Uma pesquisa conduzida pela Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, revelou que sentimentos positivos — como alegria, entusiasmo e esperança — desempenham um papel importante na preservação da memória ao longo do processo de envelhecimento.
O estudo acompanhou 991 adultos de meia-idade e idosos, em três etapas diferentes: de 1995 a 1996, 2004 a 2006 e 2013 a 2014. Os resultados mostraram que, apesar da tendência natural de declínio da memória com o avanço da idade, aqueles que mantinham níveis mais elevados de afeto positivo experimentaram uma queda significativamente menor nas funções cognitivas ao longo de quase uma década.
Essa descoberta reforça algo que a prática clínica já revela todos os dias: o cuidado com o idoso precisa ser integral — envolvendo corpo, mente e afeto. Cuidar da saúde não se resume a tratar doenças. É preciso considerar o que o idoso sente, pensa e vive em seus vínculos sociais. Emoções positivas, como o otimismo e o sentimento de pertencimento, fortalecem a imunidade, protegem a memória e aumentam a disposição para a vida.
Tristeza persistente é um sinal de alerta
Sentimentos como tristeza persistente, isolamento e desvalorização não devem ser encarados como ‘parte natural da velhice’. Pelo contrário: são sinais de alerta que pedem acolhimento e intervenção.
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Um idoso que se sente amado e incluído tem mais vontade de viver, mais abertura para o cuidado e, muitas vezes, menos necessidade de intervenções medicamentosas. O afeto, nesse contexto, é terapêutico.
Hospitais de transição, serviços ambulatoriais e mesmo atendimentos domiciliares precisam abraçar essa visão ampliada do cuidado. A memória, a vitalidade e o bem-estar emocional estão profundamente interligados, e uma abordagem centrada apenas na doença não dá conta da complexidade do envelhecer.
Em resumo: sentimentos positivos não são um luxo da vida saudável, mas parte essencial dela. E quanto mais o sistema de saúde — e as famílias — reconhecerem essa verdade, maiores as chances de proporcionar uma velhice mais ativa, mais lúcida e profundamente mais feliz.