Antigo TRT-ES

Vereador aciona PF contra ocupação de prédio no Centro de Vitória

Antiga sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) foi ocupada por 72 famílias do Movimento Nacional de Luta pela Moradia

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Famílias em ocupação no antigo prédio do TRT-ES em Vitória
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

O vereador de Vitória Armandinho Fontoura (PL) enviou um ofício à Polícia Federal solicitando a instauração de um processo para apurar a ocupação do Edifício Castelo Branco, antiga sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-ES), no Centro de Vitória.

Na manhã desta terça-feira (9), o parlamentar disse que tomaria providências para conseguir a reintegração de posse do imóvel e evitar que o espaço se transforme em “palco de desordem”. Para ele, a ocupação é um “atentado à democracia”.

Conforme Armandinho, a abertura de inquérito é necessária para investigar se há “parlamentares ou autoridades envolvidos na invasão”. Ele também registrou um boletim de ocorrência sobre a situação.

Apesar de haver um processo em tramitação para que a Câmara tenha a cessão de parte do edifício para implementar a nova sede do legislativo municipal, a propriedade é da União. Sendo assim, cabe à Caixa Econômica Federal a entrada na Justiça para determinar a desocupação.

A Casa, portanto, apenas pediu à Caixa um inventário oficial de todos os bens e estruturas presentes no local antes da ocupação, “garantindo o registro detalhado do patrimônio”.

Em nota, a Câmara de Vitória lamentou a ocupação e disse que se trata de “uma invasão indevida a um espaço público ainda em fase de negociação”.

Além disso, ressaltou a preocupação com a preservação do espaço, destacando a necessidade de medidas preventivas para evitar depredação ou deterioração dos bens existentes.

A reportagem do Folha Vitória procurou a Caixa Econômica Federal e a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) para obter informações sobre a dinâmica da ocupação e as providências a serem tomadas, mas não obteve retorno até o momento. A matéria será atualizada.

A ocupação

Setenta e duas famílias que integram o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) ocuparam o prédio na manhã de sábado (6). Ao todo, são 112 ocupantes em nove andares.

Conforme o líder do grupo, Valdeni Ferraz, todos viviam nos bairros de Maria Ortiz, Santo André, na região da Grande São Pedro e Caratoíra, e moravam de aluguel. Segundo ele, o objetivo da ocupação é “pressionar o Estado” para resolver o problema de habitação.

Temos um grupo bem maior do que os manifestantes que estão aqui. Queremos pressionar o governo e mostrar que as famílias estão vulneráveis, sem moradia e têm essa necessidade. Os andares estão limpos e as famílias estão ocupando. Cerca de 90% são mães-solo, além de crianças e idosos.

O líder da ocupação afirmou que a ação não possui relação com o Movimento Vila Esperança, que acontece em frente ao Palácio Anchieta.

“A diferença é que a Vila Esperança não é uma ocupação do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), mas apoiamos a ocupação deles”, disse Valdeni Ferraz.

Ambos os movimentos foram relacionados pelo vereador Armandinho Fontoura no boletim de ocorrência. Segundo ele, “a invasão ocorreu em meio a conflitos relacionados à ordem judicial de reintegração de posse da área conhecida como Vila Esperança, em Vila Velha“.

A nova sede da Câmara

O presidente da Câmara Municipal, Anderson Goggi (PP), se reuniu, em maio deste ano, com a diretoria da Caixa Econômica Federal para negociar a cessão do edifício Castelo Branco por 30 anos.

A mudança de endereço da sede para o Centro da Capital é planejada há alguns meses. Segundo Goggi, o aumento da representatividade da Câmara deixou a atual sede insustentável. Atualmente localizada no bairro Bento Ferreira, a Casa não suporta as mais de 600 pessoas que circulam por lá.

A doação do edifício para o município será avaliada posteriormente, informou o presidente. Inclusive, pontua ele, todo o edifício foi solicitado. “A minha intenção é ver quais órgãos públicos estão pagando aluguel e podem ir para lá para economizar”.

O mesmo prédio já foi cedido para receber a nova sede da Secretaria de Cultura do Espírito Santo (Secult). A pasta informou que vai utilizar apenas três andares do prédio e, por isso, é possível o funcionamento simultâneo de diferentes órgãos no local.

Julia Camim

Editora de Política

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.