Revolução na medicina: tecnologia traz inovações ‘do futuro’ para a saúde
Inovações tecnológicas transformam a medicina: day clinic, telemedicina, desospitalização e biotecnologia já são realidade
Com o objetivo de alcançar, cada vez mais, a segurança do paciente, diagnósticos mais precisos e um tratamento personalizado, é que a medicina caminha ao lado das inovações tecnológicas, já apresentando no século XXI o que, há alguns anos, chamávamos de “medicina do futuro”.
Hoje, o e-Health é um conceito em ascensão que o Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS), organização global focada em melhorar a saúde por meio de informações e tecnologia, usa ao se referir às aplicações da internet das coisas (conexão de tudo o que está ao nosso redor) na prática médica.
Somente em 2018, o consumo da tecnologia na medicina registrou um aumento de 13,5% e, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed), a previsão de crescimento é de 5% a 7% em 2019.
Um exemplo do resultado desse avanço é a criação de Day Clinic, termo utilizado para classificar um ambiente com estrutura para a realização de procedimentos de baixa complexidade, como pequenas e médias cirurgias, que hoje já não precisam de internação prolongada do paciente em um hospital. Há pouco tempo isso era quase impossível de acontecer. “Não existiam lugares específicos para a realização de procedimentos cirúrgicos mais simples, sendo todos feitos em hospitais, locais de alta complexidade, havendo um aumento de custo para o paciente. Com o avanço tecnológico, foi possível trazer para clínicas muitos equipamentos hospitalares, proporcionando ao paciente maior comodidade, atenção personalizada e uma redução no preço final” é o que explica a anestesiologista e s´ócia da clínica Medcomfort, Cassia Marchiori. Entre esses equipamentos, ela ressalta dois com importantes diferenciais:
Monitoração em tempo real: aparelhos de nova geração que permitem o médico ter acesso à diferentes parâmetros, como os monitores multiparamétricos, que informam em tempo real se o paciente está tendo alguma complicação durante o procedimento, como estão as batidas do coração, a pressão arterial e a quantidade de oxigênio no sangue do paciente, por exemplo.
Medicamentos personalizados: tendo o conhecimento de que cada pessoa responde à sua maneira aos medicamentos, tem-se investido na área da anestesiologia, e ao usar bomba de infusão, é possível realizar cálculos de doses precisas das medições dos pacientes durante o procedimento cirúrgico, além da utilização de medicações modernas, que possuem uma metabolização mais rápida, ou seja, dura menos tempo no corpo do paciente. Para Cássia Marchiori, essas inovações proporcionam ainda mais seguranças para procedimentos cirúrgicos.
Para Cassia Marchiori, essas inovações proporcionam ainda mais segurança para procedimentos cirúrgicos.
Além do custo-benefício para o paciente, o médico também desfruta desta novidade. Agora, ele possui a liberdade de escolher um ambiente seguro e que pode proporcioná-lo realizar mais procedimentos e adquirir maior autonomia no desenvolvimento da relação médico-paciente, tão essencial para o sucesso dos tratamentos. É o que afirma o angiologista e cirurgião vascular, Marcelo Quintão, que realiza procedimentos cirúrgicos de pequeno porte na Medcomfort. “Minha escolha se deu, principalmente, pela segurança que a clínica oferece. Com salas de centro cirúrgico seguras e suportes de médicos anestesistas que irão resolver possíveis intercorrências, me sinto seguro para trabalhar e para cuidar do meu paciente, que também prefere o ambiente mais aconchegante e sem a necessidade de se internar”, explica.
Sobre a desospitalização, Quintão explica que esse termo tem se tornado cada vez mais forte na medicina e já é realidade em diversos locais do mundo. Entre as vantagens, ele detalha: “O paciente não fica submetido aos riscos do procedimento hospitalar, como a infecção hospitalar, e ainda reduz custos do tratamento”.
Um ambiente moderno também permite a realização de procedimentos menos invasivos, uma nova proposta de tratamento que visa dar mais conforto ao paciente, agredir de forma menos intensa o seu corpo, sem deixar de realizar um tratamento eficaz. "Para determinados procedimentos dermatológicos, são necessários um ambiente cirúrgico, materiais esterilizados e até mesmo a presença de um anestesista, o que eu não teria no meu consultório”, explica Ingrid Barreto Paiva, dermatologista que realiza diferentes procedimentos na Medcomfort.
Para entender mais sobre como funciona um Day Clinice, assista ao vídeo:
Mais de dois milhões de procedimentos estéticos por ano
O Brasil é o segundo país do mundo que mais faz procedimentos estéticos, perdendo apenas para os Estados Unidos. É o que revela a Pesquisa Estética Global, realizada pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), divulgada em novembro de 2018.
No ano de 2017, quando os dados da pesquisa foram colhidas, os brasileiros realizaram no ano 1.466.245 procedimentos estéticos, 961.290 procedimentos não-cirúrgicos, totalizando quase dois milhões e meio de procedimentos estéticos, o que representa 10,4% dos procedimentos realizados em todo o mundo.
Alinhado ao crescente número de procedimentos estéticos está a biotecnologia, que tem como objetivo desenvolver produtos e processos biológicos com a ajuda da ciência e da tecnologia. A dermatologista Patrícia Friço, da Unique Centro Médico, ressalta que a biotecnologia possibilitou a descoberta de novos medicamentos e aparelhos que podem melhorar e muito a qualidade de vida e a saúde das pessoas. A especialista cita como exemplo os produtos bioabsorvíveis, que tem tido um resultado muito eficaz e deixado os pacientes satisfeitos.
“Os procedimentos com ácido hialurônico, ácido polilático (Sculptra) e os fios de polidiaxonona, também conhecidos como fio de PDO são exemplos de tratamentos que utilizam produtos bioabsorvíveis, usados para atenuar rugas, tratar celulites e melhorar a flacidez e a queda do rosto. Temos tido uma procura grande e um ótimo retorno de quem passou pelo tratamento”, detalha Patrícia, ao ressaltar que a tecnologia é uma excelente aliada da saúde.
Leila Carneiro, designer de unha e cílios, realizou os procedimentos fio de PDO e a sculptra, não escondendo a satisfação pelo resultado. "Imagina você se ver envelhecendo e, de repente, rejuvenescer?! É maravilhoso! Fui ao consultório desejando fazer uma cirurgia plástica, mas a Patrícia me convenceu a fazer esses procedimentos e eu amei o resultado", conta. Ao lado, fotos antes e depois dos procedimentos.
A dermatologista, Patrícia Friço, ressalta a importância de apostar em tecnologias para apresentar melhores resultados. Escute o áudio:
Tecnologias 'do futuro' são usadas na rotina médica
A medicina é uma área que se mantém atualizada com as novas tecnologias. Tanto que, para o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado (CRM-ES), Celso Murad, tudo é muito transitório. "Inovações que ainda não são aplicadas na práticas devem estar presentes no dia a dia em breve, assim como o que há de mais novo atualmente, daqui pouco tempo, já estará ultrapassado", comenta.
E para ele, todas essas inovações possuem como base três pilares que formam a base dessa evolução: edição gênica, que é a interferência da ciência na organização dos DNA das pessoas; nanotecnologia, com a produção de materiais cada vez menores; e o aperfeiçoamento do diagnostico por imagens do organismo humano, adquirindo uma reprodução fotográfica dos seguimentos do corpo humano com uma perfeição quase que absoluta, em todas as dimensões, podendo saber perfeitamente o que está acontecendo nesse corpo. Murad cita alguns exemplos:
1. Cirurgia Robótica: procedimentos cirúrgicos realizados com materiais robóticos em que a mão humana apenas orienta onde o local vai atuar, de forma mais precisa, com o mínimo de dano colateral, com menor tempo de recuperação e maior conforto. Segundo o presidente do CRM-ES, Celso Murad, o Espírito Santo ainda não possui esse tipo de cirurgia, contudo, ele acredita que o estado deva mudar essa realidade em, no máximo, um ano. O Rio de Janeiro e São Paulo já usufruem de cirurgias robóticas, assim como outros países em todo o mundo.
2. Leitor de imagem por inteligência artificial: dispositivo de inteligência artificial que possibilita o diagnóstico do paciente em um tempo menor e com uma qualidade melhor do que a de um médico. Isso porque, segundo Murad, enquanto um laudo que é emitido por um homem pode demorar cerca de 20 minutos, por um aparelho esse mesmo documento pode ser feito em 10 segundos ou até menos, contando com a vantagem de que máquinas são programas para não errar e, à medida em que são emitidos novos laudos, o dispositivo abre novas informações, ficando cada vez mais rápido.
3. Telemedicina: conhecida como realização de atendimentos médicos à distância, essa tecnologia visa fornecer a populações distantes atendimentos personalizados que não existem nessas regiões. Mas, para o professor de medicina, ciência e tecnologia da Emescam, Hebert Cabral, a telemedicina não deve e nem pode ser exercida desordeiramente. “O Conselho Federal de Medicina (CFM) está fazendo a regulamentação para definir quais são as obrigações que precisam ser seguidas para que isso funcione de uma forma organizada. Por exemplo, é possível que um especialista avalie uma pessoa à distância, até porque existem tecnologias que permitem isso. Contudo, ainda assim, deve existir um médico presencial na hora do exame, que não precisa ser um especialista, mas que vai conduzir a avaliação orientada pelo especialista”, explica.
Mais cuidado com a saúde é vista como tendência para o futuro:
O fundador, CEO e presidente do Institute for Global Futures, Dr. James Canton, ao analisar o futuro da medicina, revela que existem cinco tecnologias-chave para o ramo: nanotecnologia, biotecnologia, tecnologia da informação, neurotecnologia e tecnologia quântica, que farão parte da “convergência estratégica”, que transformará nossa civilização nos próximos 100 anos.
Segundo ele, uma parte disso envolve o futuro da medicina e será baseada em uma vida mais longa e na necessidade de se viver mais saudável. "Será possível prevenir muitas doenças, dadas essas tecnologias, melhorando o desempenho da saúde", afirma.
Curso para ensinar pessoas a cuidarem da própria saúde
Visando a necessidade de se ter uma vida mais saudável, o médico Thanguy Friço, da Unique Centro Médico, criou o programa Lifestyle, um curso que busca ensinar as pessoas a cuidarem da própria saúde, abordando assuntos relacionados à saúde, como alimentação, atividade física, sono e controle emocional. “Muitas pessoas sabem o que fazer, mas não sabem como. É exatamente esse o nosso objetivo: dar o passo a passo para as pessoas terem definitivamente uma vida mais saudável”, explicou o médico e palestrante.
Além de uma consultoria completa, o curso vai contar com planejamento, orientação e técnicas. “São cinco módulos com temáticas principais e duração de quatro horas. As aulas são dinâmicas e práticas, para que todos saibam como aplicar os conceitos e as técnicas em seu dia a dia. O objetivo é que o aluno compreenda os efeitos de suas escolhas de estilo de vida em sua saúde e aprenda a se prevenir de doenças”, finalizou. O curso vai acontecer no próximo dia 12 de setembro, das 18h30 às 22 horas, no Shopping Vila Velha.
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