O delegado do Departamento da Polícia Federal em São Mateus, Leonardo Guimarães, explicou o que levou à deflagração da “Operação Eco da Fraude”, que prendeu, nesta quinta-feira (21), o secretário de Cultura da Prefeitura de Pedro Canário, Fúlvio Trindade de Almeida.
A investigação trata de supostos crimes de corrupção, fraude em licitações e lavagem de dinheiro que pode ter resultado em prejuízo de R$ 707 mil.
Segundo o delegado, em entrevista à TV Vitória, foram identificados pagamentos feitos por empresários diretamente ao agente público.
“A prefeitura (via Secretaria Municipal de Cultura) contratava uma empresa e essa empresa, na verdade, não era a responsável pela execução do contrato. Quem executava o contrato era um terceiro que tinha contato direto com o secretário”, explicou Guimarães.
A apuração indica que este terceiro que executava o contrato realizava transferência de recursos, sem uma causa legal para isso, para o secretário. Por isso, a empresa era favorecida nos processos licitatórios.
O delegado ainda informou que a empresa contratada sem capacidade de executar o serviço está envolvida em outros supostos esquemas de corrupção investigados.
É uma empresa que está envolvida em outros esquemas de corrupção que estão sendo apurados e já são de conhecimento também de todos aqui na região. Até o próprio secretário sabia desse envolvimento. Mesmo assim, a empresa permanecia sendo contratada, permanecia recebendo recursos públicos, acrescentou o delegado.
Enquanto isso, o empresário que de fato executava o contrato nem figurava no quadro societário da empresa vencedora das licitações. Ele então prestava o serviço e fazia os pagamentos para Fúlvio Trindade.
Conforme o delegado, a investigação já se iniciou com provas robustas porque foram obtidas por meio de compartilhamento. “São provas já extraídas de outro contexto investigativo. Elas já foram submetidas ao contraditório, serão novamente submetidas ao contraditório, agora sob a visão dos investigados desse caso, mas já são bem robustas”.
Empresários são considerados foragidos
Com base nas provas, foram expedidos seis mandados de busca e apreensão, três mandados de prisão preventiva – um para o secretário e dois para os empresários, considerados foragidos – e o bloqueio do valor executado pelo orçamento.
Ao ser questionado sobre um possível envolvimento de outros agentes públicos, o delegado disse que ficou comprovada a gerência sobre a execução do serviço apenas por parte do secretário, mas que o avanço da investigação será necessário para apurar demais participações.
“Com o avanço da investigação, com a análise dos materiais que foram colhidos, vamos identificar se houve ou não participação de outras pessoas, se houve negligência, se houve uma ação dolosa”, finalizou.
Os suspeitos podem responder pelos crimes de corrupção passiva e ativa, fraude ao caráter competitivo de licitações e lavagem de dinheiro.
A reportagem tenta contato com a prefeitura da cidade por telefone e email, mas não houve resposta. O espaço segue aberto para manifestação.