2,8 milhões de brasileiros são afetados pela insuficiência cardíaca
A doença é silenciosa, sendo a segunda principal cardíaca e mata mais pessoas que o câncer de mama
Você conhece ou já ouviu falar em insuficiência cardíaca congestiva? Também conhecida pela sigla ICC a doença afeta 2,8 milhões de brasileiros e é responsável por 219 mil internações anualmente. Em virtude da alta incidência, trata-se da segunda principal doença cardíaca no país, atrás apenas do infarto do miocárdio.
Dados do Datasus mostram que em 2016 foram detectadas 28 mil mortes por causa da doença no Brasil. No Espírito Santo, a doença cardíaca que mais acometeu pacientes no estado nos últimos anos, foi a ICC com 3.661 internações e 332 óbitos em 2016 e 3.552 internações e 348 óbitos em 2017.
De acordo com o médico cardiologista, Marcelo Aguiar do hospital Meridional, a doença é considerada grave e precisa ser investigada e tratada desde os primeiros sinais. Sendo que 50% das pessoas diagnosticadas com a doença morrem após cinco anos da descoberta.
A doença: A insuficiência cardíaca ocorre quando o coração não se contrai com força suficiente para bombear a quantidade necessária de sangue para o corpo. É limitante e incapacitante. Diminuindo a capacidade de realizar atos cotidianos como caminhar, escovar os dentes, pentear os cabelos entre outros.
Causas: Geralmente ocasionada por infarto do miocárdio não tratado, intoxicação por álcool, dilatação do coração, sopro e genética.
Sintomas que precisam ser reconhecidos: Falta de ar, inchaço nas pernas, a pessoa não consegue dormir por tosse seca e cansaço, sente o peito acelerado e ataque cardíaca.
Quem tem a doença? Ela pode surpreender qualquer pessoa. A prevalência da doença aumenta com o decorrer da idade.
"A doença é descoberta por meio de exames clínicos com auxilio de eletrocardiogramas e radiografias. A partir do diagnostico cuidados são necessários para um tratamento adequado, o primeiro passo é mudar a alimentação, fazer a terapia medicamentosa e em alguns casos o tratamento é cirúrgico. É necessário também acompanhamento regular e a reabilitação cardíaca", explicou o cardiologista.
Prevenção: Se inicia já na infância com a mudança dos hábitos e com uma alimentação balanceada, os pais precisam orientar os filhos a praticarem exercícios físicos, ele são essenciais não só para a prevenção da insuficiência cardíaca mais para todos os tipos de doenças.
A Diretora da Sociedade Brasileira De Cardiologia do Espírito Santo, Tatiane Emerich encara a insuficiência cardíaca como uma epidemia no Brasil, uma vez que o País tem a quinta maior população idosa do mundo e a doença acometer mais os idosos.
Como diminuir os casos? O tratamento deve começar em casa com uma boa reeducação alimentar, uma boa noite de sono e tornar a prática das atividades físicas prioridade. A saúde pública por sua vez precisa dar atenção aos cuidados necessários com a doença.
O tratamento demora? A insuficiência cardíaca é uma doença crônica que tem taxa de mortalidade elevada e que em 99% dos casos não tem cura e sim tratamento, que deve ser feito toda a vida. Casos de cura são encontrados quando a insuficiência cardíaca é proveniente de uma inflamação no coração.
"É necessário a união do poder público e das autoridades para frear esses avanços. Em 2015 o registro nacional no Brasil mostrou que a discrepância da insuficiência cardíaca no País é bem significativa. Na região sul é decorrente do infarto, já no nordeste é a hipertensão não tratada", conta Tatiane.
CONHEÇA OS CASOS:
- Fabrício Costa Lima, operador de máquinas florestais na Bahia, 40 anos.
Dores no estômago e inchaço abdominal. Esses foram os sintomas que levaram Fabrício procurar um hospital, que a princípio acreditava ter algum problema estomacal. Após realizar exames laboratoriais e radiografias veio a descoberta do problema no coração, a insuficiência cardíaca. " Eu me vi sem chão! Se antes o coração não estava bom, com a notícia piorou. Foi um baque para mim e minha família", disse Fabrício.
Na família, não havia casos de pessoas com a doença. Fabrício trabalhava normalmente e sempre se considerou um homem forte, praticava esportes e desfrutava dos momentos de lazer normalmente. Além disso, por regras da empresa, realizava exames periódicos de seis em seis meses. Ao descobrir que sofria da insuficiência cardíaca foi aconselhado por um médico a vir se tratar no Espírito Santo, no Hospital Meridional, que é referência na área.
E foi em fevereiro de 2018 que Fabrício chegou no Espírito Santo. Totalmente debilitado, foi internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e descobriu que a doença estava tão avançada que necessitava urgente de um transplante. Após 33 dias de internação, a boa notícia chegou : Fabrício conseguira um coração novo! "Foi um presente de Deus. Eu ganhei outra vida. Na verdade, uma vida nova. Agora é ter ainda mais cuidado, estar sempre em alerta e me adaptar ao novo coração", contou.
- Claudia Bragio Gonçalves, conciliadora jurídica, 46 anos.
Cansaço extremo, visão turva e fadiga. Claudia se cansava com pequenos passos, diversas vezes chegou a desmaiar nas ruas e tinham sensação de sufocamento. Estes sintomas a fez procurar por auxilio médico e para surpresa dela, ser diagnosticada com a insuficiência cardíaca. "Quando descobri estava com apenas 28% do coração em funcionamento. Tive um AVC e derrame pleural, eu que vestia manequim 38, pulei para o 54, fiquei tão inchada que tive a aparência deformada. Foi um momento muito triste", contou.
Claudia precisou fazer uma cirurgia para implantar o CDI (cardioversor e desfibrilador) também conhecido como marcapasso, que monitora o coração continuamente. Além disso faz o uso diário de remédios. "Não pude mais amamentar e estou inapta para realizar as atividades do lar. São seis meses de adaptação e cada semana é uma história nova de vida", completou.
CONSELHOS DO BEM:
Fabrício Lima: É muito importante se cuidar, fazer os exames. Quando nós procuramos ajuda cedo é muito mais fácil resolver o problema. Os sintomas só aparecem quando o quadro já está evoluído. Então, meu conselho é que as pessoas não deixem de fazer exames periódicos e de sangue. Tem que correr atrás, mesmo que tem poucos recursos financeiros, procure o posto de saúde mesmo que demore ou dê trabalho. É muito melhor do que viver um período tão difícil e tão triste.
Claudia Bragio: Eu me isolei, fiquei deprimida. Mas esse é o momento de se aproximar da família e contar com o apoio das pessoas. Recomendo leitura, ler sobre prevenção, tratamentos os cuidados, estar informado é a melhor forma de se cuidar, prevenir e recuperar melhor.
Relato de familiares:
Vanuza Macário Fernandes Lima, esposa de Fabrício conta que a família sofre junto. "Você vê uma pessoa que é totalmente ativa ficar debilitada e tem a notícia de que ela pode vir a falecer. É desesperador! Após ele ser transplantado e estar se recuperando é como se voltássemos a respirar. Principalmente agora que descobri que estou grávida de três meses e a nossa família vai crescer. Hoje ele e eu somos outra pessoa", enfatizou.
Confira abaixo o primeiro episódio da Série Insuficiência Cardíaca Congestiva, exibido no dia 14/08/2018 (terça-feira)