Julgamento

Trama golpista: STF forma maioria para condenar Bolsonaro

Maioria foi formada com o voto da ministra Cármen Lúcia; Luiz Fux foi o único a votar pela absolvição de Bolsonaro até o momento

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Jair Bolsonaro
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil/Arquivo

Com o voto da ministra Cármen Lúcia, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal formou maioria para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro na ação penal da trama golpista nesta quinta-feira (11). O placar é de 3 a 1, com divergência do ministro Luiz Fux.

A magistrada seguiu, assim como Flávio Dino, o voto do relator, Alexandre de Moraes.

A ministra também acompanhou Moraes para condenar os sete aliados de Bolsonaro acusados de participarem da tentativa de golpe de Estado. No caso de dois deles, Braga Netto e Mauro Cid, o placar pela condenação é de 4 a 0 para apenas um dos crimes imputados, com voto de Fux.

O próximo ministro a votar será Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma, e, em seguida, considerando que já há maioria no colegiado pela condenação, serão fixadas as penas para cada réu. O julgamento deve ser encerrado na tarde de sexta-feira (12).

A expectativa é que as punições fiquem entre 25 e 30 anos de prisão, mas a fixação também depende da maioria dos ministros. Dino, em seu voto, já manifestou que vai defender penas menores a Alexandre Ramagem, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira. Para o magistrado, eles tiveram uma participação de menor importância na trama golpista.

Cármen, Moraes e Dino votaram para condenar os oito réus:

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente;
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, que assinou acordo de delação com a Polícia Federal.

Por cinco crimes:

  • organização criminosa armada,
  • tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito,
  • golpe de Estado,
  • dano qualificado pela violência e grave ameaça e
  • deterioração de patrimônio tombado.

Alexandre Ramagem que, atualmente, é deputado federal, foi beneficiado com a suspensão de parte das acusações (relacionadas aos ataques à sede dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023) e responde somente a três dos cinco crimes.

Luiz Fux diverge de Moraes

Terceiro a julgar o caso, Fux levou quase 13 horas para votar, na quarta-feira (10), pela absolvição de Bolsonaro. Segundo ele, não há provas para condenar o ex-presidente por nenhum dos crimes atribuídos a ele na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).

O ministro também defendeu a nulidade do processo, considerando que há uma “Incompetência absoluta” do STF pra julgar a trama golpista. Ele argumenta que os réus perderam os seus cargos antes de a Corte firmar o novo entendimento que a permitiu julgar esse tipo de ação. Os réus, segundo ele, deveriam ser julgados pela Justiça Federal.

Voto de Moraes: “Bolsonaro líder da organização criminosa”

Segundo o relator da ação penal, existiram pelo menos 13 atos executórios que comprovam os planos golpistas e a ação coordenada de uma organização criminosa liderada por Bolsonaro.

Sendo assim, Moraes defendeu que “os réus, portanto, praticaram todas as infrações penais imputadas pela Procuradoria-Geral da República”.

Apontado o ex-presidente como líder da trama golpista, o ministro disse, em seu voto, que “em relação a Jair Messias Bolsonaro, (a condenação é) pelas mesmas infrações já descritas e a imputação específica de liderar a organização criminosa”.

Julia Camim

Editora de Política

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.