Política

'Se fosse votada hoje, lista fechada não passaria', diz Vicente Cândido

Ele afirmou que, com a necessidade de derrubar o custo das campanhas e a ausência do financiamento empresarial, não há outro caminho para o Brasil se não a lista fechada

‘Se fosse votada hoje, lista fechada não passaria’, diz Vicente Cândido ‘Se fosse votada hoje, lista fechada não passaria’, diz Vicente Cândido ‘Se fosse votada hoje, lista fechada não passaria’, diz Vicente Cândido ‘Se fosse votada hoje, lista fechada não passaria’, diz Vicente Cândido
O deputado vai propor em seu relatório que o financiamento das campanhas seja público (Foto: Valter Campanato – Agência Brasil)

Brasília – O deputado federal Vicente Cândido (PT-SP), relator da reforma política na comissão especial da Câmara, afirmou em entrevista ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, que sua proposta de estabelecer o voto em lista fechada para as próximas eleições não seria aprovada no Congresso se a votação fosse hoje. Mesmo assim, o deputado espera que os colegas e a sociedade sejam convencidos e aprovem a medida no mês de maio na Câmara.

“Hoje não passa. Mas, como não temos outro caminho e também não estamos inventando a roda, porque isso já existe em mais de 80% do mundo democrático, conseguiremos votar tanto na comissão quanto no plenário com um debate bem feito”, afirmou o deputado. Cândido participa nesta sexta-feira, 24, de um debate organizado pelo PT para discutir a Operação Lava Jato.

Ele afirmou que, com a necessidade de derrubar o custo das campanhas e a ausência do financiamento empresarial, não há outro caminho para o Brasil se não a lista fechada. “Se votasse hoje, não passaria a lista fechada. Mas a necessidade é urgente, para encaixar nas condições brasileiras o financiamento público, temos que derrubar radicalmente o custo de campanha, a lista fechada é o único caminho neste momento”, falou.

O deputado vai propor em seu relatório que o financiamento das campanhas seja público, dando espaço para que cidadãos doem no máximo um salário mínimo para uma candidatura. Além disso, ele disse que vai propor no parecer que o mesmo limite seja determinado para o autofinanciamento de candidatos.

Cândido disse que o sistema de lista fechada não é uma articulação para proteger investigados na Operação Lava Jato, como foi aventado. “Isso é um argumento que não para em pé. A questão da Lava Jato é um momento conjuntural do Brasil. Se eu for legislar para um País para 30, 50 anos, baseado apenas no momento conjuntural eu não consigo fazer nada”, afirmou.

Perguntado sobre se a lista fechada blinda investigados, o deputado questionou. “E a outra não?”, fazendo referência ao sistema atual. Segundo ele, eleitores votam hoje em um candidato, elegem outros sem saber e esquecem em pouco tempo em quem votaram.

O deputado afirmou que vai ser possível esclarecer a população sobre o voto em lista fechada e dar condições de aprovar a proposta já para as eleições de 2018. “A sociedade não entendeu até hoje o sistema atual”, argumentou. “Nós vamos exigir dos partidos mecanismos democráticos de transparência. A lei vai dizer isso. A sociedade vai entender muito rápido, não vamos subestimar a inteligência da sociedade”, afirmou.

Também no parecer, Cândido vai propor que seja exigido do partido a apresentação de um programa para o legislativo e os currículos dos candidatos no registro das candidaturas. “Isso é fortalecer os partidos como instrumento único da democracia”, justificou.

A lista fechada não é consenso nem no próprio partido de Cândido, segundo parlamentares petistas ouvidos pelo Broadcast Político nesta sexta-feira. “Eu sou contra. [Se a mudança for aprovada] tem de estabelecer como os partidos vão ordenar a lista”, disse o deputado federal Paulo Teixeira (SP). Já Marco Maia (RS) afirmou que PT discutiu em congressos anteriores a adoção desse sistema no Brasil e que o tema deve ser aprovado pelos parlamentares, por mais que haja alguma divergência.