
Mais de 85 mil óbitos por Acidente Vascular Cerebral (AVC) foram registrados no Brasil, em 2024, segundo a Sociedade Brasileira de AVC (SBAVC). A doença é a segunda principal causa de morte entre pessoas acima dos 60 anos de idade, e a quinta principal dos 15 aos 59 anos.
No dia 29 de outubro, data dedicada à prevenção do AVC, especialistas explicam o que é a doença e como se prevenir.
O que é o AVC?
O AVC acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, o que pode provocar a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. Em um artigo publicado na coluna Vida Saudável, a neurologista e neurofisiologista Camila Resende explica os dois tipos de AVC.
“Pode ser por um entupimento (AVC isquêmico), que responde por cerca de 85% dos casos, ou por um sangramento (AVC hemorrágico), quando um vaso se rompe dentro do cérebro”, detalhou.
Apesar de ser uma doença súbita, ou seja, aguda e inesperada, o surgimento do acidente vascular cerebral, na maior parte das vezes, é consequência de um processo gradual, como afirma a cardiologista Viviane Coutinho, da MedSênior.
O evento súbito ocorre quando um vaso sanguíneo no cérebro é interrompido por um bloqueio (AVC isquêmico) ou rompimento (AVC hemorrágico), mas essa interrupção, no caso do AVC isquêmico, é facilitada por condições como hipertensão, diabetes, colesterol alto, tabagismo e sedentarismo, que se desenvolvem ao longo do tempo.
Viviane Coutinho, cardiologista da MedSênior
Por isso, quanto antes se pensar na prevenção, melhor. Acompanhamento médico regular, focando na promoção da saúde, cuidar da alimentação, não fumar, administrar o estresse e evitar o sedentarismo são atitudes que ajudam a prevenir a doença.
Viviane Coutinho ainda destaca que para evitar doenças do sistema cardiovascular, como o AVC, também é fundamental identificar e tratar precocemente doenças crônicas que podem ser fatores de risco.
“A ciência e a medicina nos oferecem recursos para manter doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, sob controle, tanto do ponto de vista de hábitos assertivos quanto no que diz respeito a exames de diagnóstico e medicamentos”, explica.
8 dicas para prevenir o AVC
- Mantenha a pressão arterial sob controle. Se precisa de medicamentos, não interrompa tratamentos por conta própria, nem espere a pressão estar alterada para utilizá-los. Siga a recomendação do seu médico em relação a doses e horários.
- Arritmias como a Fibrilação Atrial aumentam o risco de coágulos que podem chegar ao cérebro e causar um AVC isquêmico. A recomendação é que adultos façam check-ups cardiológicos regulares, mesmo sem sintomas.
- Você já sabe, mas nunca é demais repetir: fatores como obesidade, tabagismo e consumo excessivo de álcool também aceleram danos às artérias e ao coração — e seus efeitos aparecem mais tarde.
- Esteja atentos aos níveis de colesterol e à glicemia.
- A vida moderna impõe pressa, pouco descanso e muito estresse — e o cérebro sente. A apneia do sono, por exemplo, é uma condição frequentemente negligenciada que pode triplicar o risco de AVC.
- O sedentarismo também é um grande inimigo: praticar atividade física regular, mesmo leve, ajuda a manter a pressão, o peso e o humor sob controle.
- Cuidado com os anticoncepcionais: alguns tratamentos anticoncepcionais podem favorecer o surgimento do AVC, principalmente em mulheres fumantes, com pressão alta, ou que sofram de enxaqueca. Converse com o seu médico.
- Já há estudos relacionando a incidência de AVCs ao uso de substâncias tais como anabolizantes com fins estéticos. Tenha um médico de confiança e se informe antes de colocar em risco a sua saúde.
Sinais que podem indicar um AVC
Segundo o Ministério da Saúde, os principais sinais que podem indicar AVC são: confusão mental; alteração de fala ou compreensão; alteração na visão; dor de cabeça súbita, sem causa aparente; alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar; fraqueza ou formigamento em um lado do corpo (rosto, braço ou perna).
A sigla “SAMU” é usada para ajudar a memorizar os principais sinais:
- Sorriso: verificar se o sorriso está assimétrico ou “torto”;
- Abraço: verificar se a pessoa consegue levantar os dois braços
- Música: conferir se há dificuldade em falar ou em cantar
- Urgente: buscar ajuda médica imediatamente caso o paciente apresente os sintomas.