Saúde

Morte súbita X mal súbito: entenda a diferença e saiba como se prevenir

Hereditariedade e alimentação desregrada estão na lista de condições que podem favorecer a ocorrência desses graves quadros de saúde

Foto: divulgação/freepik

Os nomes “mal súbito” ou “morte súbita” assustam. A primeira imagem que vem à cabeça é de uma doença, ou uma consequente morte, que chega sem avisar e pega a todos de surpresa. Mas com tantos avanços na medicina, será que atualmente não existe resposta para esse problema? Seria possível se prevenir?

Para início de conversa é preciso definir do que se tratam esses problemas. O mal súbito, na maior parte das vezes, é causado pela arritmia cardíaca, processo que ocorre quando o coração sofre com a irregularidade de ritmo nas batidas. Ela pode acontecer de duas formas e ambas prejudicam a circulação sanguínea pelo corpo:

Taquicardia: aceleração dos batimentos
Bradicardia: batidas mais lentas do que o normal

No Brasil, os registros desses casos são altos. Dados da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac) mostram que anualmente, 300 mil brasileiros se tornam vítimas da arritmia cardíaca anualmente.

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De acordo com a cardiologista e arritmologista Paola Pretti Falcochio, além da arritmia cardíaca, outros problemas e condições podem acarretar o mal súbito e possivelmente a morte súbita. 

Segundo ela, infarto no miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), embolia pulmonar e doenças da aorta estão na lista dos causadores.

Idade avançada nem sempre é fator de risco

A cardiologista explica que existem picos de incidência de morte súbita ainda no início da vida. 

“Nos primeiros seis meses de vida pode ocorrer a síndrome da morte súbita infantil e as ocorrências voltam a aumentar a partir dos 45 anos. Vale lembrar que o aumento dos casos está ligado ao aumento de doenças cardiovasculares”, explicou.

A hereditariedade, segundo a médica, também é um fator que deve servir de alerta para toda a sociedade.

“Pessoas que têm herança familiar, principalmente com parentes de 1º grau que tiveram mal súbito ou morte súbita inexplicada com menos de 40 anos, devem ser olhadas com atenção pelo risco de também desenvolverem a doença”, apontou.

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Além da hereditariedade, ou em alguns casos até mesmo a pouca idade, existem grupos considerados de risco que possuem uma tendência maior de adquirir problemas cardíacos e consequentemente tem a chance de sofrer um mal súbito.

A médica afirma que os mesmos fatores de risco de doenças vasculares são os fatores para a ocorrência de mal súbito ou morte súbita e são eles:

Fumo
Obesidade
Diabetes
Hipertensão

Caso recente

Foto: Reprodução/Twitter
Jogador dinamarquês Christian Eriksen

Um caso de mal súbito ganhou a atenção do mundo após o jogador dinamarquês Christian Eriksen passar mal e desmaiar durante uma partida da Eurocopa no dia 12 de junho.

No momento em que corria para receber a bola, o camisa 10 cambaleou e desmaiou.

O que parecia um simples tropeço preocupou a todos no estádio pelo fato dele ter caído de rosto no chão e desacordado.

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Após mais de uma hora desacordado, Eriksen passou pelo procedimento de reanimação cardíaca, com um balão de oxigênio, e acordou apresentando estado de saúde estável.

Mal súbito e vida atlética

A médica cardiologista relata que constantemente é questionada por pacientes, pelo fato de que, mesmo tendo uma vida saudável, atletas também sofrem com doenças relacionadas ao coração.

Ela explica que, apesar de acontecerem, esses casos são raros. “Atletas que morrem antes dos 35 anos de alguma doença do coração, normalmente tem alguma doença genética, síndrome arritmogênica ou até mesmo uma cardiopatia hipertrófica. Caso venham a óbito depois dos 35, pode ocorrer devido a um infarto no miocárdio”, explicou.

Foto: Divulgação / Pexel

Cuidados com a alimentação

A frase “você é aquilo que come” faz todo o sentido quando o assunto é cuidado com o coração. A especialista ressalta que a alimentação tem papel fundamental na proteção contra ocorrências de mal súbito e morte súbita.

O segredo, segundo Paola, é abrir menos embalagens e preparar mais alimentos, ou seja, reduzir o consumo de alimentos prontos e se dedicar ao preparo de comidas naturais.

“É importante tomar cuidado com a quantidade de sódio, gordura e açúcar. Dependendo do perfil de risco, o melhor caminho é a adoção de alimentos e produtos naturais e vegetais”, afirmou.

É só praticar esporte que está tudo certo?

Não! Por mais que a prática esportiva seja o melhor caminho para a saúde e para a prevenção de diversas doenças, o início de uma vida ativa nos esportes deve ser feito com cautela.

“A mesma atividade física que protege, se você tem doença cardíaca, pode funcionar como um gatilho”, disse a arritmologista.

Sendo assim, antes de adotar qualquer hábito saudável é importante consultar um especialista no assunto. No caso de quadros de doenças cardíacas, o mais recomendado, segundo a médica, é a realização de uma avaliação médica e de um eletrocardiograma.

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