CORONAVÍRUS

Saúde

Covid-19 aumenta casos de síndrome do olho seco, revela estudo

A pesquisa chinesa aponta aumento de 35% do problema. Olho seco é assintomático em 70% dos casos e pode causar graves danos à visão

Foto: Divulgação
Sintomas são: vermelhidão, ardência, visão embaçada, coceira, e maior sensibilidade à luz.

A lágrima protege nossos olhos de todo tipo de patógeno, inclusive do novo coronavírus. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, 7 em cada 10 portadores de olho seco, convivem com a doença e não sabem. Isso porque, são assintomáticos e só descobrem que têm a deficiência durante exame oftalmológico de rotina. 

Nos outros 30% os sintomas são: vermelhidão, ardência, visão embaçada, coceira, e maior sensibilidade à luz. O Dews II (Dry Eye Workshop Society), relatório desenvolvido por 150 oftalmologistas do mundo todo, revela que a prevalência global varia de 5% a 50%, sendo mais frequente em países asiáticos.

No Brasil a estimativa é de que 12,8% da população, na proporção de três mulheres para cada homem, têm olho seco. Queiroz Neto afirma que entre os pacientes sintomáticos 20% pensam que olho seco é um mal menor, fazem tratamento por conta própria e chegam ao consultório com um saco de colírios que não funcionam. “No exame oftalmológico conseguimos diferenciar o tipo de olho seco para tratar com o colírio correto que hoje graças à inteligência artificial temos conseguido melhores resultados” afirma.

O especialista alerta que as alterações na lágrima podem causar redução permanente da visão. “É uma doença multifatorial, causada pelo desequilíbrio em uma das camadas do filme lacrimal”, afirma. 

Pesquisa

Um estudo realizado na China durante a pandemia com 54 participantes afetados pela covid-19, mostra que a infecção aumentou em 35% a incidência de olho seco. A pesquisa mostra que antes da contaminação 20% tinham a disfunção lacrimal e depois de infectados este índice saltou para 27%. Os pesquisadores afirmam que embora o estudo não seja conclusivo, identificou o receptor ACE2 do novo coronavírus na córnea, lente externa do olho, e na conjuntiva, membrana que recobre a parte branca do olho. 

O nível de ACE2 na superfície do olho é menor que o encontrado no pulmão e coração, mas foi suficiente para aumentar o olho seco. Os cientistas também destacam que só um paciente que já tinha passado por cirurgia de pterígio desenvolveu conjuntivite, sinalizando que olhos íntegros têm menor chance de inflamar durante a pandemia.

Tratamento

Queiroz Neto esclarece que o tratamento é modulado de acordo com a fase da doença. Em casos leves, pontua, a prescrição pode incluir lágrima artificial, medicação sistêmica, adição na dieta de fontes de ômega 3 encontrado na sardinha, bacalhau ou salmão, massagem e higienização das pálpebras com xampu infantil de PH neutro.

O especialista diz que as recomendações terapêuticas da DEWS para casos moderados são: oclusão dos pontos lacrimais com plugs, óculos de câmera úmida, anti-inflamatório e ômega 3.

A terapia mais indicada para olho seco severo é a luz pulsada que deve ser aplicada na pálpebra superior e inferior visando ativar a produção da camada lipídica da lágrima pelas glândulas de Meibômio. Queiroz Neto afirma que a terapia também melhora a alimentação das glândulas mediante estímulo da inervação do nervo trigêmeo nos ramos oftálmicos e maxilar. Um terceiro benefício é a desobstrução glandular através da remodelação do tecido conjuntivo.

O tratamento, observa, inclui 3 sessões em intervalos de 15 dias. Queiroz Neto conta que criou um dispositivo para ser usado diariamente em casa durante o tratamento. Trata-se de um óculos/compressa preenchido com grãos de arroz que deve ser aquecido no micro-ondas por 3 minutos antes de ser colocado sobre os olhos.

Pontos moeda