Emma Heming Willis, de 47 anos, contou ao Fantástico deste domingo, 28, como tem sido o cotidiano de Bruce Willis e da família desde que o ator foi diagnosticado com demência frontotemporal.
“Ouvir o diagnóstico foi devastador”, confessou Emma, que recentemente lançou o livro O rumo inesperado, sobre a experiência de cuidar de alguém com demência.
O astro de 70 anos recebeu o diagnóstico em 2023, meses depois de ser diagnosticado com afasia, um distúrbio de linguagem que afeta a capacidade de comunicação. Segundo seus familiares, a condição progrediu e a busca por respostas mais claras persistiu até a identificação da doença neurológica.
Sabemos em nossos corações que, se ele pudesse, gostaria de responder chamando a atenção global para aqueles que também estão lidando com esta doença debilitante e como ela afeta tantos indivíduos e suas famílias.
Família de Bruce Willis
Diferentemente de outros tipos de demência, a demência frontotemporal afeta significativamente o comportamento e a personalidade da pessoa, mas mantém o funcionamento cognitivo relativamente preservado.
A demência frontotemporal (DFT) também é um tipo menos prevalente de demência — ela corresponde a cerca de 1,7 a 2% dos casos, segundo o neurocirurgião Fernando Gomes — e chegar ao diagnóstico correto ainda é um desafio longo.
“Como é uma doença pouco conhecida pelos médicos e confundida facilmente com transtornos psiquiátricos, o diagnóstico em geral é tardio. Algumas vezes, inclusive, os pacientes têm alterações graves do comportamento que levam a transgressões e até à prisão”, afirmou ao Estadão a neurologista Elisa de Paula França Resende, integrante da Academia Brasileira de Neurologia (ABN).
Como os sintomas são parecidos aos de transtornos mentais e comportamentais, é comum que os pacientes procurem primeiro psiquiatras para só depois chegarem a neurologistas, contou Felipe Aydar Sandoval, neurologista do Hospital Sírio-Libanês. O quadro é frequentemente confundido com transtornos psiquiátricos, como esquizofrenia e transtorno bipolar.
Além disso, pode ocorrer uma má interpretação de exames cerebrais e testes cognitivos, um dos fatores que mais causam diagnósticos errados, segundo os especialistas — uma pesquisa realizada na Universidade de Queensland, na Austrália, descobriu que 70% dos pacientes avaliados com suspeita de DFT não tinham a doença.
Quais são os subtipos da demência frontotemporal?
- Variante comportamental: chama mais atenção pelas alterações de comportamento. A pessoa fica desinibida e não consegue se controlar. Afeta a personalidade do paciente.
- Demência semântica: a pessoa não consegue mais compreender as coisas que compreendia anteriormente, embora possa ter preservadas a atenção e a memória. Tem dificuldade para dar nome aos objetos e entender discursos.
- Afasia progressiva não fluente: caracteriza-se principalmente pela alteração lenta e progressiva da habilidade de falar.
Causas
As causas da demência frontotemporal ainda não são totalmente conhecidas, mas existe uma correlação com a questão hereditária. Caso algum familiar tenha a doença, maiores são as chances de desenvolver o quadro.
Os especialistas também já identificaram que, no cérebro do paciente com DFT, ocorre um acúmulo anormal de proteínas. Isso acaba sendo tóxico para os neurônios, que aos poucos vão morrendo.
O aspecto anatômico do cérebro também é diferente: além de reduzido em peso e volume, ele pode apresentar uma aparência encolhida em algumas áreas.
Como é o tratamento?
Não há cura para a demência frontotemporal. Geralmente, o que se busca com a terapia, realizada por equipe multidiciplinar, é tratar doenças associadas, como depressão, e manter a qualidade de vida do paciente. Terapias como a reabilitação cognitiva, atividade física adequada e diferentes treinos de linguagem são importantes instrumentos nesse acompanhamento.
Também é fundamental que a família tenha conhecimento da doença e das mudanças que ela pode gerar para não ser surpreendida pelos sintomas mais graves. “Se a pessoa apresenta comportamento agressivo, não está medicada e não existe orientação, podem ocorrer situações desagradáveis”, afirmou Gomes.
Carreira
Bruce Willis despontou na televisão ao lado de Cybill Shepherd na série A Gata e o Rato, pela qual ganhou um Emmy e um Globo de Ouro em 1987.
No ano seguinte, viveu o destemido policial John McClane em Duro de Matar, filme que se transformou em uma franquia sucesso de bilheteria.
Após dar voz ao bebê Mikey na comédia Olha Quem Está Falando (1989), protagonizada por John Travolta, voltou a dividir as telas com o ator no renomado Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994), dirigido por Quentin Tarantino.
Ainda na década de 90, Willis atuou em títulos como Os 12 Macacos, Armageddon e O Quinto Elemento, mas foi em 1999 que deu uma guinada importante em sua carreira ao interpretar um psicólogo infantil no aclamado suspense O Sexto Sentido.
No ano seguinte, o ator recebeu outro Emmy, dessa vez por sua participação na série Friends.
O nome de Willis aparece em mais de 100 produções, um catálogo diverso que conta com sucessos que marcaram a história do cinema, mas também dezenas de produções de baixo orçamento com as quais se envolveu nos últimos anos de sua carreira.
Família
Nascido em 19 de março de 1955, Willis formou com a atriz Demi Moore um dos casais mais conhecidos da indústria do entretenimento. Os dois permaneceram juntos por 13 anos e tiveram três filhas, Rumer, Tallulah e Scout.
Apesar da separação, a amizade continuou e a atriz contou que visita o ex-marido semanalmente desde o diagnóstico. “Nós sempre seremos família, só que de maneiras diferentes. Para mim, isso nunca foi uma questão. Eu o visito porque é isso que você faz com quem você ama”, afirmou. em fevereiro.
O astro é casado com Emma desde 2009 e tem duas filhas do segundo casamento, Evelyn e Mabel.