Saúde

Alergia nos olhos agrava o ceratocone que é a causa de 70% dos transplantes de córnea

Pesquisa mostra que a fricção da lente na córnea incomoda 41% dos brasileiros que têm ceratocone. Saiba prevenir a piora da doença.

Foto: Pixabay
Problema incomoda principalmente quem usa lentes de contato. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 30% dos brasileiros têm algum tipo de alergia. Desses, mais da metade desenvolve alergia nos olhos, importante fator de risco do ceratocone. A doença degenera, afina e deforma a córnea. Por isso, causa 70% dos transplantes no Brasil. 

Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier, o hábito de coçar os olhos é tão perigoso para quem tem ceratocone quanto o uso de lentes mal ajustadas. Isso porque, nas duas situações a fricção constante da córnea fragiliza suas fibras, agrava o ceratocone e aumenta o risco de transplante.

Uma pesquisa realizada por Queiroz Neto com 920 portadores de ceratocone, mostra que 61% usam lente de contato para corrigir a visão, e desses 41% sentem desconforto. O especialista diz que isso acontece porque só 1 em cada 4 dos participantes afirmaram fazer exames oftalmológicos regulares. “O ceratocone é uma doença progressiva. As alterações na córnea podem acontecer em poucos meses. Quem não respeita os intervalos de consulta recomendados. para cada caso pode usar lentes desajustadas que prejudicam a visão”, adverte. Além disso, muitas pessoas já chegam ao consultório usando lentes de contato indicadas para astigmatismo e a adaptação em ceratocônicos exige personalização conforme as irregularidades de cada córnea, salienta.

Diagnóstico e tratamento

O oftalmologista ressalta que não é possível detectar o ceratocone com o exame de refração empregado na verificação da miopia, hipermetropia ou astigmatismo. “O diagnóstico é feito através de uma tomografia da córnea que mapeia suas duas faces, possibilitando flagrar a doença logo no início. “Quanto mais precoce, maiores são as chances de escapar do transplante através do crosslink, único procedimento que interrompe a progressão da doença. A cirurgia, explica, é ambulatorial, feita com anestesia local e consiste na aplicação de riboflavina (vitamina B12) associada à radiação UV (ultravioleta) na superfície da córnea para aumentar sua resistência em até três vezes.

Causas e sinais de alerta

Queiroz Neto afirma que a maioria dos casos de ceratocone começa na adolescência. Pode estar relacionado à genética, alterações hormonais que podem provocar distúrbios no colágeno e desencadear coceira nos olhos, apneia obstrutiva do sono e a síndrome da pálpebra flexível que dobra durante a noite, causando olho seco. Nem todas estas alterações aparecem em que tem ceratocone, mas se mais de uma coexistir indica sinal de alerta.

Outros sinais da doença são: alteração frequente de grau, dificuldade de permanecer em locais ensolarados ou muito iluminados, olhos irritados e queda no rendimento escolar.

Dicas de prevenção

· Mantenha consultas regulares para ajustar suas lentes;

· Evite coçar os olhos;

· Aplique compressas frias em crises de coceira ou sensação de areia nos olhos;

· Dê preferência a soluções higienizadoras de lente sem conservante para evitar irritações oculares;

· Só use colírio com corticóide sob supervisão médica para afastar o risco de glaucoma;

· Interrompa o uso de antialérgico caso use lente e sinta os olhos ressecados;

· Faça polimento semestral das lentes com seu oftalmologista para eliminar resíduos que deformam a superfície;

· Use óculos escuros com proteção ultravioleta em locais ensolarados.

Pontos moeda