O cardeal Robert Prevost, de 69 anos, se tornou nesta quinta-feira (08), o primeiro papa norte-americano da Igreja Católica. De perfil equilibrado, ele tem reputação justamente por construir pontes entre conservadores e progressistas.
Tal característica prevaleceu no momento em que a Igreja se encontra dividida. Em seu primeiro discurso, pregou a paz universal e disse: “Podemos todos caminhar juntos”.
Com ascendência francesa, espanhola e italiana, é formado em Matemática e Teologia, além de ter estudado Filosofia. Ingressou no noviciado da Ordem de Santo Agostinho, em St. Louis, em 1977, fazendo os votos em 1981.
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Segundo a Diocese de Chiclayo, onde construiu grande parte da trajetória religiosa, o novo papa é poliglota: fala inglês, espanhol, italiano, francês e português. Além disso, lê latim e alemão.
Com grande parte da trajetória religiosa no Peru, onde residia até ser chamado a ocupar função no Vaticano, obteve a cidadania peruana em agosto de 2015.
Trajetória dentro da Igreja
Aos 27 anos, mudou-se para Roma, onde estudou Direito Canônico na Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino. Entre 1985 e 1986, foi enviado para a primeira missão religiosa na América Latina, em Chulucanas, no Peru.
Considera-se agostiniano. Em seu doutorado, defendido em 1987, apresentou a tese “O papel do prior local da Ordem de Santo Agostinho”.
No ano seguinte, em 1988, voltou ao Peru, em Trujillo, como diretor do projeto de formação de religiosos, onde permaneceu até 1999, quando retornou aos Estados Unidos. Em 2014, retornou novamente ao Peru como administrador apostólico da diocese de Chiclayo, capital do norte peruano, a mais de 900 km de Lima.
Em 2015, foi nomeado bispo de Chiclayo e, em 2018, eleito segundo vice-presidente da Conferência Episcopal Peruana – na qual também foi membro do Conselho Econômico e presidente da Comissão de Cultura e Educação.
Segundo a Santa Sé, seu lema episcopal é “In Illo uno unum”, palavras que Santo Agostinho pronunciou em um sermão, a Exposição sobre o Salmo 127, para explicar que “embora nós cristãos sejamos muitos, no único Cristo somos um”.
Nos últimos cinco anos, recebeu novas funções, participando de dicastérios e de importantes sínodos. Em janeiro de 2023, Francisco o anunciou como novo prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, tornando-se arcebispo. No mesmo ano, foi reconhecido como cardeal.
Atuação na América Latina
Em março, no Dia da Hispanoamérica, Prevost destacou os problemas da América Latina e como, diante dos desafios econômicos, sociais e políticos, é possível até se sentir sobrecarregado e incapaz de contribuir para uma mudança. “Em todo o continente americano existem numerosas contradições, misérias e absurdos”, disse à época.
Em sua primeira fala enquanto papa, Leão XIV apontou o papel da “sinodalidade”. Esse termo se refere a um movimento de maior escuta da Igreja, com participação de toda a comunidade, inclusive leigos, defendido e ampliado no papado de Francisco e que enfrentava resistência de uma parte de Igreja – que temia uma descentralização.
Foram nos sínodos que a Igreja tratou de alguns de seus principais tabus, como a ordenação de mulheres e o celibato de padres.
No Sínodo sobre a Sinodalidade, no ano passado, em coletiva de imprensa, Prevost destacou que é necessário que os bispos conheçam seu rebanho, ouvindo suas preocupações.
“A Igreja está aberta a todos, temos que ampliar nossa tenda, para que as pessoas saibam que todos são bem-vindos e bem-vindas”, disse. “Todos são convidados a fazer parte da comunidade da Igreja.”