Saúde

20 anos da primeira cirurgia de mudança de sexo do Espírito Santo

Dois a três procedimentos são realizados por ano no Estado

20 anos da primeira cirurgia de mudança de sexo do Espírito Santo 20 anos da primeira cirurgia de mudança de sexo do Espírito Santo 20 anos da primeira cirurgia de mudança de sexo do Espírito Santo 20 anos da primeira cirurgia de mudança de sexo do Espírito Santo
20 anos da primeira cirurgia de mudança de sexo

do Espírito Santo
Especialista diz que a cirurgia envolve muitas área e a participação de uma equipe médica multidisciplinar. 

A primeira cirurgia de mudança de sexo realizada no Espírito Santo completa duas décadas neste ano. De lá pra cá, muitos pontos do complexo processo evoluíram. O procedimento, por exemplo, que antes durava sete horas, hoje é concluído em três horas e meia, o período de internação foi reduzido para três dias, no máximo, e a idade mínima para ser submetido à operação passou de 21 para 18 anos.

O cirurgião plástico Ariosto Santos, precursor da técnica no Estado, ressalta também que, anteriormente, a pessoa só ficava liberada para ter a primeira relação sexual dois a três meses depois do procedimento. Hoje, com 30 dias de cirurgia, já é possível retomar a vida sexual.

“A técnica foi, inclusive, premiada e passou a ser referência no País. Houve um aperfeiçoamento do procedimento e dos profissionais envolvidos, permitindo a evolução de todos esses pontos ao longo dos anos”, destaca o médico, que desenvolveu a primeira cirurgia ao lado do urologista Jhonson Gouvêa.

De 1998 até hoje, cerca de 60 pessoas foram beneficiadas com a cirurgia de mudança de sexo no Estado. Por ano, são realizados de dois a três procedimentos. 

Em todo o Brasil, cinco instituições estão autorizadas a realizar a cirurgia de mudança de sexo. No entanto, Ariosto Santos ressalta que a falta de infraestrutura da saúde pública tem atrapalhado o trabalho. “É uma cirurgia que envolve muitas áreas e exige a participação de uma equipe multidisciplinar. Sabemos que a rede pública está sucateada e isso é algo que desestimula os profissionais”, explica o médico.

A maioria das cirurgias é feita para transformar “o homem em mulher”, com o órgão sexual masculino sendo modificado para vagina. Para isso, todo o pênis é aproveitado de alguma forma. Só os testículos são retirados.

De acordo com o Dr. Ariosto Santos, o contrário é realizado apenas em caráter experimental. “A cirurgia para beneficiar o transexual feminino só pode ser feita em hospital universitário, de forma gratuita. A construção peniana é um procedimento complexo e que ainda não é aceito pela literatura médica. O que fazemos é retirar os seios e órgãos como útero e ovários”, afirma.

Para serem submetidos à operação os pacientes passam por uma rigorosa avaliação que tem duração de, no mínimo, dois anos. “É um procedimento irreversível. Exatamente por isso a pessoa precisa ter certeza sobre essa decisão”, diz o médico.