Imagem: Freepik
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Tenho observado em meu consultório, nos últimos meses, um aumento significativo de casos de herpes zoster, algo que merece nossa atenção. Popularmente conhecido como “cobreiro”, é uma reativação do vírus varicela-zoster, o mesmo que causa a catapora.

Após a infecção inicial por varicela, geralmente na infância, o vírus permanece dormente nos gânglios nervosos por décadas. Quando o sistema imunológico enfraquece, seja por idade avançada, estresse, doenças ou medicamentos imunossupressores, o vírus pode despertar e manifestar-se como herpes zoster.

Como acontece a transmissão

É fundamental esclarecer: o herpes zoster não é transmitido de pessoa para pessoa da mesma forma que outras doenças contagiosas. No entanto, uma pessoa com herpes zoster ativo pode transmitir o vírus varicela-zoster para quem nunca teve catapora, causando varicela nessa pessoa, não herpes zoster.

A transmissão ocorre pelo contato direto com o líquido das vesículas (bolhas) da erupção cutânea. Por isso, é essencial manter as lesões cobertas e evitar contato próximo com gestantes, recém-nascidos, pessoas imunossuprimidas e indivíduos que nunca tiveram catapora ou não foram vacinados.

Sintomas e diagnóstico

O quadro clínico típico inclui dor intensa, queimação ou formigamento em uma faixa da pele, geralmente em um lado do corpo ou rosto. Dias depois, surgem as lesões características: vesículas agrupadas sobre base avermelhada, seguindo o trajeto de um nervo. Febre, mal-estar e sensibilidade ao toque na região afetada são comuns.

O diagnóstico precoce é crucial. Quanto antes iniciarmos o tratamento, menores as chances de complicações, especialmente a nevralgia pós-herpética, uma dor crônica que pode persistir por meses ou anos.

Prevenção e tratamento

A vacinação é nossa principal arma preventiva. A vacina contra herpes zoster é recomendada para pessoas acima de 50 anos, mesmo aquelas que já tiveram a doença, pois ela pode recorrer.

Além da vacinação, fortalecer o sistema imunológico é essencial: alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, sono adequado, controle do estresse e acompanhamento médico de condições crônicas contribuem para manter o vírus sob controle.

O tratamento do herpes zoster deve ser iniciado idealmente nas primeiras 72 horas do aparecimento das lesões com antivirais específicos, que reduzem a multiplicação viral, aceleram a cicatrização e diminuem o risco de complicações.

O controle da dor é igualmente importante. Dependendo da intensidade, o médico de confiança pode indicar analgésicos comuns, anti-inflamatórios ou, em casos mais severos, medicamentos para dor neuropática. Compressas frias e loções secativas ajudam no conforto local.

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No final, a minha mensagem é clara: procure um dermatologista ao primeiro sinal de dor em faixa ou lesões suspeitas. O tratamento precoce faz toda a diferença.

E a prevenção, através da vacinação, especialmente para quem tem mais de 50 anos ou condições que enfraquecem a imunidade, é um investimento na qualidade de vida. Não subestime o “cobreiro” – ele merece atenção médica especializada e tratamento adequado.

Dra. Ana Flávia Lemos

Dermatologista

Médica formada pelo FTESM do Rio de Janeiro, especialista em Dermatologia pelo Serviço de Dermatologia do Prof Azulay na Santa Casa do Rio de Janeiro. Preceptora da Pós Graduação de Dermatologia da Santa Casa do Rio de Janeiro 2003 - 2008. Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia

Médica formada pelo FTESM do Rio de Janeiro, especialista em Dermatologia pelo Serviço de Dermatologia do Prof Azulay na Santa Casa do Rio de Janeiro. Preceptora da Pós Graduação de Dermatologia da Santa Casa do Rio de Janeiro 2003 - 2008. Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia