Xuxa Meneghel (Foto: Reprodução/ Internet)
Xuxa Meneghel (Foto: Reprodução/ Internet)

Nesta semana, a apresentadora Xuxa Meneghel voltou a chamar atenção para um tema importante da saúde da coluna ao passar por uma cirurgia para tratar estenose foraminal, uma condição que afeta milhares de brasileiros, especialmente a partir da meia-idade.

A repercussão trouxe luz a uma doença muitas vezes subdiagnosticada, responsável por quadros intensos de dor, limitação funcional e perda de qualidade de vida.

O que é a estenose foraminal

A estenose foraminal ocorre quando há um estreitamento do forame, o pequeno canal por onde as raízes nervosas saem da coluna vertebral. Quando esse espaço diminui — seja por artrose, desgaste discal, hérnias ou espessamento ligamentar — o nervo é comprimido. Essa compressão pode causar dor irradiada (como a famosa dor ciática), dormência, formigamento e até fraqueza nos membros.

No caso lombar, a estenose foraminal afeta com frequência pessoas que já têm histórico de degeneração discal ou de espondiloartrose. A região cervical também pode ser comprometida, gerando dor que irradia para os braços, perda de força ou alterações de sensibilidade.

Muitas vezes, a doença progride lentamente, e o paciente vai se adaptando à dor, acreditando ser algo “da idade”. É justamente por isso que o diagnóstico frequentemente é tardio.

Tratamento

O tratamento inicial costuma ser conservador: fisioterapia especializada, fortalecimento muscular, analgesia, mudanças de postura e infiltrações guiadas. No entanto, quando há falha dessas medidas ou sinais neurológicos importantes, a cirurgia se torna necessária — e foi exatamente essa a situação recente da apresentadora.

A cirurgia pela qual Xuxa passou, divulgada pela mídia nesta semana, reforça a relevância do avanço das técnicas minimamente invasivas na coluna. Esses procedimentos possibilitam uma descompressão mais precisa, menor trauma tecidual e recuperação acelerada.

Na estenose foraminal, o objetivo é liberar a raiz nervosa, retirando o que está comprimindo o forame — seja parte do disco herniado, osteófitos (bicos de papagaio), espessamentos ligamentares ou fragmentos degenerativos.

Quando a cirurgia é necessária

A decisão pelo procedimento cirúrgico não é simples e leva em consideração uma combinação de fatores clínicos e radiológicos. Entre as indicações mais frequentes estão:

  • Dor severa e incapacitante, refratária ao tratamento conservador;
  • Déficits neurológicos, como perda de força ou queda do pé/mão;
  • Compressão radicular confirmada em exames de imagem, correlacionada ao quadro clínico;
  • Limitação importante da mobilidade e impacto na qualidade de vida.

Para pacientes ativos, como a própria Xuxa, manter autonomia e capacidade funcional é prioritário, e a cirurgia muitas vezes representa não apenas a resolução da dor, mas a retomada de uma vida mais plena.

Após a descompressão foraminal, o pós-operatório costuma incluir analgesia, fisioterapia precoce, controle de inflamação e orientações rigorosas sobre postura e retorno gradual às atividades. A maioria dos pacientes experimenta melhora progressiva em semanas, embora a recuperação completa da função nervosa possa levar meses, dependendo do grau de compressão prévia.

A necessidade de valorizar sintomas persistentes

O caso da apresentadora ajuda a ampliar a conscientização sobre a necessidade de se valorizar sintomas persistentes. Dor que irradia para pernas ou braços, perda de força, sensação de choque ou dormência não devem ser vistos como “normais”. São sinais de alerta que merecem investigação com exame clínico adequado e, se necessário, ressonância magnética.

Além disso, reforça como as cirurgias de coluna evoluíram nos últimos anos. A combinação de técnicas endoscópicas, microscópicas e instrumentação moderna tornou os procedimentos mais seguros, com incisões menores e recuperação mais rápida. A estenose foraminal, que antes podia significar cirurgias extensas e longas internações, hoje pode ser tratada com precisão e mínima agressão.

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A saúde da coluna é um tema cada vez mais relevante, impactado por hábitos de vida, envelhecimento populacional e altas demandas funcionais do dia a dia. Trazer esse assunto ao debate público — ainda mais quando estimulado por figuras conhecidas — é fundamental para estimular diagnóstico precoce, prevenção e, quando necessário, acesso ao tratamento adequado.

A cirurgia de Xuxa não apenas tratou sua condição, mas também abriu espaço para que mais pessoas entendam a importância de cuidar da coluna e reconheçam que a tecnologia médica atual oferece caminhos seguros e eficazes para tratar doenças como a estenose foraminal

Guilherme Galito

Colunista

Médico Ortopedista e traumatologista sub especialista em cirurgia da Coluna Vertebral (Santa Casa de Santos –SP) , Pós graduado em medicina regenerativa ( Cetrus – SP ), preceptor do Serviço de Ortopedia e Cirurgia de Coluna do VAH, preceptor da Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia VAH, Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC).

Médico Ortopedista e traumatologista sub especialista em cirurgia da Coluna Vertebral (Santa Casa de Santos –SP) , Pós graduado em medicina regenerativa ( Cetrus – SP ), preceptor do Serviço de Ortopedia e Cirurgia de Coluna do VAH, preceptor da Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia VAH, Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC).