Saúde

Transplantes: 335 foram realizados entre janeiro e agosto no ES; mais de mil pessoas ainda aguardam por um órgão

27 de setembro é o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos

Foto: Divulgação

No Espírito Santo, entre os meses de janeiro e agosto deste ano, 335 transplantes foram realizados. Atualmente, a fila tem mais de 1,2 mil pessoas aguardando por um órgão. Há quatro meses, Adenilson Márquez ganhou a oportunidade de recomeçar e, a cada novo instante de vida que experimenta, sente mais necessidade de agradecer. "Tenho vontade de fazer novos planos para minha vida. Estava muito estático, e hoje, posso ver minha família com mais ânimo", afirmou.

Adenilson é transplantado, tendo recebido um fígado em maio após um ano na fila de espera pela doação. Desde 2016 ele tratava um problema de saúde que acabou evoluindo para uma cirrose. A doença comprometeu totalmente o funcionamento do órgão. "Quando eu precisei de um órgão, vi a necessidade de se doar e salvar vidas".

Na tarde da quarta-feira (25), foi acompanhado do filho ao hospital em Cariacica onde esteve internado por 45 dias, antes de passar pelo procedimento cirúrgico. Hoje, a disposição de Adenilson é tanta, que fica até difícil acompanhá-lo. "Papai coloca a gente no 'chinelo' agora, né? Como ele disse, sentia um cansaço muito grande e ficava estagnado. Agora, está com o fígado mais novo que o meu (risos)", conta o filho de Adenilson, Lenilson Márquez.

Mais da metade dos transplantes feitos em 2019 no Espírito Santo foram de córneas, precisamente 170. Na sequência, vem o rim com 70 transplantes. Esse é o órgão que concentra a maior demanda no estado. Hoje, 952 capixabas dependem de uma doação para continuarem vivendo. Doenças como diabetes e hipertensão sem o controle adequado podem levar o paciente a precisar de um transplante.

"Hoje a gente tem o transplante renal, maior parte hoje por conta da manutenção desses pacientes. Alguns ficam anos na fila esperando e infelizmente não conseguimos zerar, o que seria nosso desejo", disse o médico Marcus Leitão.

O subsecretário de saúde do Estado, Tadeu Marino, também marcou presença no encontro de transplantados e contou um pouco da própria experiência. Em 1982, o médico descobriu uma doença congênita que afetava os rins. Por 28 anos, usou medicação contínua para tratar o quadro, mas, em 2010, precisou recorrer a hemodiálise. Mesmo assim, a função renal foi perdida.

"A esperança sempre é de acreditar o que o dia ia chegar. Isso aconteceu em 2014, quando recebi a notícia de que faria o transplante. Uma família maravilhosa fez um ato de doação, de amor", revelou.

Um hospital particular em Cariacica é o maior transplantador de órgãos do estado, com 1.147 procedimentos já realizados. De acordo com dados da Central de Transplantes do Espírito Santo, a recusa familiar é o principal obstáculo enfrentado. Nos oito primeiros meses de 2019, de um total de 86 famílias de pacientes doadores em potencial entrevistadas, 47 recusaram a doação.

Para a Gislaine Biazatti, que é doadora de órgãos e cirurgiã vascular, a principal forma de concluir o desafio de diminuir as filas de espera por órgãos é uma só: a informação.

"Muitas vezes a gente não consegue esses órgãos por conta da família, porque não tinha um desejo do paciente dito, registrado. Então, quanto mais a gente deixar isso registrado, da importância de ser um doador, milhões de vida vão ser salvas".

Com informações da repórter Renata Zacaroni, da TV Vitória/ Record TV!