Imagem: Freepik
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O verão chega trazendo energia, viagens e dias mais longos. Ao mesmo tempo, o fim de ano costuma vir carregado de agenda cheia, mudanças de rotina e emoções acumuladas. Para muita gente, essa combinação faz com que as dores de cabeça apareçam com mais frequência ou fiquem mais intensas justamente na época em que todos gostariam de estar mais leves.

Não é coincidência. Há motivos biológicos e comportamentais que explicam essa piora. E, quando entendemos o que acontece, fica mais fácil se proteger e evitar grande parte do desconforto.

Possíveis causas da dor de cabeça no verão

A desidratação é um dos fatores mais importantes. Com o aumento da temperatura, perdemos líquidos e sais minerais com mais facilidade. Mesmo uma desidratação leve já é suficiente para sensibilizar o cérebro e favorecer crises, principalmente em quem convive com enxaqueca. Muitas vezes a pessoa passa a manhã resolvendo pendências, almoça tarde, toma mais café do que água e só percebe o impacto quando a dor já está instalada.

A exposição prolongada ao sol e ao calor também contribui. Mudanças bruscas de temperatura, como sair de um ambiente refrigerado para o sol forte, podem estimular vias neurológicas ligadas à dor. No fim de ano isso é ainda mais comum, porque as pessoas passam mais tempo ao ar livre, na praia, em viagens ou em compromissos sociais.

Outro ponto importante é o sono. Entre festas, confraternizações, viagens e horários irregulares, o padrão de descanso muda. Para quem tem cefaleia, essa oscilação costuma ser um gatilho potente. O cérebro sensível percebe rapidamente quando o ritmo circadiano se desorganiza.

A alimentação irregular típica desse período também participa do quadro. Muitas pessoas ficam longos intervalos sem comer, ou exageram em bebidas alcoólicas e alimentos que, para alguns indivíduos, podem precipitar crises. E há ainda o fator emocional. O fim de ano costuma revirar sentimentos, expectativas, avaliações e pressões internas que muitas vezes passam despercebidas, mas se refletem no corpo.

Como evitar o desconforto

Apesar de tudo isso, é possível atravessar a estação com mais conforto. Pequenas medidas fazem grande diferença. Beber água regularmente ao longo do dia, e não apenas quando surge sede, é essencial. Em dias muito quentes, a hidratação precisa ser ainda mais generosa.

Manter horários aproximados de sono, mesmo durante as férias, ajuda muito a estabilizar o organismo. Outra estratégia é evitar longos períodos de jejum e preferir refeições leves e distribuídas ao longo do dia.

Sempre vale observar o próprio padrão. Algumas pessoas percebem piora com vinho espumante, outras com calor intenso, outras com noites mal dormidas. Reconhecer esses padrões permite ajustar a rotina sem abrir mão dos momentos importantes.

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E, por fim, buscar ajuda quando necessário. Se as dores estão mais frequentes, se a intensidade aumentou ou se você tem recorrido a analgésicos muitas vezes na semana, vale conversar com um especialista. Existem tratamentos preventivos, estratégias personalizadas e abordagens complementares que transformam a relação com a dor.

O verão e o fim de ano não precisam ser sinônimos de crise. Com informação, cuidado básico e atenção ao ritmo do corpo, é possível viver essa época de forma mais leve, presente e, sim, com bem menos dor.

Dra. Camila Resende

Neurologista e Neurofisiologista

Médica. Neurologista e Neurofisiologista (Residência médica USP - RP). Membro titular da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) e da Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica (SBNC). @dracamilaresende

Médica. Neurologista e Neurofisiologista (Residência médica USP - RP). Membro titular da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) e da Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica (SBNC). @dracamilaresende