Fiscalização

Tribunal de Contas recomenda que 4 prefeituras no ES melhorem licitações

Editais de obras e serviços de engenharia foram fiscalizados pela Corte. Além das prefeituras, DER também foi alvo da fiscalização

Engenharia civil, obras
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Quatro cidades capixabas receberam, ao todo, 19 recomendações do Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCE-ES) para que futuras licitações de obras e serviços de engenharia sejam realizadas de forma regular.

A decisão dos conselheiros, divulgada no fim de abril, se baseou em um processo de fiscalização que acompanhou licitações das prefeituras de São José do Calçado, Iúna, Dores do Rio Preto e Afonso Cláudio, assim como do Departamento de Estradas e Rodagem do Estado do Espírito Santo (DER).

O estudo técnico, conforme o Núcleo de Controle Externo de Edificações da corte, identificou que a maioria dos editais analisados “não favoreceu a ampla competição” e também apresentou “falta de planejamento”.

Os principais problemas encontrados foram a elaboração incompleta do Estudo Técnico Preliminar, com falhas nos requisitos e documentos necessários, além de ausências desse estudo em alguns casos. Também foram identificadas restrições à competitividade, como exigências desnecessárias de qualificação técnica e requisitos restritivos, consta no acórdão.

Também foram notados riscos relacionados à compra de bens ou contratações de serviços por preços acima do mercado, “devido à aplicação inadequada da taxa de BDI (Benefícios e Despesas Indiretas) no orçamento”.

A taxa citada é adicionada ao custo direto da obra para cobrir despesas indiretas, como os gastos com a parte administrativa, e garantir o lucro das empresas.

“Observou-se a falta de detalhamento do BDI, a inclusão de custos duplicados e a aplicação de uma taxa de BDI superior ao recomendado, sem a redução necessária em itens específicos de materiais e equipamentos”.

A finalidade do acompanhamento era corrigir tais falhas nos editais para que os gestores pudessem efetivar um processo regular.

Segundo o Núcleo de Controle Externo de Edificações, “os objetivos do acompanhamento e as ações adotadas foram satisfatórios, considerando os ajustes feitos durante esta fiscalização”.

No entanto, nem todos os municípios acataram às correções apontadas. O relatório expõe que as ações tomadas após a submissão das irregularidades achadas pela fiscalização “alternaram entre prosseguir com o procedimento licitatório, suspender o procedimento para análise e retificação integral dos achados”.

Devido ao prazo de execução do acompanhamento, algumas correções acabaram não sendo realizadas, segundo o documento.

As ações tomadas foram as seguintes:

  • Sobre o edital para a construção de galpão para o Centro de Eventos – Parque Industrial, a Prefeitura de São José do Calçado não se manifestou a respeito dos achados e deu prosseguimento ao processo licitatório. Como resultado, apenas duas empresas participaram do processo;
  • Sobre o edital para construção da quadra poliesportiva de Pequiá, a Prefeitura de Iúna otou por prosseguir com o procedimento licitatório e apresentar esclarecimentos para os achados;
  • Sobre o edital para a construção de quadra poliesportiva na Escola Cristina Peixoto do Carmo, a Prefeitura de Dores do Rio Preto optou por suspender o processo para adequação. Em seguida, o edital foi cancelado;
  • Sobre o edital para a construção do CMEI – Bairro João Valim, a Prefeitura de Afonso Cláudio optou por suspender o edital para o acerto das peças técnicas e realizar a republicação.

As prefeituras foram procuradas pela reportagem, mas não responderam às demandas até a publicação desta reportagem.

O DER, por sua vez, corrigiu os três editais fiscalizados:

  • Reconstrução da EEEFM Domingos José Martins, em Marataízes;
  • Reconstrução da EEEFM Dr. Jones dos Santos Neves, em Baixo Guandu;
  • Reconstrução da EEEFM Ecoporanga.
Julia Camim

Editora de Política

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.