Durante muito tempo, o açúcar foi visto como o grande vilão dos dentes — e com razão. Desde cedo, aprendemos que doces em excesso contribuem para o aparecimento de cáries, e que “comer bala e não escovar os dentes” é receita certa para dor e tratamentos odontológicos evitáveis. Mas hoje, sabemos que o problema é ainda maior.
O açúcar em excesso não afeta apenas os dentes — ele pode trazer consequências graves para o corpo inteiro.
Impactos do açúcar na saúde
É verdade: o açúcar contribui, sim, para o surgimento das chamadas lesões cariosas. Isso porque ele é metabolizado e fermentado pelas bactérias que vivem naturalmente na boca, aumentando a produção de ácidos que atacam o esmalte dental. Mas reduzir o açúcar não é mais apenas uma “recomendação de dentista” — é uma questão de saúde pública.
O consumo exagerado de açúcar está diretamente ligado ao aumento de casos de diabetes tipo 2, uma condição que, além de impactar o organismo como um todo, tem efeitos importantes sobre a saúde bucal.
Pessoas com diabetes mal controlado têm maior risco de desenvolver doença periodontal — uma inflamação nas gengivas que pode evoluir para perda óssea e, consequentemente, perda dos dentes.
Mas não para por aí. Quando as gengivas sangram com frequência, abrem-se “portas” invisíveis na nossa boca por onde bactérias perigosas podem entrar na corrente sanguínea. Esse processo pode contribuir para o desenvolvimento de outras doenças inflamatórias no corpo, como doenças cardiovasculares, problemas renais e até complicações em gestantes.
Açúcar pode estar relacionado ao câncer?
Mais recentemente, estudos vêm mostrando que o consumo crônico e excessivo de açúcar também pode estar relacionado a diversos tipos de câncer, demências, alterações metabólicas e até à aceleração do envelhecimento celular.
Ou seja, não é só o sorriso que sofre — é o corpo todo.
LEIA TAMBÉM | Dentes se movem ao longo da vida: entenda o motivo
O açúcar não é um inimigo, mas é preciso ter cuidado
Claro, o açúcar em si não precisa ser tratado como um inimigo absoluto.
Mas ele deve ser consumido com muito mais consciência. Evitar refrigerantes, sucos industrializados, bolachas recheadas, guloseimas e alimentos ultraprocessados já é um grande passo. E mais do que isso: educar o paladar desde a infância para preferir alimentos naturais e menos doces é um presente para toda a vida.
Em resumo: cuidar da alimentação é cuidar da boca, do coração, do cérebro e do futuro. Reduzir o açúcar não é uma moda, nem exagero — é uma atitude inteligente de quem quer viver bem, com saúde, por muito mais tempo.