
Numa noite, Lindsay Shanks se levantou da cama e sentiu uma dor aguda. “Parecia que alguém tinha me esfaqueado bem entre as omoplatas”, conta Lindsay, que tinha 37 anos na época. “Minhas mãos começaram a formigar e fiquei muito enjoada.”
Moradora da região metropolitana de Detroit, Lindsay achou que estava tendo um ataque de pânico ou que tinha pinçado um nervo. Quando chegou ao hospital, uma enfermeira olhou seus exames e saiu correndo da sala. Ela estava tendo um ataque cardíaco. “De repente, fiquei muito popular”, conta. “Foi bem caótico.”
Ben Rennert, 40 anos, dono de uma pequena empresa em Oshkosh, Wisconsin, estava buscando os filhos na escola quando sentiu um formigamento nos braços e “bem mais de 45 quilos de pressão sobre o peito.
“Nunca tinha sentido algo tão intenso antes”, lembra sobre o ataque cardíaco que sofreu em março. “Não é nada agradável, para dizer o mínimo.”
Os ataques cardíacos acontecem quando o fluxo de sangue para o coração para ou diminui, muitas vezes porque a ruptura de uma placa causa a formação de um coágulo que bloqueia uma artéria coronária, explicam cardiologistas.
A “grande maioria das pessoas” que sofrem um ataque cardíaco vai sentir dor no peito em forma de aperto, pressão ou incômodo, descreve William Brady, professor de medicina de emergência e cardiovascular na Faculdade de Medicina da Universidade da Virgínia.
Mas nem todos os ataques cardíacos são iguais, e há outros sinais de alerta que as pessoas normalmente não associam à condição.
Stacey Rosen, presidente voluntária da American Heart Association e diretora executiva do Katz Institute for Women’s Health, da Northwell
Em especial, as mulheres têm mais chances de descartar os sintomas (ou vê-los descartados por outros) como ansiedade ou estresse.
Sinais surpreendentes de um ataque cardíaco
O Washington Post perguntou a cardiologistas sobre os sinais e sintomas mais surpreendentes de um ataque cardíaco. O conselho deles: se algo parecer errado, avise alguém e ligue para a emergência (192, no Brasil). Não adie a ida ao hospital só porque a dor não parece a de um “ataque típico”.
“O atraso pode levar a danos irreversíveis no coração”, avisa Stacey. “Então, ouça mesmo o seu corpo.”
1. Dor na mandíbula
O desconforto ou dor causados por um ataque cardíaco muitas vezes irradiam para outras partes do corpo, explica James de Lemos, chefe de cardiologia do UT Southwestern Medical Center. Os sintomas podem ser sutis e “menos impressionantes” do que os retratados na televisão, afirma.
“Algumas pessoas dizem: foi só meu antebraço que doeu – ou tive uma dor de mandíbula muito forte, do nada”, diz James.
Stacey conta que uma de suas pacientes procurou dentista após dentista achando que a dor vinha de um dente – até que um sugeriu que poderia ser do coração.
“E, de fato, era”, conta Stacey. A paciente provavelmente evitou um ataque cardíaco graças a “um dentista muito inteligente e que pensou de forma holística”.
Segundo os cardiologistas, a dor de um ataque cardíaco pode – mas nem sempre – irradiar para o lado esquerdo do corpo, o mesmo do coração.
As mulheres sentem dor no peito com mais frequência acompanhada de sintomas como dor nas costas, náusea, tontura ou falta de ar, informa Stacey. E, em vez de chamar de “dor no peito”, tendem a descrever os sintomas como incômodo ou fadiga.
“Quando alguém me diz que o peito está doendo, isso aumenta meu nível de preocupação”, afirma Clyde Yancy, chefe de cardiologia da Northwestern University Feinberg School of Medicine.
2. Náusea e vômito
Náusea, vômito, refluxo, arrotos e outras formas de indigestão podem ser sinal de um ataque cardíaco, especialmente quando ele afeta a parte inferior – ou parede inferior – do coração, comenta James.
Se a indigestão não melhora com um antiácido, o desconforto gastrointestinal pode estar relacionado ao coração, afirma James, sobretudo em pessoas com risco para ataque cardíaco.
3. Sensação de desgraça iminente
Um ataque cardíaco também pode provocar a sensação de desgraça iminente, relatam cardiologistas. De repente, “você sente que vai morrer”, resume Brady.
É diferente da “ansiedade pura”, explica Seth Martin, cardiologista da Johns Hopkins Medicine. São sintomas físicos combinados a uma sensação persistente de que “algo está seriamente errado”.
Pode ser apenas uma percepção, apenas a sensação de que algo não está certo” Isso já é suficiente para me alertar de que precisamos avaliar o coração e os vasos sanguíneos.
Clyde Yancy, chefe de cardiologia da Northwestern University Feinberg School of Medicine.
4. Suor frio e pele pegajosa
Um bloqueio em uma artéria coronária é um estresse enorme para o corpo, descreve Stacey. Quando isso acontece, o sistema nervoso simpático entra em sobrecarga, fazendo a pessoa suar frio, sentir calafrios e a pele ficar pegajosa.
Se você está carregando compras e, de repente, o peito aperta, falta ar e começa a suar, esses são sinais de um ataque iminente, avisa Brady. Especialmente em dias de clima ameno, quando não há motivo para transpirar.
E se o incômodo melhora quando você senta e descansa, isso não significa que está tudo bem, afirma Brady. Ainda assim, é preciso procurar um médico.
5. Fadiga

Um ataque cardíaco limita a circulação de oxigênio pelo corpo e até para o próprio coração, o que pode causar cansaço ou falta de ar, esclarece Martin.
Você pode se sentir confuso, sem conseguir identificar o motivo, adiciona Stacey.
Algumas pessoas acham que estão apenas envelhecendo e desacelerando, observa Anna Bortnick, cardiologista intervencionista e professora associada de medicina no Montefiore Einstein Medical Center, no Bronx. Outras adiam a ida ao hospital porque estão cuidando de filhos ou familiares.
Nos estágios iniciais, os sinais podem aparecer apenas ao caminhar ou praticar exercício. O coração precisa de mais fluxo sanguíneo nesses momentos, mas um bloqueio ou enfraquecimento do músculo cardíaco impede que isso aconteça, destaca Stacey.
Às vezes, um ataque é como um tronco que cai atravessado em um rio, bloqueando totalmente o fluxo de sangue para o coração, compara.
Outras vezes, “os sintomas podem ir e vir durante dias, piorando conforme a artéria vai se bloqueando mais”, diz ela. “É realmente um processo dinâmico para muitos.”
Como reduzir o risco de um ataque cardíaco
Não é possível repor as células do músculo cardíaco depois que o órgão é danificado, ensina Stacey. Se o tratamento não for feito rapidamente para restaurar o fluxo de sangue, o ataque pode comprometer a capacidade de bombeamento do coração. Isso pode levar à insuficiência cardíaca, uma condição crônica em que o órgão não funciona tão bem quanto antes.
Por isso, cardiologistas recomendam tomar medidas para reduzir o risco desde já. Tente baixar a pressão arterial e os níveis de colesterol. Faça exercícios regularmente por pelo menos 150 minutos por semana, não fume, limite o consumo de álcool e adote hábitos alimentares saudáveis, disseram.
Rennert, de Wisconsin, conta que já se recuperou fisicamente do ataque. Na semana passada, pedalou 24 quilômetros pela cidade com um amigo. “Foi, na verdade, meu primeiro passeio nessa bicicleta desde o ataque, e me senti bem”, conta. “Foi curto – mas ainda assim bom poder sair.”
Este conteúdo foi publicado originalmente no The Washington Post e traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.