
Um documento divulgado pela Igreja Católica reconhece que o sexo no casamento não deve servir só para a procriação. A nota, intitulada como “Uma só carne. Elogio à monogamia. Nota doutrinal sobre o valor do matrimônio como união exclusiva e pertencimento recíproco”, é assinada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, com a aprovação do Papa Leão XIV.
Ao longo do documento, são citadas obras de grandes nomes da história da igreja, como Santo Agostinho, o Papa João Paulo II e o Papa Francisco, para fundamentar a ideia de que a busca pelo gozo sexual é natural dentro do casamento.
Ao mesmo tempo em que enfatiza a finalidade reprodutiva do matrimônio, historicamente defendida pela Igreja, o texto argumenta que a sexualidade tem também uma “finalidade unitiva”, e que “não se limita a assegurar a procriação, mas contribui para enriquecer e fortalecer a união única e exclusiva e o sentimento de pertencimento mútuo”.
A nota critica o que chama de busca excessiva e descontrolada pelo sexo nas últimas décadas e a “negação da finalidade procriativa da sexualidade” e atribui esses comportamentos ao “individualismo consumista pós-moderno”.
Documento cita casais sem filhos
Ainda no contexto da defesa de que o sexo não precisa existir no casamento apenas para ter filhos, a nota divulgada no dia 25 de novembro destaca que o matrimônio em si é um bem, mesmo que não haja filhos, fazendo referência a casais já idosos, casais que perderam os filhos ou mesmo os que não os tiveram.
O documento faz um alerta para a perda do desejo sexual e da troca emocional dos casais devido à sensação de ansiedade dos últimos tempos.
Uma característica das últimas décadas é a negação explícita da finalidade unitiva da sexualidade e do próprio casamento. Isso ocorre principalmente devido à sensação de ansiedade, de estar constantemente ocupado, de querer mais tempo livre para si mesmo, de estar constantemente obcecado por viajar e explorar outras realidades. Consequentemente, o desejo de troca emocional, pelas próprias relações sexuais, mas também pelo diálogo e pela cooperação, desaparece, sendo tudo isso visto como “estressante”.
Igreja Católica, em documento que orienta os fiéis
O texto também defende a monogamia e enfatiza a importância da fidelidade conjugal. A nota ainda reitera o entendimento da instituição sobre o matrimônio “como uma união única e exclusiva entre um homem e uma mulher”.
A nota orienta também que os casais pratiquem a caridade conjugal e se ajudem mutuamente para a santificação.