Saúde

Saiba como atividade física pode ajudar a prevenir o câncer de mama

Sedentarismo na pandemia contribuiu para o aumento da gordura corporal e do estresse, diminuição da massa muscular e aumento do desenvolvimento de doenças crônicas, entre elas o câncer de mama

Bianca Santana Vailant

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação

A pandemia trouxe diversos prejuízos à saúde. Por causa das restrições impostas pelo novo coronavírus, muitas mulheres interromperam a prática de exercícios regulares, o que contribuiu para o aumento de incidência do câncer de mama. 

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama é segundo que mais acomete as brasileiras. No mundo, em 2020, foram aproximadamente 2,3 milhões de casos novos estimados que representa 24,5% dos casos novos por câncer em mulheres. 

Em 2021, segundo o INCA, estima-se que ocorrerão 66.280 casos novos da doença, o que equivale a uma taxa de incidência de 43,74 casos por 100.000 mulheres.

Segundo Pedro Fortes Jr, Consultor Técnico da Associação das Academias de Ginástica do Espírito Santo (Acages), a falta de atividades físicas contribuiu para o aumento da gordura corporal e do estresse, diminuição da massa muscular e aumento do desenvolvimento de várias doenças crônicas, entre elas o câncer de mama.

“O exercício tem cada vez mais relevância na saúde pública, como uma ferramenta de relativo baixo custo e como um importante auxiliar para a prevenção e tratamento oncológico”, disse. 

Entenda o papel da atividade física no combate ao câncer de mama

A prática regular melhora a composição corporal e libera substâncias como lipoproteínas e hormônios, que são reguladores do metabolismo e do sistema imunológico. 

Essas substâncias atuarão também de forma anti-inflamatória, podendo ter um efeito no metabolismo tumoral que se apresenta extremamente acelerado nas células cancerosas, explica Pedro.

Ainda segundo o especialista, que também é profissional de educação física e mestrando no Laboratório de Câncer no Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), os estudos demonstram que mulheres ativas tendem a ter duas a três vezes menos chances de desenvolver o câncer de mama se comparadas a mulheres inativas ou com pouco movimento.

De acordo com a oncologista Layla Gaze Nunes, não apenas o câncer de mama pode ser evitado com a prática regular de exercícios. 

“A atividade física promove o equilíbrio dos níveis de hormônios, reduz o tempo de trânsito gastrointestinal, fortalece as defesas do corpo e ajuda a manter o peso corporal adequado. Com isso, contribui para prevenir o câncer de intestino (cólon), endométrio (corpo do útero) e mama”, disse. 

Uma revisão publicada pelo American College of Sports Medicine (ACSM), analisou centenas de estudos epidemiológicos sobre a relação entre atividade física e diferentes tipos de câncer, e concluiu que praticantes de exercícios chegam a ter uma probabilidade 20% menor de desenvolver diversos cânceres, entre eles o de mama.

“A quantidade de movimentos que você faz diário e os exercícios físicos tendem a ser um fator protetor do organismo contra o desenvolvimento de doenças crônicas, como o próprio câncer”, esclarece.

Qual a frequência ideal de exercícios?

O Colégio Americano de Medicina do Esporte recomenda o tempo mínimo de 150 minutos por semana de exercícios aeróbicos e mais de duas a três vezes por semana de musculação, com peso, como ferramenta não farmacológica do câncer, diz Pedro.

Atividade física melhora a resposta ao tratamento de câncer

Além de contribuir na prevenção ao câncer de mama, a atividade física é recomendada para as mulheres que estão em tratamento. Pedro Fortes Júnior explica que os exercícios serão definidos a partir de uma série de fatores que devem ser considerados, como:

- tipo e estágio do tumor;

- nível de fragilidade da paciente;

- histórico de atividade física;

- idade.

Os estudos apontam que com o exercício a resposta ao tratamento se torna melhor e mais rápida, além possivelmente, contribuir para redução da quantidade de doses de medicamentos, inibir a perda de massa muscular e dar suporte psicológico.

Pedro destaca, também, a influência na parte neurológica, já que os hormônios liberados no organismo durante a atividade ultrapassam a barreira do cérebro promovendo bem-estar, diminuição da fadiga crônica e dores.


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