CORONAVÍRUS

Saúde

Terapia com anticorpos e vacinas: as possíveis curas para a covid-19

As vacinas convencionais são divididas entre inativadas e atenuadas. O primeiro tipo é feito com proteínas ou outro componente do vírus capaz de estimular a produção de anticorpos

Foto: pexels

Cientistas ao redor do mundo estão realizando estudos e testes para encontrar uma vacina e tratamentos contra a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Além da vacina convencional, surgem outras possibilidades como a vacina feita com base no RNA mensageiro, a terapia com anticorpos monoclonais e o soro hiperimune.

Em entrevista ao R7, Ana Karolina Marinho, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologja) explica a diferença entre cada uma dessas alternativas de imunização contra a doença.

As vacinas convencionais são divididas entre inativadas e atenuadas. O primeiro tipo é feito com proteínas ou outro componente do vírus capaz de estimular a produção de anticorpos. Um exemplo de vacina dessa categoria é a utilizada contra o vírus influenza, que causa a gripe.

As atenuadas, em contrapartida, recebem esse nome porque são compostas pelo próprio vírus, mas enfraquecido. "Há vários processos que vão enfraquecê-los a ponto de não causar infecção, mas ainda assim conseguir produzir uma resposta imune [no organismo]", explica Ana.

As vacinas contra o sarampo, caxumba, rubéola e febre amarela se enquadram nessa classificação. Ana ainda observa que dentro dessas duas classificações existem mais de 10 tipos, que variam conforme o processo de fabricação de cada uma.

O intervalo entre a vacinação e a produção de anticorpos pelo organismo é de 15 dias. Já a duração da imunidade depende de inúmeros fatores, como a idade do paciente, as doses de vacina que ele tomou, do agente causador da doença e suas mutações.

O que mais sofre mutações é o vírus influenza, por isso a imunidade dura entre 6 e 12 meses, de acordo com a especialista, por esse motivo a vacinação ocorre anualmente. "Já a vacina da febre amarela é recomendada uma vez na vida", compara.

A contraindicação é para pessoas imunossuprimidas, como quem está em tratamento para câncer, e gestantes.

Já a vacina experimental que apresentou resultados promissores em oito pacientes é feita com RNA mensageiro (mRNA), material genético do vírus que carrega instruções para as células sobre como produzir determinada proteína.

"Quando a gente toma a vacina, o RNA vai entrar na célula de defesa [do organismo], que vai entender esse RNA como se fosse a proteína spike [em formato de espinho] do coronavírus", esclarece a médica.

"Então, a célula vai começar a produzir e liberar essas proteínas e as outras células de defesa -chamadas linfócitos T - vão entender esse proteína como um corpo estranho e se multiplicar para produzir anticorpos protetores contra ele", completa.

Esse tipo de vacina é produzida mais rapidamente que a convencional, além disso, é menos suscetível à possíveis mutações do vírus, segundo Ana. "Não sabemos se a imunização é duradoura, mas já é um grande avanço em pouquíssimo tempo", ressalta.

Fornecer anticorpos para pacientes com covid-19 pode ser uma opção de tratamento da doença enquanto uma vacina ainda não está disponível. Isso pode ser feito com a terapia de anticorpos monoclonais, que já está sendo estudada na Universidade Rockefeller, em Nova York. Os testes em humanos devem ter início até setembro.

Nesse caso, os anticorpos foram retirados do sangue de 68 pacientes já recuperados da covid-19. "Eles conseguiram produzir cópias desses anticorpos laboratorialmente, em larga escala", esclarece Ana.

Daí vem o nome monoclonal: clonal porque são cópias de anticorpos e "mono" por agir especificamente contra um determinado vírus, no caso o SARS-COV-2. "[A terapia] serve para quem já está doente. Esses anticorpos, quando injetados no paciente, vão neutralizar o vírus que está circulando", detalha a médica.

A imunização, nesse contexto, é imediata e temporária, pois ao receber anticorpos prontos, o sistema imunológico do organismo não aprende como produzi-los, ou seja, não desenvolve a chamada memória imunológica.

Esse tipo de tratamento já é utilizado contra alguns tipos de câncer, como a leucemia e o Vírus Sincicial Respiratório (VSR). 

FONTE: Portal R7

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