Política

Servidores do Iphan protestam contra extinção do Ministério da Cultura

Servidores do Iphan protestam contra extinção do Ministério da Cultura Servidores do Iphan protestam contra extinção do Ministério da Cultura Servidores do Iphan protestam contra extinção do Ministério da Cultura Servidores do Iphan protestam contra extinção do Ministério da Cultura

Brasília – Cerca de 150 servidores do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), antes vinculado ao Ministério da Cultura (MinC), fizeram um protesto, na manhã desta quarta-feira, 18, contra a extinção da pasta. Eles exibiram cartazes com as inscrições “amanhã vai ser outro dia”, “pelas liberdades democráticas” e “fica, MinC”. Depois, de mãos dadas, “abraçaram” o prédio em Brasília.

Os funcionários lançaram, ainda, um manifesto em que criticam o presidente em exercício, Michel Temer. Eles afirmam que Temer “não expôs ao julgamento social seu programa de gestão” e que “parece óbvio que romperá com o modelo plural de defesa do patrimônio em prol do aprofundamento de pautas e práticas retrógradas”.

O texto defende que “a cultura deve estar na centralidade das propostas de desenvolvimento, sendo conduzida por um ministério autônomo e independente”. Ainda de acordo com o manifesto do Iphan, o fortalecimento do MinC nos últimos anos representou “avanços” para o patrimônio cultural.

Servidores ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo afirmaram ter recebido comunicados internos com a informação de que os trabalhos do Iphan não seriam alterados com as modificações ministeriais. Porém, de quinta-feira – quando Temer assumiu – para cá, o órgão tem estado em “completa anomia na parte operacional”.

Há uma preocupação do Iphan, ainda, com a ocupação dos cargos no chamado “terceiro escalão”, ou seja, as superintendências regionais. A reportagem apurou que o PMDB teria interesse em assumir esses postos principalmente na Bahia e em Minas Gerais, onde há dezenas de cidades históricas.

A interlocução com o atual governo “está ruim”, segundo os funcionários, e há uma intenção de aumentar o ritmo de “resolução de pendências” antes que o Iphan – que permanece com o mesmo corpo diretivo até que se defina quem assume a Secretaria Nacional de Cultura – troque de comando. O receio é que, sob nova direção, “tudo volte à estaca zero”.

Uma das principais preocupações dos servidores é com os grandes empreendimentos, cuja construção traz impactos à arqueologia e aos povos tradicionais. O Iphan é um dos órgãos legalmente consultados para emissão de licenças para projetos de grande impacto socioambiental. “O órgão impõe uma série de exigências para as empresas e achamos que, com o novo governo, isso será facilitado”, disse uma funcionária.