Saúde

Pessoas que planejam ter filhos devem evitar excesso de álcool; entenda!

Bebidas alcoólicas podem prejudicar a qualidade e motilidade dos espermatozoides

Foto: Divulgação

O consumo excessivo de álcool, tão comum no Carnaval, pode prejudicar a fertilidade e dificultar a vida de quem deseja ter filhos biológicos. Enquanto na mulher ele pode interferir em fatores como a produção de hormônios, no homem, há indicativos de que as bebidas alcoólicas possam prejudicar a qualidade e motilidade dos espermatozoides.

“Na mulher, ele altera os níveis dos hormônios responsáveis pela ovulação e interfere no ciclo menstrual e no transporte do espermatozoide ou do óvulo pelas trompas uterinas. No homem, apesar de ser assunto controverso na literatura médica, o consumo regular de álcool pode afetar a qualidade dos espermatozoides e diminuir a quantidade e motilidade dos gametas masculinos, reduzindo as chances de gravidez espontânea”, alerta o ginecologista Giuliano Bedoschi, creditado pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).

Ele explica que as informações disponíveis sobre os potenciais efeitos nocivos do álcool na fertilidade são controversas, principalmente devido à diversidade de bebidas alcoólicas disponíveis e à dificuldade em determinar um limiar de consumo.

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“Estudos populacionais publicados por diferentes países demonstraram que mulheres que consomem mais do que duas doses de bebida alcoólica por dia apresentam maiores taxas de infertilidade. Nesse caso, o risco aumenta aproximadamente 60% para elas”, afirma o ginecologista.

DOSAGEM

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece que uma dose de bebida alcoólica padrão possui 10 a 12g de álcool puro, o equivalente a uma taça de vinho, uma dose de destilado ou uma lata de cerveja. Nos homens, o limiar de risco para um impacto na infertilidade masculina parece ser 30g de álcool por dia, equivalentes a três taças de vinho. “O consumo excessivo de álcool tem sido sugerido como fator de risco para a infertilidade masculina”, explica o médico.

Para quem vai curtir o Carnaval e está planejando uma gestação, Bedoschi deixa um recado. “O ideal é evitar ou reduzir o consumo de bebidas alcoólicas de três a seis meses antes da gestação ou do início do tratamento de fertilidade assistida. O consumo excessivo pode diminuir as taxas de gravidez espontânea e o índice de sucesso dos tratamentos de fertilização in vitro”, complementa.

PERIGO NA GESTAÇÃO E NO ALEITAMENTO MATERNO 

Para as mulheres grávidas, a advertência dos especialistas é clara: o consumo de álcool deve ser evitado durante toda a gravidez. “O álcool apresenta efeitos adversos no desenvolvimento do feto. Não existe uma dose que seja considerada segura para o consumo da futura mamãe. O excesso pode causar malformações no bebê, resultando na síndrome alcoólica fetal – anomalias faciais, restrição de crescimento do feto, alterações de desenvolvimento do seu sistema nervoso central, anormalidades comportamentais inexplicáveis e defeitos congênitos”, adverte Bedoschi.

Além disso, o consumo de álcool na gravidez aumenta o risco de abortamento, parto prematuro, morte fetal, entre outras complicações. As restrições valem também para as mulheres que estão amamentando. O álcool pode ser transferido para o bebê por meio do leite materno, prejudicando o desenvolvimento neurológico e motor da criança e interferindo no sono e na aprendizagem do lactente.

CONSUMO MODERADO

Um recente estudo realizado por cientistas da Dinamarca, publicado na revista científica Human Reproduction, em 2019, revelou que a ingestão semanal média de álcool, de baixa a moderada, não está significativamente associada à chance de alcançar uma gravidez clínica ou um nascimento vivo após os ciclos de tratamentos de reprodução assistida. Durante cerca de cinco anos e meio, pesquisadores avaliaram dados de 1,7 mil mulheres e possíveis parceiros em tratamento de fertilidade.

“De maneira geral, o consumo leve ou moderado de álcool aparentemente não impacta de maneira negativa nos desfechos dos tratamentos de reprodução assistida. Porém, vale lembrar que o seu consumo também pode estar associado com outras mudanças de estilo de vida que conhecidamente podem impactar negativamente a fertilidade, como tabagismo, sedentarismo ou sobrepeso e obesidade”, finaliza o especialista.

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