Tribunal de Contas do Espírito Santo.
Tribunal de Contas do Espírito Santo. Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

O Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCE-ES) determinou ao governo do Estado a elaboração, em até 18 meses, do Plano Estadual de Adaptação às Mudanças Climáticas, sob responsabilidade da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama).

A determinação se dá a partir da conclusão do processo de acompanhamento sobre a Política Estadual de Mudanças Climáticas. Além da determinação, a corte emitiu uma série de recomendações ao governo do Espírito Santo, incluindo a revisão da legislação em vigor.

A decisão foi tomada na sessão virtual do Plenário realizada no último dia 14. O relator do processo, conselheiro Luiz Carlos Ciciliotti, acompanhou o parecer técnico do tribunal e destacou a necessidade de o Executivo estadual intensificar esforços para aprovar a atualização da lei que trata da política climática.

“O cenário atual é de mudança, no sentido de aperfeiçoamento dos marcos normativos regentes da matéria. Assim, diante da relativa imprevisibilidade dos resultados que advirão das alterações legislativas em curso, entendo mais adequado destacar o dever do Governo do Estado em engendrar esforços para a aprovação definitiva da nova legislação da política estadual de mudanças climáticas, e não somente sua regulamentação”, afirmou no voto.

Em nota, a Seama informou que vai cumprir a determinação e, dentro do prazo, elaborar o Plano Estadual de Adaptação, “que inclusive será entregue para consulta pública durante a COP deste ano, em Belém”.

A pasta também afirma que as recomendações serão acatadas.

Recomendações

O TCE-ES recomendou que a atualização da Lei Estadual nº 9.531/2010 seja baseada em diagnóstico técnico, com identificação de problemas, áreas vulneráveis e populações mais expostas aos efeitos das mudanças climáticas.

Também orientou o governo a estabelecer objetivos e metas claras, indicadores de monitoramento, prazos de implementação e fontes de financiamento, além de estruturar mecanismos de governança e avaliação.

Outra determinação foi a formalização do Plano de Descarbonização e Neutralização das Emissões de Gases de Efeito Estufa do Espírito Santo.

No prazo de um ano, o governo deverá ainda integrar a questão climática ao licenciamento ambiental, instituir a Comunicação Estadual e o Registro Público de Emissões e definir padrões ambientais para redução das emissões.

O tribunal também orientou que os municípios sejam incluídos nas instâncias decisórias, que a governança da política seja fortalecida e que a execução orçamentária contemple projetos voltados à mitigação e adaptação de forma equilibrada ao longo do Plano Plurianual.

Situação atual

Conforme o Núcleo de Controle Externo de Meio Ambiente, Saneamento e Mobilidade Urbana do TCE-ES, a política climática do Estado apresenta lacunas, como ausência de diagnóstico técnico, falta de metas definidas, inexistência de indicadores e ausência de estrutura de governança.

O governo apresentou justificativas ao tribunal e citou ações em andamento, como a criação do Programa Capixaba de Mudanças Climáticas, em 2023, a elaboração de inventários de emissões de gases de efeito estufa e a revisão legislativa alinhada ao Acordo de Paris e ao 6º Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

A Seama informou à reportagem que:

  • a política de mudanças climáticas será regulamentada em até 180 dias após a publicação da sua atualização, conforme acordado previamente com o Tribunal de Contas;
  • a Lei Estadual de Mudança Climática (Lei nº 9.531/2010) está em processo de revisão e atualização, com previsão de publicação até o primeiro semestre de 2026;
  • e o Plano de Descarbonização será formalizado por meio de um decreto, que já está em fase de elaboração.
Julia Camim

Editora de Política

Atuou como repórter de política em jornais do Espírito Santo e fora do Estado. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.

Atuou como repórter de política em jornais do Espírito Santo e fora do Estado. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.