Em uma mão, uma agenda. Na outra, uma Bíblia. Foi assim que o delegado-geral da Polícia Civil do Espírito Santo, José Darcy Arruda, atendeu a equipe do Folha Vitória para uma entrevista em seu gabinete. O assunto desta vez não era uma investigação de crime, mas o ser humano por trás do cargo.

Aos 64 anos, Arruda fala sobre sua luta contra o câncer, doença que vem enfrentando desde 2021. Foram quatro tumores malignos, sendo o primeiro na orofaringe, que é uma parte da garganta que auxilia nas tarefas de respirar, falar, comer, mastigar e engolir.

O segundo foi em 2022, uma metástase no pulmão. Em 2024, o delegado operou um câncer na amígdala e, neste ano, uma nova metástase no pulmão. Foram muitas sessões de quimioterapia e mais de 30 só de radioterapia.

Apesar de todo o sofrimento, ele nunca se afastou do trabalho como delegado-geral, cargo que ocupa há sete anos. O segredo para se manter firme em meio a tantos desafios? Ele garante que é a fé em Deus.

José Darcy Arruda fala sobre a luta contra o quarto câncer. Foto: Dyhego Salazar/Folha Vitória

Nessa entrevista, Arruda fala sobre sua trajetória profissional, a luta contra o câncer, perseguições sofridas no cargo e sobre fé. Confira:

Como o senhor descobriu o câncer?

Logo no início de 2021, eu começo a perder a voz, e aquilo começou a me chamar a atenção. Então, eu fui ao médico. Eu tinha um tumor na orofaringe, um tumor T3, já bem avançado. E não tinha condições de fazer cirurgia.

Quando o médico chegou para mim e falou assim: Olha, você está com câncer e é maligno, na mesma hora eu olhei para o céu e falei: Senhor, o que houve? Então, começou toda a minha luta ali. Qual foi o meu tratamento? Porque Deus cura. Deus cura no olhar, Deus cura no sopro, Deus cura numa palavra. Foi assim que ele fez com o centurião de Carfanaum, no Evangelho de Mateus, quando aquele homem procura Jesus no caminho e diz assim: ‘Meu servo está morrendo, mas uma palavra sua vai fazer com que ele viva’.

E Jesus disse assim: ‘Eu nunca vi tanta fé em todo Israel, vá que teu servo está curado’. Então, eu falei isso com Deus, falei: Senhor, o que é isso? Então, eu comecei ali, em 2021, toda a minha tratativa com Deus. 

Como foi o tratamento?

O meu tratamento do primeiro câncer foram seis sessões de quimioterapia e 33 sessões de radioterapia. A radioterapia é cruel. Ela comeu toda a minha mucosa, eu fiquei em carne viva, não conseguia beber água, não conseguia engolir saliva, não conseguia fazer nada e emagreci 26 quilos em 60 dias.

O tratamento foi muito severo. Mas em momento algum eu murmurei, em momento algum eu falei mal de Deus, em momento algum eu desanimei. O que eu fazia? Eu conversava com Ele, orava, perguntava a Ele: qual o propósito que tu queres, Senhor?

Mas o Senhor tinha certeza que havia um propósito. Sabia. Tinha certeza. Eu comecei a entender que ele começou a me ferir. Que ele queria algo de mim. Que Ele queria me acertar. Ele queria que eu entendesse que eu não estava desenvolvendo o que ele determinou na minha vida.

Por isso ele me feriu. Assim como ele feriu o Jó. Porque Jó disse, o mesmo Deus que fere é o mesmo Deus que sara. Eu fui para o tratamento. Terminei o tratamento em junho, em julho de 2021.

Passei aquele ano me recuperando. E em 2022, no segundo semestre, eu descubro uma metástase no pulmão. Quando eu vi a metástase no pulmão, eu confesso a você que não foi fácil para mim, eu fiquei muito mal.

Então, eu já comecei a falar mais próximo de Deus. Eu falei: Senhor, tu queres me colher? Mas só tem propósito na minha vida, só tem ministério na minha vida. Senhor, o que tu queres? Eis-me aqui. Então, eu comecei, de fato, a ver o que eu estava fazendo errado e começando a me acertar com Deus.

E o tumor estava sedimentado num lugar que poderia fazer uma cirurgia com margem de segurança. Fiz a cirurgia. Depois, eu encontrei com o patologista que estava na minha sala de cirurgia. Encontrei com ele no meu condomínio. Ele que fez a minha patologia no momento.

Ele disse que a célula encontrada na minha metástase era de uma agressividade que você não tem noção. Ele me aconselhou a viver minha vida e curtir minha família. Ele quis dizer que eu ia morrer.

Delegado José Darcy Arruda fazendo sessão de imunoterapia
Delegado José Darcy Arruda fazendo sessão de imunoterapia. Foto: Instagram/Reprodução

Todos viram que a minha situação era muito séria. Mas eu disse: a última palavra é de Deus. E continuei trabalhando, orando, aí eu comecei já a desenvolver meu ministério, comecei já a retomar meu ministério, que é pregar o Evangelho. 

E o terceiro tumor?

Para minha surpresa, quatro meses depois, aparece um outro câncer. Na amígdala. Aí eu fui para o médico. No dia 22 de fevereiro de 2024, eu operei a amígdala. Esse câncer da amígdala foi outra célula. Os médicos não entenderam, não.

Então já era o terceiro câncer. Dali a três meses, surge então uma nova metástase no meu pulmão. Aí eu falei: Senhor, vamos lá, tamo junto. Pai, o que tu queres? Esse então, quando eu descobri, estava com 3,3 centímetros.

Fui eu, então, para o tratamento. Cheguei lá numa quinta-feira e encontrei uma senhorinha, você já ouviu falar na irmãzinha do coque? Tinha lá uma irmãzinha do coque, assim, muito simples, chinelinho de dedo, vestido de chita.

E ela não falava com ninguém. Ela chegava, fazia o tratamento dela e ia embora. No domingo, a minha esposa foi ao shopping com a minha filha, eu fiquei sozinho em casa. Fui pego pelo inimigo, pelo diabo, de uma forma tão violenta, que ali eu achei que eu ia morrer. Eu achei que desse câncer eu não sobreviveria.

Eu comecei a chorar, fui para o meu quarto, dobrei meu joelho no quarto e comecei a chorar aos pés da cruz. Clamei a Ele, pedi a Ele que afastasse de mim aquele cálice e que tomasse a minha vida e colocasse nas mãos dele. 

O senhor estava se sentindo mal? 

Eu fui atacado. Eu senti o gosto da morte na minha boca. O inimigo veio para acabar comigo. Então, eu depositei tudo nas mãos dele e falei: eu estou nas tuas mãos. Aí voltei, relaxei, mas eu falei com ele, antes de terminar a minha oração, falei com ele em pensamento, para o diabo não ouvir e não mascarar a minha resposta, falei: Senhor, me manda uma resposta, fala comigo.

Eu preciso te ouvir, eu preciso te sentir. Aí, segunda-feira, fui fazer a rádio e a irmãzinha chegou também. Nunca vi aquela senhora na minha vida. Só aqueles dois dias. E ela apontou para mim e falou assim: ‘Deus manda te dizer agora que está cuidando de você no teu íntimo. Ele é o Deus da tua vida e manda te dizer: isso vai passar. Creia nele’.

Aí eu comecei a chorar. Ali eu entendi que longa é a minha caminhada. Deus respondeu. O tumor de 3,3 centímetros, ele abaixou para 1. Mas não morreu.

Então, tem uma tecnologia moderna chamada crioablação (procedimento minimamente invasivo que usa temperaturas extremamente baixas para destruir tecidos anormais, como tumores). É uma tecnologia moderna, não coberta pelo plano de saúde, caríssima, mas Deus me abençoou, o plano pagou e eu fiz, o resultado saiu semana passada e eu estou curado. Então, essa é a minha vida, esse é o meu testemunho. 

O senhor teve uma perda que te marcou muito.

Eu perdi um policial aqui. Eu perdi um policial infartado. Que eu amava muito. Era meu motorista. E quando ele morreu, eu fiquei muito mal. Isso foi em 2024. Eu fiquei muito mal, porque eu não tinha falado para ele abertamente de Jesus. Aquilo acabou comigo.

Ele se despediu de mim numa quarta-feira, e quinta-feira ele interna, aí ele foi para UTI, eu não pude vê-lo, ele recebeu a família dele toda no sábado, e no domingo ele infartou, não teve jeito. Na segunda-feira, então, eu fui para o velório, mas em determinado momento houve um chamado do Palácio, eu tive que ir ao Palácio, eu não podia ir ao sepultamento.

E no sepultamento, então, o filho dele me procurou e disseram assim: ‘doutor Arruda precisou sair’. Aí ele disse assim: ‘Eu queria que o doutor Arruda soubesse que meu pai, que meu pai aceitou Jesus, pela fé do Dr. Arruda’. Aquilo me confortou, porque o meu comportamento, a minha fé salvou o meu policial. Ele está na eternidade (se emociona).

E o senhor acha que sua missão é ser pastor?

Não. A minha missão é ser evangelista. O que é o evangelista? Porque a palavra de Deus diz que uns vieram para ser mestres, outros para pastores, outros para evangelistas. O que é ser um evangelista?

É ganhar a alma para Jesus e deixar o pastor cuidar. O pastor tira carrapicho de ovelha. Pastor levanta de madrugada e vai para tua casa para botar você no colo, para ouvir a sua tristeza e te abençoar e te confortar. Essa é a missão do pastor. Pastor é cuidar, é zelar.

A minha missão é ganhar almas para Jesus e fazer com que o pastor cuide. E quem é o nosso maior pastor? É Jesus. 

Em meio a tantas lutas, como é que o senhor faz para manter a rotina, trabalhar e ao mesmo tempo se dedicar ao tratamento? Não fica em casa por um tempo pra fazer o tratamento?

Não. Eu esqueço das coisas para trás, fico e sigo em direção ao meu alvo, que é Jesus Cristo, que é o meu Salvador. Eu tenho que pregar a palavra. Então, é isso que eu faço. Eu acordo, eu faço a minha oração, eu entro no carro, venho em oração no espírito, oro quando eu chego aqui. 

Como é a rotina do delegado Arruda, da hora que ele acorda até a hora que ele vai dormir?

Eu acordo cedo, às 6h já estou acordado, tomo o meu café com Deus. O meu café é ouvindo louvor, é conversando com Deus, é o meu momento com Deus. Seis e meia, minha esposa já sai para levar minha filha para o colégio e eu fico só. Então, é o meu momento com Ele.

Ali eu escuto o louvor, faço o meu ovo mexido, o meu pão, converso com Deus, faço uma revisão de tudo o que aconteceu, vou orando, depois eu me arrumo e venho trabalhar. Mas eu recebo muitas demandas antes.

Depois que eu faço tudo isso, meu assistente me manda, pela manhã, toda a parte de jornal. Tem que conhecer tudo, tem que saber tudo. Ali eu já olho tudo. Então, eu vejo ali, às vezes, alguma coisa que vai dar problema. Vejo um crime que aconteceu, imediatamente eu ligo para o delegado.

Porque o governador me demanda, às vezes, às 5h. Eu já começo a olhar tudo. Já fico antenado, aí eu vejo que teve um crime que tem que ter uma atenção, um crime que eu sei que eu vou precisar acompanhar, porque vocês vão me demandar, eu não tenho dúvida disso, aí eu já mando para o colega, falo que eu quero uma resposta disso.

Eu recebo de manhã todas as operações policiais que todos fazem. E eu imediatamente mando para o secretário e para o governador. O governador acompanha em tempo real todas as operações da Polícia Civil.

Voltando à rotina, eu chego e vou despachar com a minha chefe de gabinete. Ela me traz todos os problemas, às vezes difíceis, né? Aí eu tenho as agendas. Às vezes, eu tenho que receber deputados, pessoas do povo que querem falar comigo. Às vezes, eu tenho reuniões fora. Aí eu vou almoçar. Aí à noite eu vou para casa.

À noite, o senhor vai para a academia?

Eu tenho uma personal, uma fisioterapeuta que está comigo há 20 anos. Porque eu tenho um problema sério de artrose, tenho um problema sério para andar. Para andar, eu tenho que fazer muita musculação.

É ela que me faz andar. É remédio para mim. Eu saio daqui e tenho que ir para a academia. Eu tenho que malhar. No meu último tratamento, eu desidratei, perdi muito músculo. E se você perde músculo nessa idade, você perde vida. Estou resgatando o músculo.

Eu tenho uma nutricionista oncológica, a minha endocrinologista. Vou fazer aproximadamente 25 exames de sangue, entendeu? Depois vou fazer a minha imunoterapia.

Eu saio da academia umas 21 horas, vou para casa, tomo meu banho, como alguma coisa leve, geralmente é salada, salada com ovos e tudo. Eu procuro não comer nada muito pesado à noite. 

Uma dieta regradinha também? 

Regrada. Estou zero açúcar. Eu adoro doce, tomo remédio para controlar meu açúcar, porque o meu açúcar é alto, não posso ficar diabético. Estou tomando uma sequência de ferro, um complexo B para igualar. O câncer, o tratamento, ele te dá sequelas.

Te dá efeitos colaterais. Eu tive uma necrose óssea aqui. E necrose óssea, você não recupera. Eu perdi dentes aqui atrás. Necrose. Então, são coisas que acontecem, não tem jeito. E eu não posso ficar olhando pra trás. Tem que entender que faz parte do processo. Vamos embora. Tô vivo.

Eu estou vivo! Acho que isso que é importante. Deus está me dando vida, tá me dando saúde. Tenho uma filha linda, tenho filhos lindos, uma esposa maravilhosa. Tenho um trabalho que eu amo. Final de semana, então, é para curtir a minha casa, a minha igreja, a minha filha, a minha esposa, meu outro filho que está aqui.

Enfim, aí eu saio para curtir um pouco, hoje a gente sai pra jantar, almoça fora, amanhã a gente come em casa. E a gente vai, e a gente é feliz.

Qual foi o caso que o senhor acompanhou dentro da polícia, seja como chefe, seja como delegado, que mais te marcou?

Em Cachoeiro, quando eu estive lá, eu determinei. Na verdade, não era eu, foi Deus que determinou. Eu prendi todos os traficantes de Cachoeiro, chegando ao maior dos traficantes. E tinha um que eu dizia assim: esse eu vou prender a qualquer preço, e eu prendi ele.

Ele se converteu na cadeia, tornou-se pastor, meu amigo. Depois, eu me converti e nós congregamos juntos na mesma igreja. Ele morreu há pouco tempo, mas algo também que me chamou muita atenção, porque quando eu prendi ele, o mundo veio contra mim para soltá-lo.

Eu disse: não solto. Mas não era eu, era Deus, porque ele precisava se converter. Aí um belo dia, ele recebeu a visita de pastores lá no presídio, lá em Cachoeiro, e o pastor disse pra ele assim: ‘Olha, essa noite mil caírão ao teu lado, dez mil à tua direita, mas você não será atingido’.

E o que que aconteceu naquela noite? Foi preso um bêbado, um doidão, e ele entrou na cela, botaram na cela dele. O cara botou fogo na cela, todo mundo pegando fogo, todo mundo se queimando, ele em pé, o fogo não pegava nele.

Aí quando tirou todo mundo, ele saiu, se ajoelhou e se entregou a Jesus ali. E ele começou a pregar para mim também. E dali, quatro, cinco meses depois, eu me entreguei. 

Então, o senhor prendeu ele e vocês se tornaram irmãos na fé? 

Isso. 

José Darcy Arruda delegado geral
Arruda conversou com o Folha sobre tratamento contra o câncer, fé e trabalho policial. Foto: Dyhego Salazar/Folha Vitória

Conte um pouco sobre a sua trajetória profissional.

Eu sou do estado do Rio de Janeiro, nascido e criado em Barra do Piraí. Fiz faculdade em Barra Mansa, com muita dificuldade. Depois trabalhei em um banco. Comecei como contínuo e cheguei a caixa. Me formei como advogado em 1985 e fui advogar.

Meu pai tinha um escritório na cidade, era muito conhecido, então fui trabalhar com ele. Aí me deu uma vontade de buscar concurso. Fiz vários concursos. Surgiu o concurso aqui no Espírito Santo, em 1991.

Vim fazer a inscrição sem pretensão nenhuma e passei. Então, eu vim embora para o Espírito Santo com 31 anos. A minha primeira comarca foi Barra de São Francisco. Depois, fui transferido para a região do Caparaó, Conceição do Castelo, Iúna, Venda Nova do Imigrante, trabalhei ali dois ou três anos. 

Nessa época já veio com sua família? 

Sim, eu vim com a minha família. Era na época do meu primeiro casamento. Eu estou no segundo casamento há 25 anos. Vim com a primeira esposa, e ela veio grávida de um casal de gêmeos, que são meus dois filhos.

Eles nasceram em Barra de São Francisco. Então, depois dali eu fui para Conceição do Castelo e depois Cachoeiro do Itapemirim. Lá, eu me separei e conheci a minha atual esposa, que está comigo até hoje.

E tenho uma filha com ela também, maravilhosa, a Clarinha, que está com 13 anos. Mas foi em Cachoeiro que tive meu encontro com Cristo, lá me converti. Depois passei por várias delegacias e em 2013 assumi a Subsecretaria de Inteligência de Estado, onde fiquei até 2015.

Em 2019, o governador então me chama para ser o delegado-geral. Eu assumi o cargo no dia 2 de janeiro de 2019 e permaneço até hoje na função. Eu sou o delegado-geral mais antigo da Polícia Civil, que mais tempo ficou no cargo, o delegado-geral mais antigo do Brasil no cargo.

Eu faço parte do Conselho Nacional dos Chefes de Polícia e Delegados Gerais, onde eu sou decano. Essa é a minha história na polícia.

Conte um pouquinho da história da sua conversão.

Eu sou evangélico, sou da Igreja Evangélica Resgate, ali em Itapuã, Vila Velha, do pastor Francisco Jorge. Eu tenho 26 anos de convertido. Me converti na Assembleia de Deus em Cachoeiro de Itapemirim. Lá, eu fui consagrado presbítero.

E depois eu vim embora para Vitória. Eu fiquei 10 anos na Missão Evangélica Praia da Costa. O pastor Francisco era de lá. Então, ele abriu o ministério dele e a igreja dele. Eu fui com ele, já estou há 15 anos com ele. Estou na Igreja Evangélica Resgate já há 15 anos.

Antes, eu era como se fosse um Paulo. Era perdido, totalmente perdido. Porque eu não tinha conhecimento nenhum da Palavra, conhecimento nenhum de Deus. Eu bebia muito, fumava três maços de cigarro num final de semana, bebia um litro de uísque num final de semana.

Tinha uma vida totalmente desregrada, totalmente fora da presença de Deus. E foi a minha atual esposa que me fez um convite, para eu ir frequentar um grupo católico, carismático. E eu comecei a ir lá.

Comecei a ouvir a Palavra, a ouvir os louvores e aquilo começou a mexer comigo. Sempre fui muito intenso nas coisas que eu faço. Mas aí algo começou a me incomodar muito. Deus começou a mexer comigo.

E eu sentia que eu tinha que conhecer outras igrejas. Aí, no dia que eu entrei na Assembleia de Deus, lá em Cachoeiro de Itapemirim, aquilo me encheu e eu falei: é aqui que eu vou ficar. Fiquei lá quase cinco anos. E de lá, então, eu recebi da parte de Deus a profecia que eu seria o delegado-geral.

Eu esperei praticamente 20 anos para isso. Me preparei durante todo esse tempo. Então, eu tenho certeza que quando eu cheguei aqui, eu cheguei com determinação de Deus. Deus já tinha dito para mim: você vai assumir.

Só que quando Deus promete isso na tua vida, o inimigo das almas, das nossas almas, o inimigo de Deus, que é Satanás, ele sabe. Então ele começa a tentar tirar você do propósito que Deus estabeleceu. E durante esses anos eu passei por muita coisa, mas eu perseverei e a promessa de Deus, por mais que você, homem, seja infiel, mas Deus não é, Deus é fiel.

Ele prometeu, Ele cumpre. E Ele cumpriu. E durante a minha chegada aqui, Deus quando faz isso com você, quando Ele te diz, olha, vou te colocar em tal lugar, ele te coloca em tal lugar para até fazer com que você seja beneficiado, faz até com que você agrade o seu coração, mas ele quer algo de você.

Ele quer que você faça algo pela obra Dele. Então, qual era a minha missão aqui? Falar da Palavra dele, falar do amor de Jesus, cuidar das pessoas. Foi isso que Ele fez. Todas as ideias que eu tive, hoje a Polícia Civil é um canteiro de obras, hoje a Polícia Civil é totalmente digital, hoje a gente teve várias ideias fantásticas, mas todas as ideias que eu tive, foi Deus que me trouxe.

E eu desenvolvi, Ele me dando direcionamento. Mas aconteceu que eu tinha que fazer algo, e eu não fiz, eu tinha que falar, pregar o Evangelho, eu tinha que falar do amor Dele para as pessoas.

Fale um pouco mais sobre os desafios do cargo.

Como eu lhe falei que o nosso inimigo ele é perverso, ele é cruel, eu comecei a ser muito perseguido aqui. Porque quando eu cheguei, Deus determinou a mim que eu tinha que tirar determinadas pessoas que não podiam ficar. Tive que fazer algumas mexidas. Por isso, eu comecei a ser muito perseguido, mas perseguido mesmo.

Inventavam denúncias anônimas a meu respeito, mandavam para o Ministério Público, e o Ministério Público então, por sua vez, encaminhava para mim para eu poder explicar aquela situação. Eram todas mentiras e mais mentiras. Eu tenho pastas e mais pastas de respostas minhas. Fizeram denúncias horríveis a meu respeito.

E nenhum processo foi em frente? 

Nenhum processo foi em frente. Todos foram arquivados. Porque Deus foi fiel. Eu ganhei todas as batalhas. Mas eu não dei a Ele a honra que Ele queria ter. Porque foi Ele que venceu as batalhas por mim.

Então, quando eu me calei, quando eu me calei e lutava para me defender aqui, eu não tinha que me preocupar com a defesa, eu tinha que me preocupar em fazer o que Ele determinou a mim, porque Ele combatia a minha guerra, não é?

Mas eu comecei a usar as minhas forças e, com isso, eu não fiz o que eu tinha que fazer, que era pregar o Evangelho para as pessoas. 

E eu não parei de ser atacado. Estou sendo muito perseguido, muito. Porque agora querem me tirar da cadeira. Há novas denúncias. Falsas. Mas eu já estou acostumado com isso. Meus inimigos ficam inventando coisas a respeito disso, enfim, tantas coisas, sabe? Porque a gente não consegue agradar todo mundo.

Na verdade, vai haver sucessão no governo, não vai? Só que já tem pessoas querendo ser delegado-geral. Eu não me incomodo com isso, não. Isso é salutar, mas que seja de uma forma correta. Todo aquele que tentar usurpar não vai conseguir.

E por que eu estou aqui até hoje? Porque Deus me manteve aqui até hoje. Foi Deus que colocou e é Deus quem vai tirar. Então, com isso eu estou em paz. Se amanhã você souber assim: doutor Arruda se despediu, foi porque Deus falou, acabou. Chegamos ao fim. Agora é outra caminhada.

Patricia Maciel

Repórter

Jornalista formada em 2011, com experiência nas principais empresas de comunicação do Espírito Santo. Também atuou como assessora de comunicação e social media.

Jornalista formada em 2011, com experiência nas principais empresas de comunicação do Espírito Santo. Também atuou como assessora de comunicação e social media.