Saúde

Aumento no congelamento de embriões aponta maior confiança em reprodução assistida

Dados de relatório do SisEmbrio, divulgado pela Anvisa, demonstram que houve acréscimo de 11,6% na criopreservação e de 2% em fertilizações in vitro

Foto: Reprodução

O início da pandemia do novo coronavírus pausou os planos de muitas mulheres e famílias de realizarem procedimentos de reprodução humana para conquistar o sonho da maternidade ou paternidade. Congelamento de óvulos, de embriões e, principalmente, transferências, ficaram suspensos por um tempo, em casos eletivos. Entretanto, apesar dessa pausa momentânea, números de 2019, que foram publicados recentemente, mostram uma tendência no aumento da confiança na reprodução assistida.

De acordo com o 13º relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões - SisEmbrio, entre 2018 e 2019, houve um acréscimo de 11,6% no número de embriões congelados (99.112) e de 2% na realização de procedimentos de fertilização in vitro (43.958). Um dos motivos desse comportamento positivo da população brasileira pode estar relacionado à taxa nacional de fertilização que, desde 2017, se mantém em 76%, número bem acima do considerado ideal pela literatura mundial (65%).

"Pela nossa experiência, a procura por procedimentos de reprodução assistida ao longo dos anos tem aumentado e o movimento nas clínicas é maior. Certamente, o maior conhecimento da população sobre o tema e a mudança no estilo de vida, com as mulheres dedicando-se a outras esferas da vida, como carreira e objetivos pessoais, ocasiona uma maior procura por técnicas que ajudam a adiar o sonho da maternidade", explica Dra. Hitomi Nakagawa, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida.

Além disso, esses procedimentos também são aliados de casais que enfrentam algum histórico familiar de doença genética grave, utilizando-se do diagnóstico genético pré-implantacional, ou ainda alguma enfermidade como o câncer, que pode impactar na fertilidade. O Programa Proteger, da farmacêutica Ferring, por meio de parcerias com clínicas de todo o país, oferece gratuitamente a medicação do portfólio de medicina reprodutiva da empresa a pacientes que irão realizar o congelamento de óvulos previamente a um tratamento de câncer, por radio ou quimioterapia, que podem causar infertilidade futura.

"A reprodução assistida permite, além da preservação da fertilidade, que essas mulheres ou casais congelem seus óvulos ou embriões para implantá-los em um momento mais adequado de suas vidas. O avanço nas técnicas e nos resultados obtidos aumenta a tranquilidade desses casais em planejar este momento tão especial para as famílias", ressalta a especialista.

Inclusive, com o início da flexibilização do isolamento inicial, os procedimentos estão retornando à normalidade nas clínicas, de acordo com as orientações dor órgãos governamentais de cada região. Segundo a médica, nos locais onde já estão liberadas as consultas e realização de técnicas de reprodução humana, a procura se intensificou. "Houve um aumento da ansiedade dessas mulheres, já que muitas vezes estão próximas do fim do seu ciclo reprodutivo. Mesmo assim, os casos são todos avaliados individualmente e os procedimentos só devem ser indicados quando não colocar as pacientes em risco", complementa Dra. Hitomi Nakagawa.

Dados complementares do 13º relatório da SisEmbrio

• A região Sudeste possui 71% dos embriões congelados do país;

• São Paulo é o estado com o maior número de embriões com 52.160;

• 25.210 embriões já foram transferidos ao útero das pacientes por técnicas de reprodução assistida no país;

• Atualmente, o Brasil conta com 183 centros de reprodução.

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