Ansiedade em crianças e adolescentes sobe 4.000% em 5 anos no ES
Especialistas apontam que pressões escolares e estímulos tecnológicos intensificam a ansiedade nos jovens
A ansiedade tem levado um número crescente de crianças e adolescentes no Espírito Santo a buscar atendimento médico, com um aumento impressionante de 4.000% nos últimos cinco anos.
Especialistas atribuem esse fenômeno ao aumento das pressões escolares e aos estímulos constantes da tecnologia, que contribuem para o agravamento dos sintomas de ansiedade, como medos irracionais, baixa autoestima e preocupações excessivas.
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Um exemplo é o caso de Gabriely Mota Müller, que desenvolveu ansiedade após a perda repentina de seu avô. Incapaz de lidar com o luto e as pressões escolares, ela precisou buscar ajuda profissional.
"Era um caso de não conseguir falar sobre o meu avô, porque já sentia os meus batimentos cardíacos acelerando, lágrimas, sentir um nó na garganta. Era muito difícil, porque eu não sabia o que estava acontecendo. Sabia que precisava de ajuda, mas não sabia como continuar", contou.
Situações como a de Gabriely têm se tornado cada vez mais comuns, refletindo um cenário preocupante no estado.
No Espírito Santo, apenas em 2024, a média foi de 17 atendimentos diários a jovens com ansiedade, totalizando quase 10 mil atendimentos na rede pública desde 2019.
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No entanto, especialistas alertam que esses números podem ser ainda maiores, já que o estresse e a ansiedade não são de notificação obrigatória, e muitos casos permanecem sem diagnóstico.
A neurologista Soo Yang Lee destaca a importância de simplificar a vida e reduzir a exposição à tecnologia como uma forma de minimizar os efeitos da ansiedade nos jovens.
"Há um estilo de vida moderno. Muitas redes sociais, celular, os pais trabalham fora, eles ficam sozinhos uma grande parte do tempo, e passam por muitas coisas, como situações de violência, assaltos. Tudo isso gera esse problema de saúde mental nas crianças", disse.
De acordo com a neurologista, uma forma de tentar remediar a ansiedade seria tentar usar as redes sociais e as tecnologias com mais responsabilidade e em períodos menores.
Além disso, existe a necessidade de os pais acompanharem de perto o desenvolvimento dos filhos.
"Eu observo que nas redes sociais todos têm uma vida perfeita, todos são lindos, todos são bem sucedidos. Acho que isso gera uma necessidade de ser bem sucedido, isso deixa a criança e o adolescente extremamente ansiosos. É preciso que os pais estejam próximos para criar um ambiente psicossocial bom", afirmou.
A Secretaria Estadual da Saúde reforça que a porta de entrada para o atendimento desses casos deve ser a unidade básica de saúde do bairro, onde os primeiros sinais podem ser identificados e tratados.
*Com informações do repórter da TV Vitória/Record, Lucas Henrique Pisa.