa, mas em breve teremos, porque acima da candidatura dele e da minha também está a candidatura do Governo do Estado. Esse assunto tem que ser debatido também.

Está acompanhando a discussão sobre a federação do MDB com o Republicanos? Está avançando ou está parada?

Estou acompanhando. Ontem (04) fiz uma reunião com Baleia Rossi (presidente nacional do MDB) e, assim, já esteve mais avançada, depois zerou. Voltou a avançar e agora zerou de novo. Não tem sinal de que essa conversa é profícua mesmo, hoje a resposta seria: ninguém sabe.

E o Baleia Rossi apoia sua candidatura ao Senado?

Não posso empurrar pra cima do presidente uma disputa regional. Ele sempre foi um entusiasta do meu mandato e sempre recebi dele todo o apoio. Presidi a Comissão do Orçamento, estive nas principais comissões da Casa.

De 0 a 10, como está sua disposição para disputar o Senado?

Dez, com certeza. Voltar a representar o Espírito Santo, lutar para que isso aconteça… Porque eu fui a primeira política municipalista do Congresso. E depois, numa avaliação nacional, fui considerada uma das melhores senadoras. Não posso ir para uma luta dessa se não tiver de corpo e alma.

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Fabiana Tostes

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.