Maternidade Bárbara Heliodora em Rio Branco, Acre | Foto: Divulgação
Maternidade Bárbara Heliodora em Rio Branco, Acre | Foto: Divulgação

Um bebê que havia sido declarado morto logo após o parto foi retirado de um caixão minutos antes do enterro ao apresentar sinais vitais, em Rio Branco, no Acre. O caso aconteceu na noite da última sexta-feira (24). O recém-nascido, permanece internado em estado grave, sob ventilação mecânica e cuidados intensivos.

De acordo com relatos da imprensa local, uma funerária particular chegou a buscar o corpo para sepultamento. Antes do enterro, uma parente pediu para abrir o caixão e percebeu que o bebê estava vivo e chorando.

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), o parto foi normal e ocorreu na Maternidade Bárbara Heliodora. Após o nascimento, o bebê não apresentou sinais vitais e todos os protocolos de reanimação foram seguidos pela equipe médica. O óbito foi constatado e comunicado à família.

Cerca de 12 horas depois, já fora da unidade, familiares perceberam que o bebê respirava. Ele foi levado de volta à maternidade, onde recebeu atendimento emergencial e foi colocado em incubadora, com suporte ventilatório e monitoramento contínuo.

Em entrevista, uma pediatra da unidade explicou que o bebê “está entubado, é prematuro, está em incubadora aquecida e com cateter umbilical”.

Segundo ela, “ele chegou ao hospital com cerca de 10 a 12 horas de vida. A família, o pai e a mãe estão cientes da situação. A mãe relatou que teve parto normal e chegou a pegar a criança no colo e viu que ela não tinha vitalidade. Seguiu-se o protocolo médico, mas tudo segue em investigação, não há como definir se o bebê chegou a ter vitalidade, se parou e depois voltou. Tudo será verificado”.

Ainda segundo a médica, o recém-nascido segue em estado grave, porém estável.

Ministério Público investiga o caso

A Secretaria de Saúde do Acre informou que instaurou uma apuração interna para esclarecer os fatos “com total transparência e responsabilidade”.

Em nota assinada pela diretora da maternidade, Simone Prado, a pasta afirmou que “todos os protocolos de reanimação foram rigorosamente seguidos pela equipe multiprofissional” e manifestou “profunda solidariedade à família neste momento delicado”.

O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por meio da 1ª Promotoria Especializada de Defesa da Saúde, requisitou informações à Sesacre e à direção da maternidade. O órgão informou que atua para apurar eventuais falhas ou responsabilidades no atendimento.

Na manhã do último domingo (26), a Polícia Civil realizou uma operação de busca e apreensão na unidade hospitalar para coletar documentos e prontuários relacionados ao caso.

Os pais da criança são do município de Pauiní, no interior do Amazonas, e estavam em Rio Branco em busca de atendimento médico. O caso segue sendo investigado pelas autoridades de saúde e pelo Ministério Público.

Leia a nota da Sesacre na íntegra:

“A Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), por meio da direção da Maternidade Bárbara Heliodora, informa que o recém-nascido atendido na unidade foi inicialmente declarado sem sinais vitais após parto normal, na noite de sexta-feira, 24. Todos os protocolos de reanimação foram rigorosamente seguidos pela equipe multiprofissional, e o óbito foi constatado e comunicado à família.

Cerca de 12 horas depois, já fora das dependências da unidade, o bebê, prematuro extremo, apresentou sinais vitais e foi imediatamente levado de volta à maternidade, onde permanece em estado gravíssimo sob cuidados intensivos e acompanhamento contínuo da equipe médica e de enfermagem.

A Sesacre instaurou uma apuração interna para esclarecer os fatos com total transparência e responsabilidade. A direção da unidade e toda a equipe manifestam profunda solidariedade à família neste momento delicado e reafirmam o compromisso com a ética, a humanização e a segurança no atendimento, colocando-se à disposição dos órgãos competentes para assegurar a transparência de todas as ações.”

Leiri Santana, repórter do Folha Vitória
Leiri Santana

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.