Imagem: Freepik
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Sentir dor no ouvido ao viajar de avião, durante decolagem ou pouso, é relativamente comum, mas em alguns casos a dor pode ser muito forte, preocupando muito o passageiro e os comissários.

Mas, afinal, por que isso acontece? Quais fatores favorecem esse desconforto?

O que causa dor no ouvido no avião

A orelha média é uma pequena cavidade cheia de ar, atrás da membrana timpânica, que se comunica com a parte posterior da cavidade nasal por meio da tuba auditiva, que permite ventilar a orelha média, para equilibrar a pressão de ar entre a orelha média e o ambiente externo.

Quando o avião decola ou desce, a pressão atmosférica na cabine muda, ainda que seja uma cabine pressurizada. Essas variações de pressão afetam a orelha. Se a tuba auditiva não se abre o suficiente ou está bloqueada, a pressão na orelha média não se iguala à pressão externa. Então a membrana timpânica vai se retrair ou abaular, causando dor, sensação de ouvido tampado, estalos ou mesmo diminuição da audição.

Nos eventos em que a pressão do lado de fora do tímpano aumenta rapidamente (por exemplo, quando o avião desce e a pressão atmosférica externa sobe). Se a orelha média permanece com menor pressão, ocorre uma retração da membrana timpânica, que pode causar dor.

Quando a pressão externa cai rápido (na subida) e a orelha média demora para compensar, ocorre uma distensão da membrana timpânica, que também pode causar dor ou ainda, sensação de ouvido cheio. Quando a tuba auditiva está bloqueadacomo nos casos de congestão nasal, alergia ou infecção, essa equalização demora ou não ocorre, o que causa os incômodos descritos.

Em casos mais extremos, essa diferença de pressão pode causar lesão no tímpano ou edema na orelha média, o que leva a dor mais intensa e complicações, com risco de perda auditiva definitiva.

Alterações no tímpano após voo

Estudos médicos mostram que até 10% dos adultos e 22% das crianças podem apresentar alterações no tímpano após voo. Alguns grupos são mais susceptíveis ao mal funcionamento da tuba auditiva:

  • Crianças: a tuba de auditiva é mais curta e mais horizontal, o que dificulta equalizar a pressão tão rapidamente.
  • Pessoas com resfriado, sinusite, rinite alérgica: se o nariz ou as vias aéreas estão congestionados, a tuba auditiva pode estar total ou parcialmente bloqueada, causando falha na equalização da pressão atmosférica.
  • Passageiro dormindo durante a decolagem ou pouso: se você está dormindo, não engole, boceja ou movimenta a mandíbula — todas essas ações ajudam a abrir a tuba. Sem isso, o processo de equalização fica inativo.
    • Voo com várias mudanças rápidas de altitude (voos com muitas subidas/descidas) vôos rápidos ou com pressurização subótima na cabine favorecem variações e diferenciais de pressão atmosférica maiores.

Na maioria dos casos, a dor passa naturalmente quando a pressão se igualiza. Mas em casos menos comuns algumas complicações podem ocorrer, como acúmulo de fluido ou edema na orelha média, levando a dor persistente ou diminuição auditiva transitória e até mesmo perfuração da membrana timpânica.

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Em casos recorrentes ou graves, pode haver necessidade de intervenção médica, sendo a mais comum a colocação de tubo de ventilação em casos de disfunção crônica da tuba.

Como evitar o incômodo

Algumas medidas podem ser observadas, para diminuir o risco de incômodo ou lesão:

  • Durante decolagem e pouso, engolir, bocejar, mastigar chiclete ou chupar bala, pois esses movimentos abrem a tuba auditiva e facilita a equalização da pressão.
  • Se houver congestão nasal considerar uso de descongestionante nasal ou spray nasal cerca de 30 a 60 min antes da descida. Isso ajuda a abrir as vias aéreas e a tuba.
  • Evitar dormir durante a descida: se a pessoa dorme e não está engolindo ou bocejando, a tuba pode não se abrir e o processo se complica.
  • Se a pessoa tem histórico de otite média, cirurgia de ouvido, ou disfunção da tuba auditiva, deve discutir com seu otorrino antes do voo sobre recomendações específicas.
  • Em crianças, oferecer mamadeira ou chupeta na decolagem/pouso, ou fazer que engulam conscientemente.

Essas medidas de prevenção são muito úteis para reduzir o desconforto durante o voo.

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Dr. Giulliano Luchi

Otorrinolaringologista

Médico. Mestre e Doutor em Otorrinolaringologia. Professor de Otorrinolaringologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Título de especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Membro internacional da Academia Americana de Otorrinolaringologia. MBA em gestão de negócios em Saúde. Formação em Mentoring, Coaching e Advice. @otoclinica_giulliano_luchi

Médico. Mestre e Doutor em Otorrinolaringologia. Professor de Otorrinolaringologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Título de especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Membro internacional da Academia Americana de Otorrinolaringologia. MBA em gestão de negócios em Saúde. Formação em Mentoring, Coaching e Advice. @otoclinica_giulliano_luchi