Principal voz de oposição ao prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), a vereadora Karla Coser (PT) vai se afastar do mandato por seis meses. Grávida de 35 semanas, a parlamentar vai entrar de licença-maternidade no próximo dia 1º de julho e só reassume a cadeira de vereadora no dia 1º de janeiro.
Efetivamente, ela só volta à tribuna da Câmara – de onde costuma fazer seus discursos acalorados mirando, principalmente, a gestão Pazolini – em fevereiro, uma vez que a Câmara estará de recesso parlamentar em janeiro.
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É a primeira vez que uma vereadora de Vitória sai de licença-maternidade. A licença foi inserida no Regimento Interno da Câmara em 2021, já que, até então, não havia menção sobre afastamento em caso de maternidade ou paternidade de parlamentares.
De acordo com o inciso III do artigo 349, o vereador poderá obter “licença paternidade, maternidade, no mesmo tempo conferido aos servidores da Câmara Municipal”. Hoje, esse período é de seis meses.
Karla pretende usufruir de todo o período da licença. “Estou terminando o planejamento para esses seis meses e pretendo ficar de licença todo o período que tenho direito, a partir do dia 1º de julho. As vereadoras têm o mesmo direito que as servidoras. É uma conquista importante para as mulheres, quero fazer aleitamento materno exclusivo”, disse a vereadora.
Pausa nos embates
Se no campo pessoal, a licença da vereadora será para focar nos cuidados de Maria Vitória, que chega em julho, politicamente, a dedicação de Karla à maternidade representará uma pausa, ainda que momentânea, nas ofensivas contra a gestão municipal.
Primeiro porque, embora os partidos de oposição a Pazolini somem sete vereadores na Câmara – três da federação PT-PV-PCdoB, uma do Psol e três do PSB – é Karla quem, de fato, tem assumido o protagonismo nos embates com o prefeito e sua base aliada no Parlamento.
Desde o primeiro mandato (2020-2024), Karla tem tido a mesma postura firme de oposição e isso se tornou uma de suas principais bandeiras em sua campanha à reeleição. No ano passado, Karla foi reeleita com a maior votação da Câmara: 7.256 votos.
Segundo porque, o suplente de Karla – o empresário Raniery Ferreira (PT) – não aparenta ter o mesmo perfil “combativo-pronto-pra-guerra” da vereadora, o que ficou sinalizado em entrevista concedida por ele à coluna De Olho no Poder na tarde de ontem (17), e que será publicada ainda nesta quarta-feira (18).
“Estarei atenta”
Mesmo longe, fisicamente, do Parlamento, Karla disse que não pretende se afastar do debate da cidade e, entre uma troca de fralda e outra, deve se fazer presente.
Eu amo muito o que faço, acho muito difícil ficar seis meses sem falar da cidade de Vitória. Vou estar muito atenta e dar minha opinião sobre votos em projetos vai acabar acontecendo. Se o Pazolini está achando que eu vou ficar seis meses com a chuteira pendurada, pode tirar o cavalinho da chuva. Estarei atenta”.
Karla também é pré-candidata à deputada estadual – conforme revelou seu pai, o deputado estadual João Coser, à coluna. E como o processo eleitoral de 2026 foi bastante antecipado, quem não se colocar agora ou deixar apenas para a campanha, no ano que vem, pode perder espaço, visibilidade e capital político.
Mandato compartilhado
Karla disse à coluna que pretende fazer um “mandato compartilhado” com seu suplente, Raniery, abrindo espaço para que ele entre com metade dos assessores de gabinete. Hoje, Karla possui 14 servidores. “Estou fazendo os últimos ajustes”, disse ela.
O suplente também fará parte de uma comissão ocupada pela vereadora. Ele entrará na Comissão de Mulheres, porém a presidência do colegiado – que atualmente é da petista – passará para a vereadora Mara Maroca (PP).
Já a cadeira de Karla na Comissão de Constituição e Justiça será ocupada pelo vereador Professor Jocelino (PT), que hoje é suplente no colegiado. Ele também vai virar líder da bancada petista na Câmara, durante a licença da vereadora.
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Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.
