Saúde

Estudo português mostra aumento de mortes de pacientes 'não-covid'

No Brasil, levantamento mostra que, desde o início do isolamento social, aproximadamente 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer

Foto: Agência Brasil

A pandemia do novo coronavírus alterou a rotina das pessoas e uma parcela significativa dos pacientes deixou de procurar um especialista para diagnósticos e outros adiaram o tratamento. Em Portugal, um estudo recente do Sistema Nacional de Vigilância de Mortalidade do país indica que morreram em julho 10.390 pessoas, é o número mais alto em um único mês nos últimos 12 anos. A pesquisa revela que, comparado com julho de 2019, trata-se de um aumento de 26%, sendo que apenas 159, ou 1,5%, estão relacionados com a covid-19.

“Ainda não temos muitos dados oficiais no Brasil, mas alguns indicadores já mostram que teremos um aumento significativo de mortes de pacientes oncológicos não-covid”, explica Ramon Andrade de Mello, médico oncologista.

“Inicialmente, tivemos um pânico coletivo que fez as pessoas adiarem seus tratamentos crônicos, o que vai gerar repercussões em todo o sistema de saúde”, analisa o médico. No Brasil, um levantamento realizado pelas Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgia Oncológica mostra que, desde o início do isolamento social, aproximadamente 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer e cerca de 70% das cirurgias desse grupo de pacientes foram adiadas apenas no mês de abril.

“O tratamento contra o câncer deve ser encarado como emergência médica. O adiamento do diagnóstico e do tratamento reduzem significativamente as chances de resultados positivos no futuro”, ressalta Ramon Andrade de Mello. Um outro levantamento, realizado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), mostrou queda de 30% no número de pacientes novos que procuram a instituição.

O oncologista pontua que a quanto mais cedo ocorrer o início do tratamento, melhores as chances de cura: “Para algumas faixas etárias, principalmente entre os pacientes acima de 65 anos de idade, os riscos de morte por câncer podem ser maiores do que pela covid-19”.

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