Psicóloga explica relação da morte com doenças adquiridas durante o luto
Negação da morte faz com que o indivíduo tenha mais chances de adoecer e cair em melancolia, em alguns casos, até a depressão
A morte não é somente um fato biológico, mas um processo construído socialmente. Assim, a morte está presente em nosso cotidiano e, independente de suas causas ou formas, seu grande palco continua sendo os hospitais e instituições de saúde.
Para a psicóloga Priscyla de Castro Cogo Thezolin, a morte enquanto final da existência humana é antecedida por diversas formas.
"A primeira delas é o próprio nascimento, que é a primeira morte no sentido da primeira perda, da primeira ruptura, da primeira separação, caracterizada pelo rompimento do cordão umbilical", destacou.
"Outro momento é a perda do corpo infantil para a adolescência, em seguida a juventude para a terceira idade", completa a psicóloga.
O medo de morrer é universal e atinge todos os seres humanos independente da idade, sexo, nível socioeconômico e credo religioso. "A morte é algo desconhecido e misterioso. O medo da morte tem um lado vital e por isso precisa estar presente em certa medida", destacou a especialista.
Patrícia destaca que entrelaçamos vida e morte durante todo nosso processo de desenvolvimento. Em alguns momentos de nossas vidas, sabemos que é inevitável a ligação da culpa com a morte do outro. Racionalmente reconhecemos que não é assim, mas emocionalmente é frequente a atribuição de culpa em relação á morte do outro. A negação e o sentimento de injustiça também estão presentes quando se fala da morte.
"Se negamos a morte, se nos recusamos a entrar em contato com nossos sentimentos, esse luto será mal elaborado, e teremos uma chance maior de adoecermos, cairmos em melancolia e e alguns casos até a depressão. O processo de luto é a liberdade de expressar sentimentos que não eram ou não poderiam ser expressos sob circunstâncias de vida normais", disse a psicóloga.
Estar de luto pela morte dos outros é uma maneira de ensaiar a nossa morte. Mas, o luto não é só isso; é também um ritual de expressão de alguns dos sentimentos mais profundos e íntimos da nossa existência.