Saúde

Procura por vacinas essenciais no ES está em queda há 5 anos

Para conter o ressurgimento de doenças já erradicadas, os Estados, junto com o Ministério da Saúde, estão elaborando uma campanha para colocar em dia os cartões de vacinação do público de 0 a 15 anos

Bianca Santana Vailant

Redação Folha Vitória
Foto: reprodução/pixabay

Vacinas já conhecidas - e muito importantes - têm ficado em segundo plano na rotina do capixaba. A tendência, que já vem sendo observada há alguns anos - de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, desde 2016 - ficou ainda mais evidente durante o período de pandemia. 

A coordenadora do Programa Estadual de Imunizações, Danielle Grillo, alerta para o risco de surtos de doenças já controladas. 

"Houve uma queda nos números da cobertura vacinal nos últimos cinco anos em todo o país, não é diferente no Espírito Santo. Nós entendemos que os fatores que contribuem para essa queda vão desde informações falsas sobre vacinas até problemas com acesso, já que tivemos dificuldade de abastacimento em alguns lugares do país", afirmou. 

Ainda segundo a especialista, as campanhas de vacinação têm como objetivo a diminuição da incidência das doenças imunopreveníveis, além de contribuir para o controle, eliminação e/ou erradicação de várias doenças.

"Gostaríamos que a população entendesse que as vacinas são gratuitas e estão disponíveis. As pessoas precisam entender que é necessário se vacinar para que as doenças não voltem, como aconteceu com o sarampo. Não é só porque estou vivendo uma epidemia, pandemia ou surto que eu devo procurar a vacina. Vacina não é tratamento, é prevenção primária. É importante que você, saudável, tome a vacina para ensinar o organismo a combater o problema", reforçou.  

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Pandemia agrava a queda da cobertura vacinal no ES

Os dados da cobertura vacinal no Estado deixam evidente essa redução na procura pelos imunizantes. Veja no gráfico abaixo os percentuais de cobertura das vacinas que são essenciais para as crianças e que, em muitos casos, garantem proteção até a fase adulta.

De acordo com Danielle Grillo, o dado de 2021 deve ser analisado com cautela por ser um dado parcial, ou seja, os dados ainda estão sendo alimentados. Mas, apesar desse fato, é possível perceber uma queda expressiva dos índices a partir do início da pandemia.  

"Nos últimos 2 anos, verificamos uma queda ainda maior. E a pandemia contribuiu para que a cobertura de rotina caísse. O distanciamento social, por exemplo, fez com que a população não buscasse a vacinação como nos anos anteriores, a demanda diminuiu muito", explicou a coordenadora. 

Vacinação entre adolescentes também foi prejudicada

Além da baixa procura nas unidades de saúde - muitas vezes motivada pela necessidade de distanciamento social - algumas campanhas de vacinação realizadas pelo Governo do Estado foram prejudicadas. 

"A vacinação do público adolescente caiu consideravelmente. Nós sempre fazemos as campanhas nas escolas, mas as escolas não funcionaram nos últimos anos. Então não foi possível realizar as campanhas", disse. 

Baixo índice de vacinação coloca Espírito Santo em risco para novas epidemias

A coordenadora do Programa Estadual de Imunizações, Danielle Grillo, explicou que estar abaixo dos índices ideais de cobertura vacinal - que varia de 90% a 95% - coloca o Estado em risco, uma vez que doenças já controladas podem voltar a aparecer e provocar novos surtos e epidemias.

"Estamos em situação de risco, porque essas doenças têm potencial epidêmico. Podemos ter a reintrodução de doenças. Quando a gente analisa o cenário nacional, o que mais preocupa é o sarampo. Ele foi reintroduzido em 2018 e continuam aparecendo casos em alguns Estados. Nós tivemos 4 casos importados em 2019, mas sem registros de casos nos últimos anos", disse.

Além do sarampo, outras doenças preocupam. "A difteria, a meningite, a coqueluche, são doenças que se a gente não mantiver uma alta cobertura vacinal, podemos ter um surto a qualquer momento", afirmou Danielle.

Campanha multivacinação para aumentar cobertura vacinal no Estado

Para conter o ressurgimento de doenças já erradicadas, os Estados, junto com o Ministério da Saúde, estão elaborando uma campanha para colocar em dia os cartões de vacinação do público de 0 a 15 anos. 

"Estamos em uma pandemia, não podemos deixar de focar na covid-19. Mas para o mês de outubro está prevista uma campanha de multivacinação para crianças e adolescentes, onde todas as vacinas do calendário serão ofertadas. Estamos em fase de ajustes de datas com o Ministério da Saúde", finaliza.

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