A saúde das crianças é uma das maiores preocupações de pais e responsáveis desde o nascimento. Por isso, é essencial monitorar constantemente diversos fatores para prevenir doenças que afetam os pequenos, entre elas, a obesidade infantil.
Dia 3 de junho é o Dia da Conscientização sobre a Obesidade Infantil que, no Brasil, atinge dados preocupantes. Dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) 2023, do Ministério da Saúde, apontam que 14,2% das crianças com menos de cinco anos e 33% dos adolescentes têm excesso de peso ou obesidade.
Mas quando uma em cada sete crianças brasileiras recebe este diagnóstico, como os pais podem evitar que o mesmo cenário se repita em casa?
Fatores que levam à obesidade infantil
Segundo João Antônio Fernandes, médico endocrinologista da Unimed Sul Capixaba, a obesidade infantil é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, capaz de comprometer a saúde da criança.
“O diagnóstico é feito com base no Índice de Massa Corporal (IMC) ajustado para idade e sexo. Quando o valor está acima do percentil 97, considera-se obesidade, sendo necessário acompanhamento”, explicou.
Ele ainda destaca que diversos fatores podem levar ao diagnóstico. São eles:
- Alimentação inadequada, especialmente com consumo excessivo de alimentos ultra processados e bebidas açucaradas;
- Sedentarismo;
- Predisposição genética;
- Desequilíbrios hormonais;
- Aspectos emocionais, como ansiedade e compulsão alimentar;
- Ambientes que favorecem hábitos não saudáveis.
A obesidade pode estar relacionada a outras doenças e ao emocional
O especialista pontua que a obesidade infantil pode desencadear ou estar ligada a diversas outras condições de saúde, além de prejudicar o desenvolvimento físico e emocional da criança.
A obesidade pode desencadear doenças como diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares, alterações ortopédicas e problemas respiratórios, como apneia do sono.
O emocional também tem um papel importante, estando diretamente ligados ao comportamento alimentar.
“Crianças que enfrentam situações de estresse, ansiedade, baixa autoestima ou depressão podem desenvolver uma relação disfuncional com a comida, utilizando-a como forma de conforto”, afirma o endocrinologista.
Além disso, ele lembra que a própria obesidade pode agravar o quadro emocional da criança. “O próprio excesso de peso pode causar exclusão social e bullying.”
Atitudes de prevenção
Para evitar um futuro diagnóstico, é importante que os pais promovam hábitos saudáveis desde cedo. Segundo o endocrinologista, o papel da família é essencial na prevenção da obesidade.
“A prevenção começa cedo, com aleitamento materno exclusivo até os seis meses e introdução alimentar saudável. Consultas regulares com pediatras e nutricionistas também ajudam a identificar riscos precocemente”, destaca.
Ele também destaca algumas outras atitudes que podem ser tomadas pelos pais, como:
- Oferecer refeições equilibradas;
- Evitar produtos ultra processados;
- Estabelecer horários regulares para comer;
- Incentivar a prática de atividades físicas;
- Dar o exemplo em casa.
Caminhos para o tratamento
O tratamento para a obesidade é multidisciplinar e envolve acompanhamento clínico, prática orientada de atividades físicas, apoio psicológico quando necessário e a reeducação alimentar da criança e da família.
João Antônio Fernandes ainda destaca que a abordagem é individualizada e que é essencial levar em consideração todos os aspectos em torno da vida da criança.
“A abordagem precisa ser individualizada, com foco no desenvolvimento de hábitos sustentáveis a longo prazo, e sempre com o envolvimento da rede de apoio familiar”.