Imagem: Freepik
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O Natal é uma data que desperta emoções fortes. Para muitos, é tempo de reencontrar a família, celebrar a vida e renovar esperanças. Para outros, pode ser um período de pressões, expectativas e até solidão. E isso não passa despercebido pelo órgão que simboliza — e sente — tudo isso: o nosso coração.

O que pouca gente sabe é que, justamente por envolver tantos componentes emocionais, sociais, alimentares e comportamentais, o Natal se tornou um fenômeno médico bem estudado quando falamos em saúde cardiovascular.

Natal combina nostalgia, alegria e, às vezes, ansiedade. Essas variações emocionais ativam o sistema nervoso autônomo, podendo aumentar frequência cardíaca e pressão arterial. Em quem já tem doença cardiovascular, isso pode ser suficiente para desencadear sintomas.

Mas existe o outro lado: encontros, afeto e conexão social liberam ocitocina e reduzem marcadores de estresse — algo protetor para o coração. Ou seja, o Natal pode tanto acalmar como apertar o peito.

O “paradoxo natalino” da saúde cardiovascular

Esse fenômeno é descrito em diversos estudos, mostram que a semana do Natal e do Ano Novo concentra mais eventos cardíacos do que outros períodos do ano.

As causas são múltiplas:

  • Excesso alimentar (sal, açúcar, gordura);
  • Aumento do consumo de álcool;
  • Sono irregular;
  • Interrupção de rotinas de atividade física;
  • Atraso em buscar atendimento por estar “em época de festa”.

Esse conjunto forma um verdadeiro “coquetel” para quem já vive com fatores de risco.

Atitudes que fazem a diferença

Mas se enxergarmos o Natal apenas como risco, perdemos a beleza da oportunidade que ele traz: o recomeço. A festa mais simbólica do calendário pode funcionar como um lembrete poderoso de autocuidado.

Pequenas atitudes fazem diferença como reduzir o sal e priorizar alimentos naturais na ceia, alternar bebidas alcoólicas com água, manter alguma forma de movimento, nem que seja uma caminhada com a família, tentar dormir em horários menos caóticos e, acima de tudo, ouvir sinais do corpo.

Natal não precisa ser o período em que as pessoas “aprendem com susto” — pode ser o momento em que aprendem com consciência.

O coração precisa ser cuidado

No Natal, falamos muito sobre “abrir o coração”, “aquecê-lo”, “acolher”. Bonito lembrar que essas metáforas têm paralelo biológico: um coração emocionalmente bem cuidado tende a ser também fisicamente mais saudável. Relações seguras, propósito e bem-estar subjetivo reduzem inflamação, melhoram pressão arterial e ajudam a proteger o sistema cardiovascular.

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O Natal não é só um feriado: é um período em que o coração — símbolo e órgão — ganha protagonismo. Entender essa relação nos ajuda a viver a data com mais consciência. Que cada um possa celebrar com afeto, equilíbrio e presença. Coração saudável não é só batimento: é ritmo de vida.

Dra. Tatiane Mascarenhas Santiago Emerich

Clínica médica

Médica pela Escola de Medicina da Santa Casa de Vitória. Residência em Clínica médica pela Santa Casa de São Paulo. Residência em cardiologia e ecocardiografia pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de São Paulo. Titulo de especialista em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Título em área de atuação em Ecocaridografia pelo Departamento de Imagem Cardiovascular - SBC. Presidente da SBC ES 2020/21. Caridologista e Ecocardiografista do Centrocor e CDC. @tatianeemerich

Médica pela Escola de Medicina da Santa Casa de Vitória. Residência em Clínica médica pela Santa Casa de São Paulo. Residência em cardiologia e ecocardiografia pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de São Paulo. Titulo de especialista em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Título em área de atuação em Ecocaridografia pelo Departamento de Imagem Cardiovascular - SBC. Presidente da SBC ES 2020/21. Caridologista e Ecocardiografista do Centrocor e CDC. @tatianeemerich