
As duas alas do Hospital Santa Rita, fechadas após o surto de infecção, foram reabertas na última semana. Segundo a instituição de saúde, a ala E, epicentro da contaminação, e um centro cirúrgico ao lado estão livres do fungo Histoplasma capsulatum, causador do surto.
De acordo com o hospital, uma empresa especializada foi contratada para a desinfecção dos locais e a decisão foi tomada após o recebimento dos resultados de laudo técnico.
O hospital contratou uma empresa especializada em engenharia ambiental para a realização de análises de última geração de amostras do ar e superfícies desses setores, que foram identificados como a origem dos casos de infecções respiratórias. Nas amostras coletadas, não foi encontrado material genético do fungo. Portanto, a consultoria especializada confirmou a segurança das áreas para a retomada das atividades.
Hospital Santa Rita, em nota
O hospital ainda afirmou que a decisão de fechar as alas ocorreu por iniciativa preventiva e responsável da instituição e que não houve interdição por parte da Vigilância Sanitária.
“Durante esse período, o hospital realizou uma série de medidas técnicas e estruturais com o objetivo de garantir a máxima segurança para pacientes, colaboradores e profissionais médicos”, completou, em nota.
O hospital reforça que o local é seguro para os trabalhadores, pacientes e acompanhantes que frequentam o local.
Surto de histoplasmose
Os primeiros casos do surto foram registrados no final de setembro, entre funcionários, e inicialmente identificados como “alterações radiológicas sugestivas de pneumonia”. Posteriormente, pacientes e acompanhantes que frequentavam a ala E também apresentaram os sintomas.
No dia 10 de novembro, após investigação conjunta entre o Hospital, a Secretária de Estado da Saúde (Sesa), o Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen) e a Vigilância em Saúde, com apoio da Fiocruz, foram identificados os casos de histoplasmose.
A histoplasmose é causada pelo fungo Histoplasma capsulatum, muito comum em fezes de morcegos e pombos. A infecção acontece, normalmente, quando há a inalação dos esporos do fungo.
Além do fungo, as análises também identificaram a presença da bactéria Burkholderia cepacia em duas técnicas de enfermagem, justamente os casos mais graves da investigação.
“O fungo foi o agente causador do surto. A bactéria esteve presente em dois casos pontuais, e uma das pacientes chegou a ter coinfecção, ou seja, os dois patógenos ao mesmo tempo”, explicou o diretor do Lacen, Rodrigo Rodrigues.
Obras e poeira podem ter contribuído para surto
Apesar da identificação do agente causador, a forma como ocorreu a contaminação ainda não foi confirmada.
Na época, os técnicos do Lacen e da Vigilância Sanitária chegaram a apontar que obras em andamento no hospital, somadas a fatores ambientais como poeira e sistema de ar-condicionado, podem ter favorecido a dispersão dos esporos do fungo.
No entanto, segundo Rodrigues, a origem exata ainda não havia sido confirmada. “Há obras no local e pode ter relação com movimentação de poeira ou ventilação, mas ainda não é possível afirmar com certeza”, disse.
Situação atual
Mesmo após a identificação dos casos e da presença dos fungos, os testes continuaram. Segundo a Sesa, o objetivo era quantificar o número total de infectados.
Segundo o último boletim epidemiológico, divulgado pela Sesa na sexta-feira (21), 106 casos são considerados suspeitos, 44 foram confirmados e 156 descartados.
Confira o quadro de pacientes:
- Casos confirmados em funcionários: 31
Casos confirmados em pacientes: 8
Casos confirmados em acompanhantes: 5 - Internações em UTI: 2
Internações em enfermaria: 0
Funcionários internados: 0
Pacientes internados: 2
Acompanhantes internados: 0