Saúde

Gripe ou covid? Entenda os sintomas e saiba o que fazer

Especialistas alertam que sintomas são muito parecidos e que a orientação é fazer a testagem para identificar qual vírus está no organismo da pessoa

Foto: Ministério da Saúde

A epidemia de gripe que atinge o Espírito Santo e outros estados brasileiros, em meio à pandemia da covid-19, tem gerado muita dúvida na população a respeito dos sintomas que as duas doenças respiratórias provocam.

A pneumologista Jéssica Polese explica que os sintomas de ambas são muito parecidos e podem variar de casos muito leves, como tosse, coriza, dor de garganta e febre baixa, até situações mais graves, com a ocorrência de síndrome respiratória aguda grave.

Segundo a especialista, os casos de Influenza que evoluem para sintomas mais graves são observados principalmente em idosos, crianças, gestante e quem já possui uma doença no pulmão — os pneumopatas.

Já a covid-19 afeta principalmente pessoas com obesidade, diabetes e hipertensão, além dos idosos.

Jéssica Polese destaca que a orientação para quem começa a apresentar sintomas gripais é fazer o teste, para verificar qual é o vírus causador do problema. Caso os sintomas sejam mais graves, é importante procurar os serviços de urgência e emergência.

"Sintomas leves podem ser covid, Influenza ou só um resfriado comum. Se tiver como, faça o teste. Se os sintomas forem mais graves, como febre alta, e for paciente de risco, é importante procurar o pronto-socorro", frisou.

Nos últimos dias, por conta do aumento do número de casos de gripe, as unidades de pronto atendimento da Grande Vitória têm ficado lotadas.

Para tentar diminuir a sobrecarga do sistema público, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) pediu à população que evite procurar as unidades em caso de sintomas leves.

A coordenadora do Programa Estadual de Imunizações e Vigilância das Doenças Imunopreveníveis, Danielle Grillo, destaca que, caso a pessoa comece a apresentar falta de ar, associado aos sintomas gripais, a orientação é procurar imediatamente um serviço de emergência. "Mas se forem sintomas leves, a unidade básica de saúde pode atender e orientar", orientou.

Quanto aos cuidados para se evitar a propagação do vírus da gripe, a orientação é a mesma em relação à covid-19: uso de máscaras, higienização das mãos e distanciamento, além da vacina.

"O vírus da Influenza pega mais no contato físico, então é preciso ter muito cuidado com o álcool e lavagem das mãos", frisou Jéssica Polese.

Vacinação é fundamental

A pneumologista ressalta ainda a importância de se vacinar tanto contra a covid-19 quanto contra a Influenza. Segundo ela, quem está imunizado geralmente apresenta sintomas leves.

"A gente precisa impedir a circulação dos vírus, o que só é possível com a vacina. É muito simples: se uma pessoa chega aqui com Influenza e encontra todos vacinados, bloqueia a transmissão".

A suspeita é de que uma variante do vírus da gripe, chamada de H3N2, pode ser a responsável pela disparada de casos da doença no Espírito Santo e nos demais estados brasileiros que apresentaram elevação do número de casos.

De acordo com o epidemiologista Daniel Gomes, as vacinas contra a Influenza são atualizadas anualmente, justamente para cobrir as principais variantes que surgirem desse vírus.

"Todo ano há uma reformulação dos componentes dela, utilizando aquelas variantes da Influenza que estão circulantes naquele ano. Então, nesse sentido, todo ano ela muda para tentar cobrir aquele vírus predominante do ano", explica. "Esse vírus circulante do momento tem alguns componentes que não estavam presentes na campanha anterior de vacinação", completou.

Mesmo assim, Danielle Grillo destaca que a atual vacina contra a gripe oferecida pela Sesa é capaz de oferecer alguma proteção à população contra essa nova cepa.

"Alguma proteção a vacina sempre traz. Mesmo que ela não cubra totalmente essa mutação H3N2, é muito importante que as pessoas busquem a vacina e continuem se protegendo com máscaras e os cuidados".

Segundo a coordenadora, atualmente o Espírito Santo tem em estoque cerca de 560 mil doses de vacina contra a Influenza. 

"Nesse momento, estamos liberando para vacinação de todas as pessoas a partir de 6 meses que não vacinaram esse ano. Mas temos que lembrar que essa vacina protege contra Influenza A H1N1, Influenza A H3N2 e Influenza B, e nem todos eles passarão por alteração", destacou Danielle Grillo, que informou também que a campanha de vacinação contra a gripe de 2022 será reformulada para as cepas atualizadas.

Sobre a nova variante da Influenza, o epidemiologista afirma que ela não necessariamente é mais agressiva que as outras variações do vírus.

"Dizer que o vírus é mais perigoso, eu não acho que seja o termo correto. Quer dizer que as vacinas das campanhas anteriores não estimulam o sistema imunológico para se proteger da melhor maneira contra esse vírus, e ele vai causar a gripe. Não que ele seja mais poderoso, ele só é um organismo diferente".

Já Jéssica Polese destaca a baixa cobertura vacinal contra a gripe como fator fundamental para o aumento repentino de casos.

"A H3N2 está coberta pela vacina. O problema é a cobertura vacinal. Todo ano a vacinação está sendo aberta para o público em geral porque está sobrando vacina. O público prioritário não está se vacinando. Nossa cobertura vacinal não está ruim para covid, mas para outras vacinas vem caindo", frisou.

Segundo Danielle Grillo, a cobertura vacinal geral da população capixaba contra a Influenza é de 78%. No entanto, para o público de maior risco, que são os idosos, essa cobertura é ainda mais baixa: 75%, sendo que o ideal seria 90%.

"Estamos vacinando contra covid, avançamos bastante, mas é importante que as pessoas completem a vacinação. Como tivemos duas campanhas de vacinação, muitas pessoas que eram grupo prioritário priorizaram covid e não se vacinaram contra influenza", frisou a coordenadora.

"A vacina é a melhor alternativa de prevenção para qualquer doença, inclusive a Influenza. Mesmo ela sendo uma doença sazonal e uma doença na qual a gente tem uma reformulação das vacinas, é necessário que o indivíduo se vacine, iniciando nos grupos prioritários e depois ampliando para o restante da população", finalizou Daniel Gomes.

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