Saúde

Médicos não especializados levam pacientes a óbito durante procedimentos

Especialistas alertam sobre a importância do paciente certificar o registro médico do profissional que o prestará atendimento

Andressa Balbi , Larissa Agnez

Redação Folha Vitória
Foto: Pixabay
Cirurgias plásticas devem ser realizadas em clínicas especializadas ou hospitais com recursos e profissionais capacitados. 

O exercício de trabalhadores não especializados especificamente na área em que atuam e os últimos registros de procedimentos que geraram complicações, ou que levaram o paciente a óbito, têm deixado em alerta os profissionais da saúde do Espirito Santo. 

Um dos casos que ganhou repercussão nacional foi o da bancária Lilian Calixto, de 46 anos, que teria falecido logo após ter sido submetida a um procedimento estético, no Rio de Janeiro. Na ocasião, o profissional acusado foi o médico César Barros Furtado, de 45 anos, também conhecido como o "Doutor do Bumbum", e que tinha diploma de médico, mas não poderia trabalhar como cirurgião plástico por não ser um especialista na área. 

Recentemente outro caso chamou atenção e reforçou a importância dos cuidados na hora de buscar profissionais para uma avaliação médica. A microempresária Fernanda Assis morreu após dar entrada no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, também na zona oeste do Rio de Janeiro.

Para o médico capixaba e neurologista infantil Thiago Barbosa Gusmão, condutas equivocadas e procedimentos não padronizados podem colocar em risco a vida de um paciente. 

"O ideal é que todo paciente tenha certeza que o profissional escolhido está apto e com o registro em situação regular no Conselho Regional de Medicina (CRM ). É preciso verificar se o médico tem o Registro de Qualificação de Especialista (RQE ), para que isso torne o procedimento mais seguro e eficaz", disse.

Já o especialista em clínica médica, doutor Carlos Magno Pretti Dalapicola, acredita que o problema tem elevado os acidentes dentro de clínicas clandestinas, por estarem relacionados ao preço mais em conta, em que o mercado proporciona aos pacientes que buscam por mudanças estéticas. 

"Para que se evite registros como esses, devemos imaginar que um médico especializado em uma determinada área  é aquele que tem técnicas para atuar dentro de um setor. Os peritos, por exemplo, estão aptos para aquela avaliação diante de uma ocorrência. E o mesmo ocorre com médicos", afirma.

Carlos Magno alerta para os cuidados no caso dos procedimentos estéticos, ou até mesmo de uma cirurgia plástica, que envolvam fatores invasivos. Segundo ele, um local inapropriado, um material inadequado, pode gerar problemas críticos como os casos que terminaram em mortes no Rio de Janeiro.

 "A possibilidde de algo dá errado na mão de um médico que tem as técnicas em uma determina área é bem menor do que aquele não que não possui uma especialização", alerta.
Foto: Pixabay

O médico membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBPC), Adriano Batistuta, explica que não é todo mundo que pode realizar uma cirurgia plástica ou fazer procedimentos estéticos. " O histórico relacionado à saúde do paciente é um  fator que deve ser sempre levado em consideração. Hipertensão arterial, diabetes e trombofilia familiar não são impeditivos se estiverem comprovadamente controlados. Pacientes submetidos a cirurgias bariátricas devem estar nutricionalmente equilibrados para, então, poderem se submeter a uma cirurgia plástica”. 

O médico também destaca que fumantes podem ter problemas relacionados à cicatrização, pois o uso crônico de cigarros afeta a cicatrização e predispõe à necrose tecidual, especialmente em cirurgias com grandes retalhos, como abdominoplastias e ritidoplastias, que é a cirurgia para atenuar sinais visíveis de envelhecimento no rosto e no pescoço. 

Adriano ressalta ainda que é muito importante sempre procurar médicos cirurgiões certificados pela SBCP, para que o procedimento seja realizado com o máximo de segurança, tendo em vista bons resultados.


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