Política

'Seguimos acreditando na ajuda federal', diz secretário de Fazenda do Rio

‘Seguimos acreditando na ajuda federal’, diz secretário de Fazenda do Rio ‘Seguimos acreditando na ajuda federal’, diz secretário de Fazenda do Rio ‘Seguimos acreditando na ajuda federal’, diz secretário de Fazenda do Rio ‘Seguimos acreditando na ajuda federal’, diz secretário de Fazenda do Rio

Brasília – O Rio de Janeiro esperava ter um alívio de R$ 26 bilhões entre 2017 e 2019 com o Regime de Recuperação Fiscal, cujo principal benefício seria a suspensão da cobrança de dívidas com a União e com outras instituições (em operações honradas pelo Tesouro) por até 36 meses, disse o secretário de Fazenda do Rio de Janeiro, Gustavo Barbosa, em entrevista concedida na terça-feira ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. O veto ao projeto pelo presidente Michel Temer, nesta quarta-feira, 28, traz um desafio a mais ao Estado. “Apesar do veto parcial, o Estado do Rio continua acreditando na ajuda do governo federal”, disse ontem o secretário. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Como o Rio recebeu a notícia do veto parcial ao projeto, que acabou ficando sem o Regime de Recuperação Fiscal de Estados?

Apesar do veto parcial, o Estado do Rio continua acreditando na ajuda do governo federal. Acreditamos que será mantida a negociação com o Ministério da Fazenda para buscar uma solução para o Rio.

Como o Regime de Recuperação Fiscal ajudaria o Rio?

O Ministério da Fazenda tem deixado muito claro que as contrapartidas serão exigidas. Dado isso, nós temos uma sequência. Primeiro é a adesão, que se dará com a aprovação de uma lei no legislativo estadual, e nela poderá ser inserida uma solicitação para o Estado do Rio desfrutar do efeito já a partir da lei. Isso quer dizer que, durante 120 dias, eu evito os bloqueios que hoje o Rio sofre em função do não pagamento da dívida. Por exemplo, nessas últimas semanas, mais de R$ 500 milhões (foram bloqueados). Obviamente teremos de voltar à Assembleia Legislativa para discutir as ações que serão exigidas pelo Tesouro Nacional. Fora isso, e supondo que as contrapartidas sejam aprovadas, eu teria em 2017, 2018 e 2019, somando esses três anos e tudo que pode ser objeto de negociação, algo próximo de R$ 26 bilhões (de alívio). É uma ajuda fundamental para o Rio de Janeiro. Essa lei de recuperação fiscal é muito importante para o Estado.

Então são R$ 26 bilhões que o Rio poderia deixar de pagar…

Isso. Pegando todas as dívidas com bancos e com a União, eu teria algo próximo a R$ 26 bilhões (no total dos três anos). Imagine só, num estado de penúria como a gente está…

Ao fim dos 36 meses de suspensão, a parcela da dívida não voltaria com tudo?

Daí a exigência de contrapartidas. As contrapartidas têm o objetivo de fazer um processo de reestruturação nas despesas do Estado.

O projeto previa a possibilidade de o Estado entregar ativos para abater a dívida. A Cedae (companhia estatal de água e esgoto) entraria nesse pacote?

Ainda não foi colocado. Ali é um pacote de ações necessárias, ele fala em programa de desestatização. Não se falou especificamente de Cedae, mas obviamente temos que ver qual é o ponto de desestatização que vai ser feito.

O que o sr. espera de 2017?

Vai ser um ano ainda bem duro. A recuperação da economia ainda vai ser lenta, não vai trazer efeito forte em 2017. Uma coisa que pode melhorar, e para nós isso é importante, é o preço do barril de petróleo, que tem se mostrado resistente na faixa dos US$ 54. Mas, ainda assim, nada que reverta uma situação de déficit da magnitude que temos para o ano que vem (R$ 19,3 bilhões). A gente ainda tem situações de passivos gerados em 2016.

O Rio chega a 2017 sem ter quitado uma parte dos salários de novembro e sem pagar a folha integral de dezembro e do 13º. Esses atrasos viraram uma bola de neve?

Posso dizer que não é uma bola de neve porque a bola de neve vai aumentando, e a gente acha que tem em 2017 um ano duro, mas que em 2018 começa a reverter. O que posso falar é que só vamos terminar de pagar o mês de novembro no meio de janeiro, e eu ainda não paguei dezembro, nem 13º. Isso carrega para 2017 mais duas folhas e meia que não foram liquidadas em 2016.

A despesa ainda vai crescer com a concessão de reajustes no início do ano, certo?

Uma das medidas que enviamos à Assembleia Legislativa previa justamente a postergação desses aumentos. Como essa parte não foi votada, em janeiro já começa a carregar (os aumentos). O impacto para todo o ano de 2017 é algo em torno de R$ 835 milhões.

Faltou compreensão dos deputados em relação à gravidade da situação do Rio?

Prefiro não colocar assim. Nós mandamos ações que entendemos que poderiam mitigar esse processo de déficit financeiro em 2017. Uma das ações era a dos reajustes, também havia a majoração da alíquota de contribuição previdenciária, repasse do duodécimo (dos demais poderes) de acordo com a Receita Corrente Líquida… Acho que foi um entendimento da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio). Eles disseram que estão aptos a discutir em fevereiro, então é isso provavelmente que o governador (Luiz Fernando Pezão) fará. Vai voltar a uma negociação.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.