
O recente anúncio de gravidez da médica e ex-BBB Laís Calda, que utilizava anticoncepcional e Mounjaro, fez com que muitas pessoas ficassem preocupadas com a eficácia dos métodos contraceptivos.
Em suas redes sociais, Laís contou que tomava anticoncepcional oral corretamente há algum tempo e que decidiu fazer o protocolo com a tirzepatida para emagrecer até o casamento. Com o caso, muitas internautas disseram ter medo de uma gravidez inesperada e do fenômeno apelidado de “bebê mounjaro”.
Mas será que o Mounjaro reduz a eficácia de outros contraceptivos? Saiba o que dizem os especialistas:
Mounjaro e os remédios orais
O Mounjaro atua no organismo retardando o esvaziamento gástrico, o que significa que os medicamentos ingeridos via oral passam mais tempo no estômago antes de serem absorvidos pelo intestino. Isso compromete a eficácia da pílula, como aconteceu no caso de Laís.
Segundo a médica endocrinologista Camila Pitanga Salim, o mecanismo não tem relação direta com a droga e sim pela sua ação na motilidade gastrointestinal. Além disso, há momentos em que o risco é maior.
O risco é maior no início do tratamento, na fase de escalonamento de doses e a cada mudança de dose.
Dra. Camila Pitanga Salim, médica endocrinologista e pesquisadora do Centro de Pesquisa Clínica e Diagnóstico do Espírito Santo (CEDOES)
A médica orienta que, nesses períodos, a estratégia de proteção deve ser alterada. “A orientação é associar um segundo método contraceptivo, como os de barreira (preservativos), durante o início do tratamento e toda a fase de escalonamento de dose. Essa orientação deve ser seguida até que a paciente esteja em uma dose estável por pelo menos 4 semanas ou trocar o método contraceptivo”, afirma.
DIU, implante hormonal e anel vaginal são afetados?
Para quem faz o uso de outros métodos contraceptivos, como DIU, implante hormonal e anel vaginal, podem ficar tranquilas. O endocrinologista Mário Zen explica que, como estes métodos não passam pelo sistema digestivo, eles não tem a eficácia afetada.
“O problema não é o remédio atuando com outro remédio e sim o esvaziamento gástrico”, explica. “Se você tem um remédio que independe do estômago, não há nenhuma evidência de que o Mounjaro ou qualquer análogo atrapalhem a ação desses anticoncepcionais.”
É preciso trocar o método contraceptivo?
Segundo o endocrinologista Mário Zen, a orientação oficial para quem faz uso dos métodos contraceptivos e dos protocolos para emagrecimento depende do medicamento utilizado.
Os contraceptivos orais podem ser usados normalmente durante o protocolo com semaglutida, como Ozempic e Wegovy. Diferente das pessoas que fazem uso da tirzepatida, que se refere ao Mounjaro.
Riscos desconhecidos na gestação
O alerta médico final vai para a segurança da mãe e do bebê, já que a ciência ainda não tem todas as respostas sobre o impacto da droga no feto. “Não existem estudos conclusivos do Mounjaro durante a gravidez, então os riscos ainda são imprevisíveis e desconhecidos tanto para o bebê como para a gestação em si”, finaliza a Dra. Camila Pitanga Salim.